De OGLOBO.COM.BR
Leonardo Cazes
Governo quer estreitar laços; no último ano letivo, alunos do país gastaram US$ 257 milhões
RIO - As universidades americanas estão todas de olho nos brasileiros. Além
dos acordos já fechados pelo presidente Obama e pela presidente Dilma Rousseff
acerca do programa “Ciências sem Fronteiras”, instituições dos Estados Unidos
querem parcerias com as brasileiras. Na semana passada, mais de 60 participaram
de uma missão chefiada pelo subsecretário de comércio Francisco Sánchez, que
passou por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Em entrevista ao GLOBO no seu
último dia no país, Sánchez se mostrou muito otimista com o intercâmbio entre os
dois países.
- Estou mais otimista do nunca sobre a importância de Brasil e Estados Unidos
estreitarem laços. E não há melhor maneira de fazer isso do que pela educação.
Creio que haverá vários acordos que não serão fechados pelo Departamento de
Estado, mas entre as próprias universidades. Conversei com diversas instituições
e estão todas muito animadas com as possibilidades. Várias possuem conversas em
diferentes estágios - afirmou Sánchez, que veio ao país pela primeira vez em
1996 para aprender português.
O subsecretário acredita que todas as universidades que desejam ter uma
reputação global buscam estudantes estrangeiros. Mas os Estados Unidos estão de
olho também no potencial consumidor dos brasileiros, conhecidos por serem
grandes compradores nas suas viagens de turismo. Números do próprio governo
americano apontam que os cerca de 8,7 mil estudantes daqui matriculados em
faculdades do país pagaram, no ano letivo de 2010-2011, nada menos do que US$
257 milhões, entre taxas, anuidades e gastos pessoais. No total, os alunos
estrangeiros injetaram US$ 21 bilhões na economia americana no período.
Sánchez, entretanto, nega que esta seja a principal motivação dos Estados
Unidos. Ele aponta o Brasil como um parceiro estratégico devido à sua crescente
importância econômica e seu papel na política internacional. Ele afirma que as
instituições americanas estão satisfeitas com os alunos brasileiros e explica
que o objetivo do presidente Obama é enviar também 100 mil jovens americanos
para países da América Latina. O subsecretário acredita que esta experiência
pode gerar parcerias espontâneas dos dois lados.
- Nossas universidades estão felizes, mas querem mais. Os alunos daqui estão
tendo uma grande experiência nos Estados Unidos. Mas essa é uma via de mão
dupla. O presidente Obama lançou um programa para encorajar 100 mil estudantes a
estudarem nas Américas. A experiência de estudar em outros países é muito
importante. Eu tive essa oportunidade e isso moldou quem eu sou hoje. Passar um
tempo em outro país cria laços, e isso é vital em um mundo cada vez mais
conectado.
Sobre a barreira imposta pelo idioma a muitos brasileiros que querem ir para
o exterior, Sánchez fez questão de dizer que isso não será um problema, pois
várias universidades já oferecem cursos de línguas que podem prepará-los.
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