sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ECONOMIA: Para o mercado, taxa de juros está no limite

Do ESTADAO.COM.BR

Fernando Nakagawa e Eduardo Cucolo, da Agência Estado
Pesquisa do Banco Central com economistas indica que a Selic está abaixo do mínimo necessário para garantir o crescimento sem riscos para inflação
BRASÍLIA - A queda da taxa básica de juro já chegou ao limite e a Selic está hoje abaixo do mínimo necessário para garantir um crescimento da economia sem riscos para a inflação. Essa é a opinião do mercado financeiro em questionário distribuído no início do mês pelo Banco Central ao mesmo grupo de economistas que participam da pesquisa semanal Focus e divulgada ontem.
Para esses analistas, redução adicional do juro, atualmente em 10,50%, sinaliza que o BC comandado pelo presidente Alexandre Tombini está privilegiando o crescimento da economia em detrimento do controle da inflação.
A principal pergunta do BC ao mercado foi sobre qual seria hoje a taxa de juros real neutra ou de equilíbrio. Ou seja, o nível da taxa básica, descontada a inflação, que permite o máximo de crescimento sem risco para a inflação. Para os economistas, a taxa neutra caiu de 6,75% ao ano, em novembro de 2010, última vez em que o BC fez essa pergunta ao mercado, para 5,50%.
Hoje, a taxa real está em 5%, pelas projeções do mercado.
O BC, no entanto, trabalha com uma previsão de inflação menor, mas não divulgada, para os próximos 12 meses. Portanto, as estimativas do governo podem apontar que ainda há espaço para cortar os juros.
Ainda segundo a pesquisa divulgada ontem, 49% dos entrevistados consideram que essa taxa neutra cairá ainda mais nos próximos dois anos. Outros 40% projetam estabilidade e 11% esperam aumento.
Desemprego
Outro indicador que para o mercado aponta pressões inflacionárias é a taxa natural de desemprego (conhecida pela sigla Nairu em inglês) do Brasil. No questionário, o BC perguntou qual seria esse patamar. Para os economistas, o desemprego de 5,5% - registrado em janeiro - já está abaixo da taxa natural, que seria de 6,50%. Um desemprego abaixo desse patamar representa pressão sobre a inflação porque a busca por trabalhadores aumenta os salários acima do ritmo da economia e da produtividade.
Os analistas estimam ainda que essa taxa natural de desemprego seguirá estável nos próximos cinco anos, ou seja, não há espaço para queda maior do desemprego sem gerar pressões sobre salários.
O economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos, diz que a pesquisa revela como é diferente a leitura do ambiente econômico feita pelo mercado e o BC. "O resultado deixa explícito que já estamos vivendo um ambiente inflacionário, já que o juro neutro e a taxa de desemprego rodam abaixo do considerado neutro e, por isso, podem acelerar a inflação", disse.
Apesar de o mercado manter a leitura distinta do governo, Jankiel Santos explica que a maior parte dos analistas segue com a aposta de que o juro deve continuar em queda até 9,5%. "Os documentos do BC mostram que ele não concorda com o mercado e deve continuar com os cortes de juro. Uma coisa é responder o que acho que é o certo a ser feito, outra coisa é prever o que o BC vai fazer", diz.

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