quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

LAVA-JATO: Eike Batista viajou para Nova York com passaporte alemão

OGLOBO.COM.BR
POR ANA CLÁUDIA GUIMARAES, DA COLUNA DO ANCELMO GOIS, E JULIANA CASTRO

Empresário teve prisão preventiva decretada na Operação Eficiência

O empresário Eike Batista, na sede do Tribunal Regional Federal, no Centro do Rio, antes de prestar depoimento - Antonio Scorza/Agência O Globo

RIO - O empresário Eike Batista, um dos principais alvos da operação Eficiência, realizada nesta quinta-feira — sobre esquema de desvio e lavagem de dinheiro de contratos do governo do Estado do Rio na gestão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral —, viajou para Nova York. De acordo com a Polícia Federal, ele teria saído do país com um passaporte alemão, no voo AA974 da American Airlines, na última terça-feira, às 23h30m, e chegou à cidade americana na quarta-feira, às 6h30m. Embora a PF ainda esteja checando se Eike efetivamente embarcou, passageiros do voo confirmaram ao GLOBO que ele estava no voo. Os investigadores apuram ainda quando o empresário comprou a passagem para os Estados Unidos.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, a PF suspeita que o empresário seguirá de Nova York para a Alemanha. Eike é filho de alemã e tem dupla nacionalidade. Já existe um mandado internacional de captura contra ele, emitido pela Interpol. A mulher de Eike, Flávia, e o filho Baldur, de 3 anos, viajaram ontem, também para Nova York.
O dono do grupo EBX teve um mandado de prisão preventiva emitido contra ele. Agentes da Polícia Federal foram até a casa dele, no Jardim Botânico no Rio, onde permaneceram por quatro horas, mas o empresário não foi encontrado. O advogado Fernando Martins foi à casa do cliente, disse que Eike estava viajando e iria se apresentar em breve à polícia. De acordo com o advogado Sérgio Bermudes, que atua para o empresário na área cível, o empresário tinha reuniões fora do país, e também cuidaria do lançamento de um produto.
REPASSE A ESCRITÓRIO DE ADRIANA ANCELMO
Eike já prestou depoimento à PF em pelo menos duas oportunidades no âmbito das investigações da Lava-Jato. Ele foi ouvido pelos policiais no Rio e em Curitiba. Eike, porém, não estava negociando um acordo de delação premiada. No Rio, ele negou ter pago qualquer tipo de propina a Cabral.
Os investigadores da força-tarefa do Rio questionaram o empresário sobre o repasse de R$ 1 milhão feito pela EBX ao escritório da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Eike levou um documento informando que negociava um fundo de investimentos intermediado pela Caixa Econômica. Ele alegou que foi o banco quem sugeriu o escritório de Adriana para acertar a questão contratual. A Caixa, no entanto, negou e os investigadores dizem que esse investimento sequer chegou a ser feito.
SEM CURSO SUPERIOR
Em sua autobiografia "O X da questão", Eike Batista afirmou que não possui diploma de curso superior, o que pode levá-lo a dividir espaço entre presos comuns caso sua prisão seja realizada.
“Estudei engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen, na Alemanha. Rodei o mundo. Falo cinco idiomas. Sou engenheiro por formação, ainda que não tenha completado a graduação. Fui vendedor de seguros”, escreveu o empresário no primeiro parágrafo da introdução do livro publicado em 2011.
Presos com ensino superior ficam em Bangu 8, onde estão Cabral, o ex-secretário Hudson Braga e outros detidos na Operação Calicute. O único preso na ação anterior que não está em Bangu 8 é Luiz Carlos Bezerra, apontado como um dos operadores de Cabral.
ENTENDA A OPERAÇÃO
A Operação Eficiência é uma segunda fase da Operação Calicute, um desmembramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o grupo desviou US$ 100 milhões de dólares para paraísos fiscais no exterior. Os mandados foram expedidos pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas.
Um dos detidos na operação é Flávio Godinho, ex-braço direito de Eike Batista e atual vice-presidente de futebol do Flamengo. Ele é acusado de ser um dos operadores do esquema, através da ocultação e lavagem de dinheiro das propinas.
Também foram presos preventivamente Sérgio de Castro de Oliveira, chamado Serjão, operador do esquema; Thiago Aragão, sócio do escritório de Adriana Ancelmo e o doleiro Álvaro José Galliez Novis. Além de Eike, também não foi encontrado o publicitário Francisco de Assis Neto, o Kiko.
Tiveram o mandado de prisão expedido, mas já estão presos, o ex-secretário de governo Wilson Carlos, e o operador Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, além de Cabral.
Os agentes também cumpriram mandados de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão do ex-governador, e Susana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral, além do operador do mercado financeiro Eduardo Plass, e Luiz Arthur Andrade Corrêa, preso na 34ª fase da operação Lava-Jato, em setembro.
Em 2008, as ações da OGX começaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de São PauloFoto: Luiz Carlos Murauskas / Folha Imagem
O empresário Eike Batista recebe licença prévia para instalação de uma usina termelétrica a carvão no Porto de Açu no Norte do Estado do Rio concedido pelo governo do Estado do Rio. Na foto, o empresário ao lado do ex-governador Sérgio CabralFoto: Hipólito Pereira / Agência O Globo
Lançamento do filme sobre a vida do empresário Eliezer Batista no Palácio da Cidade, em BotafogoFoto: Berg Silva / Agência O Globo
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca em jato após visita a Eike Batista no Super Porto do AçuFoto: Site Ururau
Lula (à direita) conversa com Eike na pista do aeroporto de CamposFoto: Site Ururau
Visita do ex-ministro Pedro Brito, da Secretaria Especial de Portos, e Eike Batista, da EBX, às obras do Super Porto do Açú.Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo
No auge: Eike faz pose ao receber a presidente Dilma na celebração do início da produção de petróleo da OGX, em abril do ano passadoFoto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
O estilo extravagante de Eike Batista sempre foi parte de seus investimentos. Na foto, o iate Pink Fleet, um dos ativos da Pink Flix Turismo, que o empresário tentou vender, sem sucessoFoto: Agência O Globo

A operação foi batizada de Eficiência por causa da primeira conta de Cabral no exterior para esconder dinheiro desviado dos cofres públicos, que levava o mesmo nome, e era da agência do Israel Descont Bank, em Nova York.
A ação foi baseada em dois acordos de colaboração, dos operadores de mercado financeiro Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar, que revelaram como funcionava o esquema de lavagem da propina cobrada por Cabral em todos os contratos do governo do estado, durante a gestão dele, e também como Eike Batista fazia para repassar o dinheiro do suborno para o ex-governador.
A PF cumpriu ainda mandados de buscas e apreensões em 27 endereços no Rio de Janeiro, Niterói, Miguel Pereira e Rio Bonito. As apreensões ocorreram em endereços residenciais ou comerciais de Susana Neves, Maurício Cabral e dos seis presos sem mandado anterior.

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