terça-feira, 30 de junho de 2015

ECONOMIA: UE descarta 3º pacote de socorro à Grécia antes do referendo

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO

Merkel e Eurogrupo negociam somente após a votação. Atenas pediu € 29 bilhões até 2017

Yanis Varoufakis é cercado por repórteres ao deixar seu gabinete nesta terça-feira para ir ao encontro do premier - Daniel Ochoa de Olza / AP

ATENAS e BRUXELAS — A poucas horas do fim do prazo para pagar uma parcela de empréstimo de € 1,6 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), a Grécia fez um novo pedido de socorrro aos credores europeus. E o governo do premier Alexis Tsipras pediu um novo pacote de mais de € 29 bilhões, por um prazo de dois anos. O dinheiro seria do Mecanismo Europeu de Estabilização (ESM, na sigla em inglês) — um fundo que ajuda membros da União Europeia em dificuldades. A proposta mobilizou os ministros de Finanças da zona do euro, que se reuniram por teleconferência para discutir o pedido. E não chegaram a um acordo. Uma nova teleconferência foi marcada para quarta-feira.
O presidente do Eurogrupo,Jeroen Dijsselbloem, afirmou nesta noite (horário local) que agora é “tarde demais” para estender os pacotes de ajuda à Grécia. Por isso, a chamada "troika" poderia considerar um outro pacote de socorro — mas somente após o referendo marcado para domingo, 5 de julho. E essa é a posição do maior credor da Grécia, a Alemanha. A chanceler federal Angela Merkel já descartou quaisquer negociações antes do plebiscito.
— Esta noite, exatamente à zero hora, o programa expira. E eu não estou ciente de nenhuma indicação de nada além disso — sentenciou.
Diante do novo pedido grego de ajuda, o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, instou Atenas a cancelar o referendo. Ao diário “Die Welt”, Gabriel disse que, assim, seria possível que o Eurogrupo se reunisse para negociar e debater rapidamente sobre o apelo. Ele pontuou, porém, que ninguém deve esperar um acordo rápido e lembrou que uma solução para a crise é complicada.
— O melhor seria que o senhor Tsipras adiasse o referendo — afirmou Gabriel.
PARCELA DE € 1,6 BILHÃO NÃO SERÁ PAGA
Mais cedo, a Grécia confirmara que não pagará ao FMI a parcela de € 1,6 bilhão do atual pacote de resgate que vence às 18h de Washington (19h no Brasil). Com isso, se tornará a primeira nação desenvolvida na História a entrar em default com o FMI, passando a fazer parte do grupo de Estados falidos — que inclui Sudão, Somália e Zimbábue.

Um comunicado do gabinete do premier Alexis Tsipras afirmou que o novo socorro seria acompanhado da reestruturação da dívida grega. E esse novo pedido seria o terceiro plano de resgate, capaz de cobrir todas as necessidades financeiras do país até 2017. E o Fundo Monetário Internacional (FMI) ficaria de fora.
“Desde o primeiro momento, deixamos claro que a decisão de fazer um referendo não é o fim, mas a continuação das negociações por melhore condições para o povo grego”, diz nota oficial do premier, que se reuniu nesta terça-feira com o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis. “O governo grego vai até o fim procurar um acordo viável dentro do euro”.
O ESM é o fundo de resgate para governos da zona do euro e é financiado pelos 19 membros. O último país a recorrer ao fundo foi o Chipre, em 2013, com € 9 bilhões do fundo e outro € 1 bilhão do FMI. Em troca, se comprometeu a fazer reformas no sistema bancário e na economia. As maiores contribuições para o ESM vêm de Alemanha, França e Itália.
No pedido de ajuda, o governo grego diz que enfrentará “problemas financeiros urgentes” na segunda metade de 2015 e em 2016. Por isso, pede ajuda ao ESM, garantindo que o dinheiro será usado “exclusivamente” para pagar as prestações das dívidas externa e interna. Além disso, pede que a dívida com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF) seja reestruturada e revista, “para garantir que a dívida grega se torne sustentável e viável a longo prazo”.
LIMITE DE SAQUE PODERIA CAIR PARA € 20 POR DIA, DIZEM FONTES
Uma das preocupações é com o sistema bancário — paralisado até sexta-feira após a imposição do controle de capitais por Atenas. Fontes ouvidas pelo diário alemão “Süddeutsche Zeitung” afirmam que o Banco Central da Grécia estaria estudando a revisão do limite máximo de saques diários de € 60 para apenas € 20.
— Os bancos gregos estão à beira do colapso — afirmou Felix Hufeld, presidente do órgão regulador financeiro alemão Bafin, e integrante do conselho de supervisão do Banco Central Europeu (BCE).
Segundo ele, especialistas têm monitorado diariamente o caixa dos quatro maiores bancos gregos — que concentram 90% dos depósitos do país. Desde o início do ano, estimativas indicam que mais de € 40 bilhões foram retirados dos bancos. Haveria no sistema bancário, hoje, apenas cerca de € 120 bilhões.

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