terça-feira, 27 de julho de 2010

ECONOMIA: BC, nada de novo

Do POLÍTICA & ECONOMIA na Real
O COPOM reduziu o ritmo de elevação da Selic. O aumento de 0,5%, elevando-a para 10,75%, não contrariou as expectativas, ao contrário, confirmou-as. Os últimos e moderados números de crescimento reforçaram a convicção de que o BC será mais leve na atual campanha de subida dos juros. Todavia, este é apenas um detalhe em meio à percepção de que, diante de elevados gastos públicos e atividade forte, a autoridade monetária vai continuar a protagonizar seu papel de "guardiã da moeda". Os juros estão em alta e vão continuar subindo. O ritmo mudou, mas o samba-enredo é o mesmo. Até o final do mandato de Lula.
A política monetária vai mudar
Se no curto prazo a política do BC não muda, há razões de sobra para acreditarmos que a partir do próximo mandato, seja quem for o presidente, vai sofrer alterações. A independência do BC é incômoda para os dois principais candidatos. Eles consideram a política monetária como parte integrante de toda política econômica (o que de fato é), mas têm visões que pregam que a harmonização deve ser feita em um âmbito no qual a Fazenda e o presidente possam defini-la. Ora, isto destoa do atual cenário do BC. Isto não significa necessariamente que haverá irresponsabilidade na condução da política de juros, mas a segurança de um BC mais autônomo deve ser perdida. Note-se que o caminho para tanto está mais pavimentado de vez que a constituição atual do COPOM é mais intestina ao próprio governo e isto facilita a mudança desejada por Serra ou Dilma.
A política fiscal
Se a política monetária será mais independente no próximo mandato, a política fiscal assumirá um papel mais substantivo. Disciplinar os gastos públicos e aumentar a eficiência dos investimentos estatais ganhará papel crucial para a manutenção da estabilidade de preços. Ora, aqui há diferenças e semelhanças entre os candidatos de toda a ordem. Destacamos apenas uma : Serra é um fiscalista convicto, conhece a máquina pública e exerce a coerção na execução dos gastos. Todavia, é um intervencionista nos moldes da CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e Caribe. O seu intervencionismo é relativamente flexível frente às regras de relacionamento com o setor privado, estimulando este último a participar dos investimentos. Já Dilma acredita menos em disciplina fiscal de curto prazo e mais nos resultados futuros dos investimentos públicos e seus efeitos sobre o setor privado. Ou seja, para ela o Estado é necessariamente uma locomotiva que corrige a ausência de investimentos privados. Assim, é menos propensa em ceder nas regras de relacionamento com o setor privado. Parece uma diferença sutil como alguns órgãos de imprensa - local e internacional - informaram. Todavia, não é nada sutil.
Cenário confuso
De um lado, resultados corporativos estimulantes da crença de que a economia mundial vai crescer, de outro números macroeconômicos sofríveis. Assim está a conjuntura nos EUA e na Europa. Uma confusão mental e tanto, para os analistas. Com efeito, somente no próximo trimestre do ano é que teremos mais luzes para iluminar as "bolas de cristais". Até lá, tanto o mercado quanto a economia vão oscilar muito e, na média, ficar onde estão.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |