quarta-feira, 5 de setembro de 2018

LAVA-JATO: PF conclui inquérito e acusa Temer de corrupção envolvendo Odebrecht

OGLOBO.COM.BR
POR AGUIRRE TALENTO / BELA MEGALE

Relatório final também imputa a Paulo Skaf crime de caixa dois

O presidente Michel Temer participa de reunião com representantes da iniciativa privada - Daniel Marenco / Agência O Globo


BRASÍLIA — A Polícia Federal (PF) concluiu inquérito que apurava um acerto de R$ 10 milhões do presidente Michel Temer com executivos da Odebrecht, imputando ao emedebista o crime de corrupção passiva. O relatório final, que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, também acusa os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos do MDB, do mesmo crime. O candidato do MDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, é acusado do crime de caixa dois por ter recebido dinheiro da Odebrecht não registrado na prestação de contas de sua campanha em 2014.
Segundo o relatório, Temer recebeu, por meio do coronel João Baptista Lima, seu amigo, um total de R$ 1,4 milhão da empreiteira. A PF rastreou diálogos telefônicos em que Lima conversa com entregadores de dinheiro da Odebrecht sobre encontros e reuniões, que os investigadores apontam serem códigos para as entregas. Em um dos diálogos, Lima inclusive reclama dos valores: “A última, a da sexta-feira, em que foi entregue ao Silva (seu funcionário) as atas, elas não foram iguais às atas anteriores né? Ficou um pouco abaixo”.
Moreira Franco é acusado de pedir R$ 4 milhões à empreiteira, enquanto Eliseu Padilha é acusado de ter recebido cerca de R$ 3 milhões. Também foram imputados crimes ao assessor de Padilha Ibanez Ferreira, ao ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e seu operador Altair Alves Pinto, a Duda Mendonça, ao coronel Lima e ao advogado José Yunes.
O ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, relatou em sua delação que esteve em um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer, no qual ficou selado um repasse de R$ 10 milhões ao MDB nas eleições de 2014 – parte do dinheiro teria sido embolsado pelos políticos e outra parte abasteceria a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo naquele ano, apontam as investigações.
Com base em diversas diligências investigativas, a PF traçou o caminho do dinheiro e confirmou ao menos parte das entregas aos políticos, como por meio do reconhecimento de locais feitos pelos entregadores da Odebrecht.
Agora, o material será enviado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta nova denúncia contra Temer e os demais personagens. O presidente já foi alvo de duas denúncias movidas com base na delação da JBS, mas o Congresso suspendeu a abertura da ação penal contra ele.
A advogada do coronel Lima, Aline Batista Duarte, afirma “inexistir a prática ou participação de seu cliente em conduta ilícita e cometimento de qualquer irregularidade”. O advogado de Padilha, Daniel Gerber, afirmou que só irá se manifestar após ter acesso aos autos. A assessoria de Skaf informou que "ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas".
O GLOBO procurou as assessorias de Temer e Moreira, mas ainda não houve retorno.

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