segunda-feira, 19 de março de 2018

MUNDO: Após campanha massiva, Putin emplaca sua vitória com menor abstenção desde 2000

OGLOBO.COM.BR
POR BERNARDO MELLO*

Presidente russo consegue aumentar comparecimento às urnas e tem votação recorde

Reeleito, presidente Vladimir Putin comemora diante de multidão em evento que celebrou o quatro aniversário de anexação da Crimeia à Rússia em Moscou - ALEXEY NIKOLSKY / AFP

MOSCOU - A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia divulgou, na manhã desta segunda-feira, os números finais da votação que confirou a reeleição do presidente russo, Vladimir Putin, com vantagem esmagadora para seus oponentes. Putin também foi bem sucedido no convencimento de que os eleitores deveriam ir às urnas, mesmo que para votar em seus opositores. Após uma campanha massiva do governo, a taxa de abstenção neste ano foi uma das mais baixas em eleições presidenciais com participação de Putin. Em 2000, o ex-agente da KGB foi eleito pela primeira vez.
Segundo os dados da CEC, a taxa de comparecimento no país foi de 67,98% do eleitorado — o número não inclui eleitores russos que votaram no exterior. O índice quase alcançou o percentual de 2000, quando 68,6% dos eleitores foram às urnas.
Na última parcial divulgada no domingo, quando restavam três horas para o fim da votação em todo o país, a comissão eleitoral apontava comparecimento mais tímido: cerca de 60%. O aumento do comparecimento na reta final da votação, contudo, garantiu um índice maior do que na última eleição presidencial, de 2012, que registrou abstenção de quase 35%. O governo temia que o número de ausentes na eleição continuasse a crescer, já que este é tido como um termômetro da representatividade do governo.
Para evitar que a previsibilidade da vitória de Putin afastasse o interesse do eleitorado na votação, o que poderia levantar dúvidas quanto à legitimidade do resultado, as autoridades espalharam cartazes convocando os eleitores por toda o país nas semanas que antecederam a votação. O esforço aproximou a taxa de comparecimento àquelas observadas em eleições de "caras novas", como em 2000, na primeira votação pós-Boris Yeltsin, e também em 2008, quando Putin não pôde se candidatar — já tinha estourado o limite de uma reeleição — e indicou Dmitry Medvedev para concorrer à presidência. Na eleição de Medvedev, a taxa de comparecimento beirou 70%
VOTAÇÃO RECORDE
Na manhã desta segunda-feira, com 99,98% das urnas apuradas, Putin havia recebido a preferência de 56,2 milhões eleitores, o equivalente a 76,6% dos votos válidos. Este é o número mais expressivo já registrado por Putin, que não havia passado da marca de 50 milhões de votos nem na sua reeleição de 2004, quando teve a preferência de 71,9% do eleitorado. O adversário mais próximo de Putin na eleição de 2018 foi Pavel Grudinin, candidato do Partido Comunista, que teve 8,6 milhões de votos - seis vezes menos que o presidente reeleito.
A presidente da comissão eleitoral, Ella Pamfilova, informou que os resultados de apenas cinco — entre 97 mil — zonas de votação foram cancelados por indícios de fraudes. Outras denúncias ainda estão sendo verificadas.
OPOSIÇÃO RACHADA
Opositores de Putin se dividiram em relação à taxa de participação nesta eleição, trazendo à tona desavenças profundas. O advogado e ativista anti-corrupção Alexei Navalny, cuja candidatura foi negada pela comissão eleitoral, convocou um boicote às eleições - que foi criticado pela jornalista e apresentadora de TV Ksenia Sobchak, candidata da Iniciativa Civil e preferida por apenas 1,6% dos eleitores que foram às urnas.
"Todos os oposicionistas que contaram com um boicote irrealizável e não votaram neste domingo são de certa forma responsáveis por esta nova legitimação de Putin", disse Sobchak, em comunicado divulgado nesta segunda-feira. "Não sou responsável por 'legitimar o regime através do aumento do comparecimento', mas sim por não ter convencido os democratas a votar".
Navalny, que recebeu Sobchak em uma transmissão ao vivo no seu canal de Youtube na noite de domingo, acusou a adversária de ter sua candidatura maquinada pelo Kremlin. Segundo o ativista, Sobchak recebeu dinheiro para concorrer e dividir a oposição contra Putin — ela nega as acusações.
— Não quero ser parte da oposição fantasiosa que você está montando junto com Putin. Você foi usada para afastar ainda mais pessoas da verdadeira oposição — disse Navalny.
* Enviado especial

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