quinta-feira, 23 de julho de 2015

ECONOMIA: Em resposta à nova meta fiscal, dólar atinge maior cotação em mais de 12 anos

OGLOBO.COM.BR
POR BRUNO ROSA

Moeda americana começou os negócios a R$ 3,26, mas avançou mais de 2% e chegou a R$ 3,29. Bovespa opera em baixa
- SeongJoon Cho / Bloomberg News

RIO - O dólar vem aumentando o ritmo de alta nesta quinta-feira, com a sinalização de uma piora nas contas do governo. A divisa avança 2,10%, cotada a R$ 3,294. É a maior cotação em mais de doze anos. No dia 10 de janeiro de 2003, nos primeiros dias do primeiro mandato do governo Lula, a moeda fechou a R$ 3,30, de acordo com dados da CMA. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está em queda de 0,42%, aos 50.700 pontos.
Segundo analistas, o mercado está tentando entender os reflexos do ajuste anunciado ontem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo João Medeiros, gerente de câmbio da corretora Pioneer a possibilidade de o novo ajuste permitir déficit primário já neste ano pode levar as agências de classificação de risco a rebaixarem as notas de crédito do país. O projeto de Lei que prevê a redução da meta fiscal será enviada ao Congresso nos próximos dias.
- Isso está criando uma aversão a risco em um momento muito delicado, de preços em alta e desaceleração econômica. Ou seja, o governo pode fechar o ano com um buraco em suas contas. Não se pode ganhar R$ 1 mil e querer gastar R$ 2mil. O que estamos vendo no mercado hoje é uma resposta ao pronunciamento do governo feito ontem - disse Medeiros.
Ontem, com a confirmação de que o governo federal iria reduzir a meta de superávit fiscal, que é a economia feita para o pagamento da dívida, a moeda americana subiu 1,63%, a R$ 3,22, na maior cotação desde o dia 30 de março (R$ 3,232).
Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para América Latina da Fitch, disse que o déficit fiscal vai continuar elevado e os encargos da dívida vão subir ainda mais em 2015. Em nota, ela disse que "a nova meta de superávit primário está abaixo do que a Fitch previu em abril deste ano. Além disso, a trajetória futura do superávit primário e do déficit fiscal terão de ser reavaliados.A trajetória de crescimento, o déficit fiscal e dinâmica da dívida vão continuar influenciado os ratings do Brasil".
Hoje pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) avançou 0,61% na terceira quadrissemana de julho, depois de subir 0,72% na segunda quadrissemana do mês.
Na Ásia, a bolsa de Xangai fechou em alta de 2,43%, em seu sexto avanço seguido. No Japão, a Bolsa de Tóquio subiu 0,44%, assim como a Bolsa de Hong Konh, com alta de 0,46%. Segundo analistas, pesou o fato de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter conseguido conter a rebelião em seu partido, o Syriza, para conquistar a aprovação parlamentar nesta quinta-feira para o segundo pacote de reformas exigidas para o início das conversas sobre o acordo de resgate financeiro com a zona do Euro, que chegou a analisar a hipótese em retirar a Grécia da zona do euro por até cinco anos.
Segundo analistas, ainda há uma expectativa positiva em torno do mercado dos Estados Unidos. A operadora de bolsa de valores Nasdaq divulgou nesta quinta-feira alta no lucro trimestral, com cortes de custos ajudando a compensar os efeitos negativos de mudanças nas taxas de câmbio. O lucro líquido no trimestre passado totalizou US$ 133 milhões de dólares, uma alta em relação aos US$ 101 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. No cenário corporativo, a Dow Chemical teve alta de 28,7% no lucro trimestral com aumento de margens que foram apoiadas em parte por custos mais baixos de matérias-primas para a produção de plásticos.Assim, o ganho chegou a US$ 1,14 bilhão.

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