quinta-feira, 23 de abril de 2015

MANIFESTAÇÃO: Protestos de caminhoneiros chegam a ao menos cinco Estados

FOLHA.COM.BR
MARTHA ALVES, DE SÃO PAULO

Os caminhoneiros iniciaram na noite desta quarta-feira (22) protestos e bloqueios em rodovias de pelo menos cinco Estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso –, após não entrarem em acordo com o governo federal em relação às suas reivindicações.
Reunião nesta quarta dos representantes da categoria com o governo não teve acordo sobre a tabela de frete mínimo, reivindicação pedida pelos caminhoneiros na paralisação realizada no mês de março.
Após o encontro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, anunciou que o governo não atenderia ao pedido de frete mínimo. Grandes empresas eram contra a tabela mínima.
Protestos de caminhoneiros
Após o anúncio, cerca de 50 representantes da categoria saíram do auditório da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) aos gritos de "O Brasil Vai Parar". Vários deles já se articulavam com outros líderes por mensagens de textos e redes sociais para iniciar a mobilização da categoria.
MINAS GERAIS
Às 10h30, um grupo de caminhoneiros fechou o km 558 da rodovia BR-040 em Minas Gerais, no sentido Belo Horizonte, próximo ao Posto Água Boa.
A Polícia Rodoviária Federal informa que foi ao local e conseguiu, sem confrontos, fazer com que o bloqueio cessasse.
Às 11h10, o grupo de caminhoneiros fazia uma reunião perto do local.
RIO GRANDE DO SUL
Nesta quinta, caminhoneiros bloquearam os dois sentidos da BR-286, no km 246, próximo ao trevo de entrada a cidade de Soledade (RS), por volta da 0h desta quinta-feira (23).
Os manifestantes não permitem a passagem de caminhões com carga pelo local, de acordo com a PRF.
Outro grupo incendiou pneus no acostamento da rodovia BR-101, no km 22, em Três Cachoeiras (RS), no final da noite de quarta-feira (22). O protesto não interditou a rodovia.
Pneus também foram incendiados no acostamento da rodovia BR-285, próximo ao km 485, em Ijuí (RS), por volta das 21h30 de quarta. Nenhum suspeito foi preso.
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o fogo se concentrou no acostamento e não houve interrupção do trânsito no trecho. Os bombeiros foram ao local e apagaram rapidamente o fogo.
A PRF suspeita que os pneus tenham sido incendiados por caminhoneiros que tinham prometido retomar os protestos. Nos últimos protestos da categoria, realizados em fevereiro, eles promoveram vários atos com queima de pneus.
Desde as 7h30, caminhoneiros bloqueiam também a rodovia RSC-287, no km 67, próximo ao município de Venâncio Aires, segundo o comando rodoviário da Brigada Militar do Estado.
SANTA CATARINA
Cerca de 20 caminhoneiros tentaram bloquear a rodovia BR-282, próximo ao km 642, em São Miguel do Oeste (SC), por volta das 2h. A PRF conversou com os manifestantes que liberaram a rodovia e se concentraram em um posto de combustível.
Meia hora antes, outro grupo tentou bloquear a rodovia BR-153, no km 64. Novamente, os policiais rodoviários conversaram com os manifestantes, que liberaram a via.
PARANÁ
Na manhã desta quinta, caminhoneiros bloqueiam parte da BR-376, em Marialva (PR). De madrugada, manifestantes queimaram pneus na BR-277, em Irati (PR).
MATO GROSSO
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), há ao menos quatro pontos de bloqueio no Estado. Os protestos acontecem em rodovias dos municípios Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Nova Mutum e Diamantino.
GOVERNO
Na reunião desta quarta, Rossetto tentou explicar aos caminhoneiros que o governo considerava que a tabela de frete mínimo, que criaria um valor mínimo para o pagamento do transporte de carga, seria inconstitucional e também não funcionaria.
Para tentar convencer os caminhoneiros a não anunciar o movimento, Rossetto apresentou reivindicações dos caminhoneiros que foram atendidas desde a greve, como a postergação do pagamento de dívidas, ofereceu a tabela referencial e uma "mesa permanente de negociação com os empresários" para melhorar o preço do frete.
Vários caminhoneiros rasgaram a proposta na frente do ministro e, aos gritos, deixaram o encontro dizendo que estavam sendo "pedalados" pelo governo –referindo-se a manobras do governo nas contas públicas.
"Desde o começo eles estavam avisados que a principal reivindicação é a tabela mínima de frete. Esperávamos mais coerência deles sobre essa impossibilidade. É sempre em benefício de políticos e grandes grupos. A [tabela] referencial não aceitamos de jeito nenhum", disse Diego Mendes, caminhoneiro autônomo na região do Nordeste.
Segundo Mendes, havia até o dia anterior à reunião uma tendência do governo de fazer a tabela mínima por um período e que, se fosse o caso, as empresas entrariam na Justiça para derrubar a medida.
Ao fim da reunião, Rossetto convocou uma entrevista coletiva para tentar explicar a posição do governo. Ele afirmou que o governo estudou muito o assunto e considerou que, além de inconstitucional, uma tabela mínima seria impraticável.
"Há uma enorme diferenciação na atividade que torna impraticável uma tabela impositiva", disse Rossetto.
Segundo ele, o governo está seguro que a tabela referencial cria uma base para melhor distribuir a renda na atividade. Para ele, a maioria dos caminhoneiros reconhece as conquistas alcançadas após a greve e só houve desacordo sobre esse ponto. Perguntado sobre o que seria feito se houvesse greve, o ministro afirmou:
"Acreditamos que as medidas estão sendo compreendidas pelos caminhoneiros. Achamos que haverá um grande, amplo apoio da categoria [ao que o governo fez]. Estamos seguros da aceitação por parte da categoria. Vamos aguardar", disse Rossetto.

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