terça-feira, 23 de julho de 2013

POLÍTICA: Conflito sobre reforma política envolve luta por comando do PT

De OGLOBO.COM.BR
FERNANDA KRAKOVICS E ISABEL BRAGA

Corrente de oposição a Rui Falcão propôs destituição de Vaccarezza
Coordenador do grupo de trabalho que vai discutir a proposta de reforma política, Cândido Vaccarezza (PT-SP), na foto André Coelho / O Globo
BRASÍLIA — A lavagem de roupa suja promovida pelo PT na discussão da reforma política foi amplificada pela disputa à presidência nacional do partido — a eleição será em novembro. O estopim para a desautorização do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), presidente da comissão formada pela Câmara para discutir o assunto, foi sua declaração de que as mudanças só valerão para as eleições de 2018. É uma posição considerada realista, mas que contraria a presidente Dilma Rousseff, que insiste no discurso de um plebiscito sobre reforma política com efeito para as eleições do ano que vem.
Vaccarezza não faz questão de agradar a Dilma, de quem chegou a ser líder do governo na Câmara, mas foi substituído pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). A origem do conflito no PT foi a indicação de Vaccarezza, pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para presidir a comissão da reforma política. O cargo era pleiteado pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), que foi relator durante dois anos de uma proposta de reforma política que não avançou.
Críticas à postura pragmática
Vaccarezza é da mesma corrente do presidente do PT e candidato à reeleição, Rui Falcão: a Novo Rumo, aliada à corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil. Já Fontana é da Mensagem ao Partido, ala de outro candidato à presidência do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP). Na reunião do Diretório Nacional do PT, no sábado, a Mensagem chegou a defender a destituição de Vaccarezza da presidência da comissão, mas foi derrotada por 43 votos a 27.
Entre alguns petistas, a postura de Vaccarezza é tida como excessivamente pragmática, que apenas enxerga os limites do Congresso. O PT comprou a bandeira da reforma política feita com o povo, por meio de um plebiscito, como resposta às mobilizações que tomaram conta do país em junho e também para apoiar a presidente Dilma. Os críticos de Vaccarezza dizem que ele se alinhou, desde o início, com a postura de outros partidos da base, como o PMDB, de descartar o plebiscito.
— Vaccarezza está contaminado pelo arroz com feijão da relação com PMDB, PP e outros. Contenta-se com os limites do Parlamento. Isso compromete sua atuação. Ele já não conseguiu se eleger presidente da Câmara (perdeu para o petista Marco Maia) e acabou sendo tirado da liderança do governo porque os deputados e, talvez a presidente Dilma, tenham enxergado nele esse pragmatismo excessivo. Um deputado do PT costuma comentar: “O Vaccarezza é muito bom companheiro, mas, de três em três meses, a gente tem que correr e tirar ele das ferragens” — avaliou um petista.
Linchado publicamente pelo próprio partido, Vaccarezza não está sozinho. O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), um dos mais próximos do ex-presidente Lula — que patrocinou a indicação de Vaccarezza como coordenador da reforma política —, afirmou que o colega está sendo punido por ter sido sincero:
— O Vaccarezza disse que não vai ter condições de fazer isso (reforma política) para o ano que vem. Não adianta ficar com essa ilusão de que vai ter plebiscito. O que eu quero é uma coisa e o que vai acontecer é outra.
Essa discordância não significa, no entanto, que Dilma e Lula estão em crise. Hoje mesmo, o ex-presidente estará em Brasília e deve ter outro encontro reservados com a presidente.
Depois de ser bombardeado, Vaccarezza afirmou ontem que trabalha para viabilizar a reforma política:
— Não vou bater boca com companheiros do PT pela imprensa, isso é página virada. Minhas energias estarão voltadas para viabilizar a reforma política e, se todos fizessem isso, seria bom para o país. E vou ajudar a coletar assinaturas para o plebiscito, uma coisa não se contrapõe à outra porque o plebiscito não vai tratar de todas as questões. Mas cadê o texto? Na hora em que tiver o texto, vou ajudar.
Na reunião do diretório do PT, no sábado, também não houve consenso em torno de uma resolução sobre conjuntura política, na qual seria expressa a posição do partido sobre os protestos de rua e seu impacto no governo Dilma.

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