quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

SEGURANÇA: “Crise na Bahia é violenta e gestão da Segurança fracassou”, diz especialista



O coronel da reserva da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho (foto), especialista em Segurança Pública, avalia que o movimento grevista na Bahia deve estar perto do fim e só depende do poder de negociação do estado. “Geralmente, esses movimentos têm um período de exaustão de dez dias e esse já deve estar se encerrando praticamente. Isso vai depender da habilidade e do clima da negociação. Mas ameaçar lideranças de irem para presídios federais, onde está o Fernandinho Beira Mar e outros criminosos é criar um clima muito ruim para as negociações e um mal estar muito ruim para a Polícia em todo o país”, declarou.
A declaração, dada durante entrevista à Globo News, veio acompanhada de um forte ataque à gestão da Segurança Pública na Bahia. “Quando o governador fala que o fator decisivo dessa crise seja a PEC 300, que pretende dar um alto piso mínimo para os policiais militares, isso não é verdade. O que nós temos na Bahia é uma crise na Segurança Pública e quando se tem uma crise violenta quer dizer que a gestão da Segurança Pública foi fracassada, mal conduzida e os policiais certamente foram afetados neste processo. Vamos lembrar aqui que o salário de um PM na Bahia é praticamente igual a um de São Paulo. O que está no pano de fundo na verdade é um tratamento inadequado, um péssimo ambiente de trabalho para os policiais, que com isso foram desmotivados, despreparados para enfrentar o real problema, que é a crise de segurança que ainda existe hoje lá. Um alerta para os governos: essas crises se formam lentamente emitindo sinais repetidos em sequencia e isso não pode acontecer. Se os comandantes não detectarem isso em tempo eles tem que ser substituídos pela incompetência em gerir esse aparato policial. Quando você tem uma crise como essa, que vem de longa data, basta um fósforo num barril de gasolina para que ela se inflame”.
O coronel José Vicente também afirmou que a negociação precisa ser feita com calma. “Os mandados vão ser cumpridos. Isso vai acabar acontecendo. É bom demorar e fazer bem feito do que ter pressa e fazer mal feito. Um bom senso deve prevalecer, um diálogo intenso, mas eles acabarão se entregando como moeda de troca na negociação. Agora, não se pode debitar a uma liderança espúria, como é o caso da Bahia, essa capacidade de mobilização de mais de 30 mil homens na Bahia. A crise está focalizada em um problema mais amplo do Estado”.
Vicente também afirmou que a anistia dos envolvidos em atos criminosos não depende mais do governador Jaques Wagner. “Nesse caso, existem dois tipos de anistia. Umas para aquelas infrações administrativas menores e uma com relação às infrações penais e isso independe do governador. O Ministério Público vai encaminhar essa questão de ordem criminal. E isso é um grande estímulo à continuidade desses movimentos agressivos que conspiram contra os interesses da população. O que está em causa é crime, o prejuízo para a população, e para isso não deve haver perdão. Não se pode perdoar ou anistiar pessoas que fazem esse tipo de movimento. Para um líder que está simplesmente buscando um palanque político como é o caso evidente, transformá-lo em mártir pode acabar complicando a situação”.
“Essa crise vai ter conseqüências. Acredito que a PM vai estar evidentemente no Carnaval, mas com o ânimo muito mais reduzido para a sua atividade profissional, que requer um pouco mais de satisfação para o desempenho do seu trabalho”, concluiu. (Emerson Nunes)

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