De OGLOBO.COM.BR
Com agências internacionais
EUA enviam fuzileiros para Líbia, diz imprensa, e aumentam segurança em todas embaixadas
CAIRO e BENGHAZI - Após a confirmação da morte do embaixador americano na
Líbia, Christopher Stevens, o presidente Barack Obama anunciou que vai reforçar
a segurança em todas as embaixadas dos EUA no mundo. Segundo a Fox News e a CNN,
um contigente de fuzileiros navais foi enviado para a Líbia. Stevens morreu,
junto com outros três funcionários da missão diplomática americana, durante um
ataque ao consulado em Benghazi, onde um grupo de milicianos líbios protestava
contra um filme americano que ofende crenças islâmicas.
“Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos rejeitam esforços para denegrir
crenças religiosas dos outros, nós todos temos de inequivocamente nos opor ao
tipo de violência sem sentido que tomou a vida desses servidores públicos”,
afirmou Obama num comunicado.
O presidente americano classificou o incidente como “um ataque ultrajante” e
lamentou a morte de Stevens, a quem chamou de “representante exemplar dos EUA”.
A morte de Stevens pode prejudicar a relação entre a Casa Branca e o novo
governo líbio, apesar de Trípoli ter se desculpado junto aos EUA e aos
familiares de Stevens pelo caso, dizem analistas.
“Durante a revolução líbia, ele (Stevens) serviu de maneira altruísta ao
nosso país e ao povo líbio em nossa missão em Benghazi. Como embaixador em
Trípoli, apoiou a transição para democracia. Seu legado vai perdurará sempre que
um homem procurar por liberdade e justiça”, disse Obama em comunicado.
Enquanto isso, as embaixadas na Tunísia e Argélia emitiram alertas para os
cidadãos americanos. Diplomatas em Túnis pediram para americanos evitaram
lugares com muitas pessoas. Na Argélia, autoridades avisaram que alguns grupos
estão usando redes sociais para organizar protestos.
Stevens morreu enquanto tentava escapar de consulado
Na terça-feira, homens armados atacaram e incendiaram o consulado americano
em Bengazhi, epicentro da revolta popular que derrubou o ditador líbio Muamar
Kadafi no ano passado. Um funcionário já havia morrido quando decidiram esvaziar
o prédio. Nesse momento, o embaixador e outros dois diplomatas foram atacados,
contou uma fonte líbia. Os três teriam morrido sufocados. Segundo testemunhas,
os milicianos atiraram em prédios e jogaram bombas caseiras no consulado.
O grupo protestava na representação diplomática de Washington contra a
exibição de um filme sobre a vida do profeta Maomé na TV americana, explicou o
vice-ministro líbio do Interior, Wanis al-Sharif. O longa-metragem foi
considerado uma blasfêmia por milicianos. Em protesto semelhante na terça-feira,
no Cairo, cerca de 20 jovens muçulmanos conseguiram pular os muros da Embaixada
dos EUA e arrancar e rasgar a bandeira americana.
Uma testemunha confirmou os disparos em torno do consulado em Benghazi e
revelou que homens armados, incluindo militantes salafistas, bloquearam as ruas
que dão acesso ao prédio. O protesto se transformou em um intenso combate entre
manifestantes, armados com armas de fogo, forças de segurança líbias e guardas
americanos. Os agentes líbios precisaram abandonar o consulado diante da
intensidade do ataque. Pouco depois, a representação foi saqueada, contaram
testemunhas.
Há relatos de que uma milícia conhecida como Brigada de Ansar al-Sharia
esteja envolvida no ataque, mas o grupo nega. Em entrevista, Wanis Sharif culpou
simpatizantes de Kadafi pelo ataque, mas lembrou que os EUA deveriam ter
retirado seus funcionários do país assim que souberam da exibição do controverso
filme. O ataque foi amplamente criticado por autoridades de Trípoli.
O filme, chamado de “Inocência dos muçulmanos”, foi realizado pelo produtor
americano israelense chamado Sam Bacile mostra o rosto de Maomé, algo proibido
no Islã, além de descrever o profeta como um namorador, que chega a questionar
seu papel como dono da palavra de Deus.. apresenta o profeta Maomé como uma
fraude e inclui cenas em que ele tem relações sexuais e clama por
massacres.
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