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POR JOÃO SORIMA NETO
Leilões de linha ofertaram US$ 500 milhões ao mercado
Notas de dólar - Andrew Harrer / Bloomberg News/14-4-2015
SÃO PAULO - O dólar comercial fechou em queda frente ao real nesta quinta, um dia depois de a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, ter afirmado que os juros nos EUA podem subir já em dezembro. A divisa americana fechou negociada a R$ 3,776 na venda, com desvalorização de 0,47%. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 3,817 e na mínima caiu a R$ 3,767. Analistas atribuíram o recuo do dólar aos dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) feitos pelo Banco Central.
O “dollar index”, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de dez moedas, apresentou estabilidade com leve alta de 0,07%.
— O dólar abriu o dia em alta, seguindo o mercado internacional, e subindo em relação a todas as moedas de emergentes ligados a commodities. Depois, a moeda perdeu força frente a essas divisas e o real acompanhou. Ainda pela manhã, saíram novos números da economia americana mostrando que a produtividade da mão de obra subiu 1,6%, no terceiro trimestre em relação ao segundo, um dado extremamente positivo. Isso fez o dólar voltar a ganhar força lá fora. Mas por aqui, a moeda seguiu em queda por causa da atuação do BC - avalia Jefferson Luiz Rugik, da corretora Correparti.
Ontem, após o fechamento do mercado financeiro no Brasil, o Banco Central anunciou mais dois leilões de linha no valor de até US$ 500 milhões, além da rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro, com oferta de até 12.120 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Os leilões ocorreram às 15h15m e 15h30m. Depois da operação, o dólar ampliou a queda frente ao real.
— Com o anúncio dos leilões, o BC sinalizou que não se sente confortável com um dólar acima de R$ 3,80. É isso que explica o recuo da moeda, um dia depois de a presidente do Fed sinalizar que os juros podem subir em dezembro nos EUA - avalia Rugik, da Correparti, que observa entretanto que amanhã os investidores estarão atentos aos dados de emprego nos EUA. Uma melhora sinalizará que a economia se recupera com mais força, o que levaria o Fed a elevar os juros ainda este ano.
Foi a segunda vez que o BC fez leilões de linha nesta semana, mesmo após um mês de alguma tranquilidade no câmbio. Rugik observa que não é comum o BC fazer dois leilões de linha tão próximos, o que deixou o mercado com a luz amarela acesa. Além disso, esse tipo de operação costuma acontecer com mais frequência em dezembro, quando há maior saída de dólares.
- Como o mercado de câmbio estava com poucos negócios, a oferta de US$ 500 milhões teve peso - diz Rugik.
Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso, não houve notícia que justificasse a queda no dólar frente ao real.
— Por isso, acredito que a atuação do Banco Central tenha sido determinante para o recuo da divisa frente ao real. Os investidores também estão acompanhando um fluxo positivo de dólares na Bolsa, o que pode ter ajudado nesta queda - afirma Galhardo.
No Brasil, investidores consideraram negativo o adiamento da votação na Câmara dos Deputados do projeto que permite a regularização de capitais brasileiros no exterior, que, se aprovado, pode trazer entradas significativas de recursos ao país.
BOLSA OSCILA, MAS FECHA EM ALTA
Na Bolsa de Valores, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, apresentou instabilidade até o início da tarde, mas fechou com valorização. No encerramento dos negócios, o índice avançou 0,71% aos 48.046 pontos e volume financeiro negociado de R$ 6 bilhões. Para Maurício Justo, da área de renda variável da Queluz Asset Management, o Ibovespa fez uma correção ao recuar 0,71% ontem após o discurso da presidente do Fed sinalizando alta de juros nos EUA até o fim do ano.
- Hoje Ibovespa retomou um pouco do fôlego verificado na terça-feira, quando o índice subiu 4,76%. Mas o mercado ficou mais cauteloso aguardando dados da economia americana nesta sexta - explicou Justo, que avalia entretanto que os dados macroeconômicos ainda não contribuem para uma visão mais otimista de Bolsa.
Na quarta, o Ibovespa caiu pela primeira vez em três dias, sob pressão de Petrobras, que teve maior baixa em três semanas com queda do preço do petróleo. O recuo foi de -0,7%, atingindo 47.710 pontos.
Entre as chamadas ‘blue chips’ do pregão (as ações mais negociadas), os papéis da Petrobras oscilaram bastante durante o dia, mas acabaram fechando com leve alta. As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras subiram 0,10% a R$ 9,90, enquanto os papéis preferenciais (sem direito a voto) ganharam 0,37% a R$ 8,11.
A greve dos trabalhadores da petrolífera afeta a produção da companhia. Segundo nota divulgada pela Petrobras, nesta manhã, na terça-feira, conforme o previsto, houve queda de produção de 178 mil barris de petróleo — o equivalente a 8,5% da produção diária no Brasil.
“As ações implementadas pela Petrobras para mitigar os impactos do movimento grevista permitem estimar que ao final de quarta-feira a produção de petróleo no Brasil teve uma redução de 140 mil barris de petróleo, equivalente a 6,5% da produção diária anterior à greve”, diz a nota.
Para o gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor, Ari Santos, a paralisação tem impacto negativo sobre as ações da companhia na Bovespa, já que a redução na produção impacta o caixa da petrolífera, mas ainda é cedo para saber quais serão os efeitos da greve.
— Não sabemos se a greve vai durar uma semana, um mês, dois meses. Quanto mais tempo o movimento se estender pior será o impacto no caixa da Petrobras — disse o analista.
Um relatório divulgado pela equipe de análise do HSBC estima que um mês de paralisação pode custar até US$ 315 milhões ao caixa da empresa. Segundo a análise do HSBC, a greve impede a diretora da estatal de executar seu plano de desenvestimento para 2016.
Também em relatório, o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, afirma que a greve de trabalhadores da empresa tem um potencial de forte redução na produção, “e consequente queda na receita da companhia, que pode impactar os níveis de alavancagem da estatal”.
As ações da mineradora Vale recuaram 1,63% a R$ 13,86 nesta quinta, com nova queda do preço do minério de ferro na China, enquanto os papéis de banco se valorizaram, ajudando nos ganhos do Ibovespa. as ações preferenciais do Itaú subiram 1,2%.
A maior alta do pregão foi apresentada pelos papéis ordinários da Eletrobras, que subiram 8,91% a R$ 5,99. A Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira (SFF), órgão da Aneel, definiu que pagará uma indenização de R$ 9 bi para sua controlada Furnas. O valor é relativo aos ativos não amortizados ou não depreciados da Rede Básica do Sistema Transmissão Existente (RBSE), existentes no ano 200. A data-base do cálculo é 31 de dezembro de 2012.
A maior baixa foi apresentada pelos papéis preferenciais da Telefônica Brasil com queda de 5,59% a R$ 39,19.
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