sexta-feira, 3 de junho de 2011

ECONOMIA: PIB brasileiro cresce 1,3% no primeiro trimestre, sobre os tres últimos meses de 2010



De O GLOBO.COM

Clarice Spitz

RIO - A economia brasileira registrou um crescimento de 1,3% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre de 2010, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em valores correntes no primeiro trimestre de 2011 atingiu R$ 939,6 bilhões. Nos últimos 12 meses encerrados em março, o PIB brasileiro acumula crescimento de 6,2%. Em relação ao primeiro trimestre de 2010, o PIB brasileiro teve alta de 4,2% nos três primeiros meses de 2011.
O desempenho do PIB no primeiro trimestre ficou marcado pela desaceleração do consumo das famílias, que cresceu abaixo dos investimentos. Na análise dos técnicos do IBGE responsáveis pelo cálculo do PIB, esse enfraquecimento foi causado pelas medidas de restrição ao crédito adotadas pelo Banco Central. O consumo das famílias cresceu 0,6%, bem abaixo da variação do trimestre anterior, quando havia sido de 2,3%. É a menor taxa desde o quarto trimestre de 2008, em plena crise, quando houve queda de 1,9%.
- É o efeito das medidas macroprudenciais do Banco Central afetando setores que dependem de crédito, como veículos, e com o aumento das exigências de crédito para pessoa fisica. A própria massa salarial cresceu menos no trimestre, com crescimento menor do emprego e dos rendimentos - afirma Rebeca Palis, da Coordenação de Contas Nacionais.
Ela destacou que a taxa de juros efetiva Selic estava em 11,2% ao ano, no primeiro trimestre de 2011. No mesmo período do ano passado, era de 8,6% ao ano.
Segundo Roberto Olinto, da Coordenação de Contas Nacionais, a inflação também se refletiu na desaceleração do consumo das famílias.
- Há um efeito sobre os bens não-duráveis e no aumento dos preços dos alimentos no início do ano. No crédito, tem um efeito das medidas macroprudenciais.
Sobre a aceleração dos investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, Rebeca Palis considera que isso seja em parte efeito do aumento dos desembolsos do BNDES.
-É um efeito do crédito do BNDES e do aumento de juros que ainda não foi repassado totalmente para a economia. O último aumento do Copom dos juros (em março) ainda não está refletido - afirmou Palis.
A produção interna de máquinas e equipamentos também cresceu com força dentro da industria de transformação, o que contribuiu para o aumento de 8,8% dos investimentos, no período, de acordo com Palis.
-Os três componentes da formação bruta de capital fixo cresceram: a produção, a construção e a importação de máquinas e equipamentos, sendo que tanto a importação quanto a produção interna cresceram mais que a construção - afirmou.
As projeções de analistas consultados pelo GLOBO giravam em torno de um crescimento entre 1% e 1,5% no PIB no primeiro trimestre em relação ao período anterior. A expectativa de economistas é agora de desaceleração da economia a partir do segundo trimestre, devido às medidas do governo para controlar a inflação. Na comparação com primeiro trimestre do ano passado, especialistas ouvidos pelo GLOBO esperavam alta de 4%.
Nessa base de comparação, o ano começou melhor para a construção civil, um dos destaques da economia, em que teve alta de 5,2% no primeiro trimestre ante o primeiro trimestre do ano passado. Isso se deveu, segundo Palis, ao crescimento nominal do crédito, com programas como o Minha Casa, Minha Vida.
O IBGE manteve o número do desempenho do PIB no ano fechado de 2010. A alta foi de 7,5% no ano passado frente a 2009. Mas o desempenho do PIB no quarto trimestre de 2010 sobre o trimestre imediatamente anterior foi revisado, de 0,7% para 0,8% de crescimento.
A taxa de investimentos da economia brasileira atingiu 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2011, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa foi maior que as de 2009 e 2010 nos primeiros trimestres, de 16,3% e 18,2%, respectivamente. Mas ainda é menor que os 18,5% de 2008.
A taxa de poupança correspondeu a 15,8% do PIB. Também é superior às taxas dos primeiros trimestres de 2009 e 2010, de 13,6% e 15,4%, respectivamente. E ficou igualmente abaixo do desempenho do primeiro trimestre de 2008, de 17,8%.
Na decomposição do PIB pela ótica da oferta, o maior destaque coube ao setor de agropecuária, que apresentou o crescimento mais expressivo dentre os três grandes setores da economia, após retração no fim de 2010. O segmento apresentou expansão de 3,3% em relação aos três últimos meses do ano passado. Já em comparação ao primeiro trimestre de 2010, o avanço foi de 3,1%.
A indústria avançou 2,2% frente ao último trimestre de 2010 e registrou alta de 3,5% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O desempenho da indústria de transformação (2,8%) apresentou o maior destaque, seguido por construção civil (2,0%) e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (0,7%). Já a extrativa mineral caiu 1,5%.
O setor de serviços cresceu 1,1% ante os últimos três meses do ano passado e avançou 4,0% sobre o primeiro trimestre de 2010. As maiores expansões foram em comércio (1,9%) e transporte, armazenagem e correio (1,7%). Serviços de informação tiveram crescimento de 1,1%, seguidos por administração, saúde e educação públicas (0,9%) e atividades imobiliárias e aluguel (0,2%). Por outro lado, intermediação financeira e seguros teve queda de 0,4%.
Já pela ótica da demanda, o consumo das famílias apresentou expansão de 0,6% e a Formação Bruta de Capital Fixo, que sinaliza os investimentos, registrou alta de 1,2% em relação ao último trimestre de 2010 e avanços de 5,9% e de 8,8%, respectivamente, ante o primeiro trimestre do ano passado.
RIO - O aumento da construção civil foi um dos destaques. A alta de 5,2% no primeiro trimestre ante o primeiro trimestre do ano passado se deveu, segundo Palis, ao crescimento nominal do crédito, com programas como o Minha Casa, Minha Vida.
-Isso claro que afeta positivamente a construção, além das obras do PAC - afirma.
A produção interna de máquinas e equipamentos também cresceu com força dentro da industria de transformação, o que contribuiu para o aumento de 8,8% da FBCF, no período, de acordo com Palis.
-Os três componentes da FBCF cresceram: a produção, a construção e a importação de máquinas e equipamentos, sendo que a a importação quanto a produção interna cresceram mais que a construção - afirmou.
O consumo das famílias registrou o 30º crescimento consecutivo, desacelerando de 8,4%, no primeiro trimestre de 2010, para 5,9%, neste trimestre. Palis ressalta que a taxa de juros efetiva Selic está em 11,2% ao ano ano, no primeiro trimestre do ano. No mesmo período do ano passado, era de 8,6% ao ano.

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