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IGOR GIELOW, DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os semblantes abatidos e as barbas por fazer deram o tom do "body language" da dupla Joaquim Levy e Nelson Barbosa: os ministros anunciaram o pacote de cortes governamentais e sugestão de aumento de impostos com a proverbial cara de velório.
É virtualmente impossível o governo conseguir aprovar no Congresso, "em três meses" como pontuou o ministro da Fazenda, as diversas medidas apresentadas que dependem dos parlamentares.
Coroa a tentativa a busca pela volta "provisória" de alguma versão da CPMF. Ainda que necessária, essa medida diz respeito ao conjunto da sociedade que, em sua maioria esmagadora segundo as pesquisas, rejeita liminarmente o governo. Deputado ou senador algum vai querer ver seu nome associado a isso.
Pedro Ladeira/Folhapress
Ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) em entrevista sobre cortes
Outras leis propostas também são intragáveis no atual ambiente político. Mudanças previdenciárias que precisam de apoio de algum "grupo de trabalho"? Ganhar R$ 4,8 bilhões ao colocar o Fundo de Garantia do trabalhador para bancar a primeira faixa do Minha Casa, Minha Vida? Mexer com o funcionalismo público, que fecha avenidas em Brasília a qualquer sinal de que estão olhando para seus privilégios?
Até o Sistema S e exportadores entraram na dança. Parece que a equipe econômica resolveu colocar todas as cartas na mesa – se o tivesse feito há alguns meses, seria um ato de coragem política que talvez tivesse alguma chance.
Só que uma coisa é apresentar um pacote de maldades em nome da salvação nacional quando você tem apoio popular e político para tanto. A gestão Dilma Rousseff, para todos os efeitos, não existe como ente funcional. O pacote de hoje soa como epitáfio da crise, salvo algum milagre insondável.
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