segunda-feira, 22 de julho de 2013

ECONOMIA: Para pequeno investidor, só cinco fundos de ações superam CDI

De OGLOBO.COM.BR
Daniel Haidar

Gestores apostaram em pequenas empresas e papéis fora do Ibovespa
Daniel Reichstul e Luiz Guerra (sentados na mesa), gestores da Indie Capital, priorizaram ações do setor de educação - FOTO: Eliaria Andrade
RIO — A queda de mais de 20% do Ibovespa, principal índice da Bolsa, no primeiro semestre afetou a rentabilidade dos fundos de ações. Neste cenário, apenas cinco produtos acessíveis ao pequeno investidor tiveram rendimento superior ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), referência para o mercado de renda fixa, de 3,74% até 12 de julho. Foram considerados fundos para pequeno investidor aqueles com exigência de aplicação inicial de até R$ 30 mil. É uma minoria diante de um universo de 55 fundos em ações que conseguiram superar aplicações conservadoras, segundo levantamento do site comdinheiro.com.br. Em período mais longo, em 36 meses, 206 fundos, de 2.015 pesquisados, ofereceram rendimento superior aos 31,61% do CDI.
Para obter melhor rendimento, estes fundos lançaram mão de uma série de estratégias. Para fundos como Banrisul Ações e Indie Capital I o ganho acima da renda fixa foi puxado principalmente por papéis de empresas voltadas ao mercado doméstico que foram menos afetadas pela desaceleração da economia.
Outro caminho é a escolha de ações que não estão no Ibovespa. Mesmo depois de um 2012 de forte valorização, o setor de educação voltou a se destacar e puxou o desempenho do fundo de varejo da Indie Capital, explicam os gestores Luiz Guerra e Daniel Reischtul, chamando atenção para ações dos grupos Estácio, Kroton e Anhanguera. A escolha foi motivada pelo crescimento do setor com a expansão da linha de crédito estudantil subsidiada pelo governo, o Fies.
— Faz muito sentido investir em Cosan, Braskem, Suzano e empresas de educação porque vemos bastante potencial de valorização, mesmo com o Brasil crescendo um pouco menos — afirma Reichstul.
Fundos de uma única ação
No Banrisul Ações, as apostas foram mais concentradas em companhias de pequeno porte, especialmente na Excelsior Alimentos, que teve o controle transferido da Marfrig para a JBS em junho. Apesar de não ser negociada todos os dias, com média diária de R$ 18 mil em transações, a companhia teve valorização de 132% até 12 de julho. A companhia representou a principal contribuição para o desempenho da Banrisul, mas, como 27% do patrimônio do fundo está aplicado na Excelsior, a saída do investimento precisa ser planejada. Guilherme Ferle, gerente de gestão do Banrisul, ressalta a contribuição de papéis de empresas como livraria Saraiva e Cremer, de materiais hospitalares. Ele teme, no entanto, que a valorização de negócios voltados ao mercado interno esteja perto do limite, o que dificultará ainda mais o garimpo de ações com potencial.
—O movimento de valorização do mercado interno começa a mostrar cansaço. Vamos trabalhar para que o fundo ao menos se mantenha com desempenho acima das alternativas tradicionais de renda fixa — diz Ferle.
Neste grupo seleto de fundos de ações com rendimento superior ao do CDI, dois são voltados somente para ações da Cielo, que subiram 20,08% no período. A empresa de pagamentos eletrônicos ganhou destaque como boa pagadora de dividendos. Embora os riscos fiquem concentrados na Cielo, o gestor também pode reservar as ações adquiridas para aluguel ou aplicar uma parcela bastante reduzida do capital em títulos públicos.
— Cielo é uma das opções mais defensivas da Bolsa. Enquanto Cielo e Redecard dominarem o mercado, provavelmente vai continuar sendo — diz Jorge Ricca, gestor de fundos de ações da BB DTVM.
Mas foram ações de empresas de outros países, listadas na Bolsa como certificados de depósitos de ações (BDRs), que ofereceram a maior rentabilidade no período. Joaquim Levy, diretor da Bradesco Asset Management, destaca que tanto o bom momento do índice americano S&P 500, que subiu 17,81% no período, quanto a valorização do dólar contribuíram para o resultado do Bradesco BDR Nível I.
Mas os principais ganhos ocorreram nos fundos que também podem incluir na carteira papéis alugados para apostar na desvalorização de empresas. Esse tipo de produto costuma ser restrito a investidores qualificados, que comprovem ter R$ 300 mil investidos. Apesar de a valorização de papéis ter contribuído para o desempenho do Credit Suisse Unique Long Bias, apostas na desvalorização de Eletropaulo também ajudaram no desempenho.
— Não é uma visão contra a empresa em si, mas nossa visão foi que o valor estava exagerado — diz o gestor Pedro Sales.
Só que, apesar do desempenho momentâneo desses fundos, especialistas lembram que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Outros aspectos como o risco tomado nas apostas e a persistência do desempenho em períodos mais longos também precisam ser avaliados.
—É inevitável olhar o que o fundo fez para saber como pensa e como age o gestor, mas tem que escolher o produto por quanto será que vai render — destaca Rafael Paschoarelli, professor da USP e responsável pelo site comdinheiro.com.br..

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