terça-feira, 21 de janeiro de 2020

DIREITO: Denúncia contra Glenn é problemática e perigosa, diz Marco Aurélio, do STF


FOLHA.COM
Por PAINEL

Painel

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que a denúncia do Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Gleenwald no caso da ação de hackers contra autoridades da Lava Jato é um ato “problemático” e “perigoso” por se tratar de situação que, segundo ele, pode cercear a liberdade de expressão.
Ao Painel, Marco Aurélio disse que cabe aos tribunais agir para corrigir decisões erradas e “iniciativas que conflitam com a ordem jurídica”.
“É um problema quando você pratica atos que afetam a liberdade de expressão. É problemático”, afirmou o ministro.
“No campo da informação, não cabe adotar postura que iniba a arte de informar. Eu tenho uma concepção própria. Jamais processaria um jornalista, e há colegas em geral, que processam. [Com a denúncia], Você acaba indiretamente cerceando [a liberdade de expressão], o que não é bom em termos culturais, nem em termos de avanço social. É sempre perigoso”, afirmou.
Glenn foi denunciado pelo procurador Wellington Oliveira pelos crimes de associação criminosa e interceptação telefônica ilegal.
O entendimento do MPF contraria o da Polícia Federal, que, como mostrou o Painel, não vê evidências de participação do jornalista em atos ilegais.
O jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil, presta depoimento à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado para falar sobre os vazamentos de supostas conversas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato Pedro Ladeira - 11.jul.2019/Folhapress

No relatório da PF, o delegado Luiz Flavio Zampronha diz que não é possível “identificar a participação moral e material” dele nos crimes investigados.
A denúncia se baseia em áudio encontrado em um computador apreendido que, segundo o procurador, mostra que o jornalista orientou o grupo de hackers a apagar mensagens, o que caracterizou “clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.
“Toda iniciativa que fustigue jornalista, que fustigue veículo de comunicação tem que ser pensada muito antes de implementada. É o caso da denúncia, julgamento. Tem que sopesar, analisar valores e decidir qual é o valor que deve prevalecer”, diz Marco Aurélio Mello.

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