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Aplicações até R$ 70 mil estão garantidas, diz
FGC. Banco teria rombo de R$ 1,3 bilhão
SÃO PAULO — O Banco Central decretou nesta segunda-feira Regime de
Administração Especial Temporária (Raet) no Banco Cruzeiro do Sul por 180 dias
“em decorrência do descumprimento de normas aplicáveis ao sistema financeiro e
da verificação de insubsistência em itens do ativo”.
O Raet não interrompe os negócios em andamento nem as relações com o
correntistas do banco, mas substitui os dirigentes da instituição por um
conselho de diretores ou por uma pessoa jurídica especializada para “corrigir
procedimentos operacionais ou de eliminar deficiências que possam comprometer
seu funcionamento”, segundo nota do BC.
Como resultado da intervenção, o BC nomeou o Fundo Garantidor de Créditos
(FGC) como administrador especial temporário do Cruzeiro do Sul. De acordo com o
FGC, aplicações até R$ 70 mil por cliente, pessoa física ou jurídica, estão
garantidas, como prevê a lei. O fundo disponibilizou o telefone (11) 3848-2865
para esclarecer dúvidas dos clientes.
Segundo reportagem do jornal “Estado de S. Paulo” publicada nesta
segunda-feira, foi identificado um rombo de cerca de R$ 1,3 bilhão nos balanços
da instituição. De acordo com a matéria, foram detectadas, a princípio, fraudes
semelhantes às encontradas nas contas do Banco Panamericano no ano passado. A
intervenção foi decretada depois de fracassarem negociações para compra do banco
pelo BTG Pactual, acrescentou o artigo.
Considerada uma instituição financeira pequeno porte, o Cruzeiro do Sul
detinha em dezembro de 2011, ativos que representavam apenas 0,22% do total dos
ativos do sistema financeiro e 0,35% dos depósitos, segundo nota do BC divulgada
nesta segunda-feira. O banco tem oito agências no país, no Rio, em São Paulo,
Campinas, Salvador, Recife, Belém, Macapá e Palmas.
A autoriade monetária também instituiu pelo mesmo prazo o Raet nas empresas
do grupo Cruzeiro do Sul, que incluem Cruzeiro do Sul Corretora de Valores e
Mercadorias, Cruzeiro do Sul DTVM, e Cruzeiro do Sul Companhia Securitizadora de
Créditos Financeiros, informou o BC em comunicado.
Negociação de ações do banco na Bovespa é suspensa
Cruzeiro do Sul teve prejuízo de R$ 57 milhões no primeiro trimestre, ante
lucros de R$ 32 milhões no quarto trimestre de 2011 e de 41 milhões de reais um
ano antes.
O banco vendeu mais de US$ 300 milhões em títulos nos mercados internacionais
no ano passado, mas essa fonte secou em decorrência da crise de dívida que
atingiu muitos países da Europa.
Procurados, representantes do Cruzeiro do Sul não estavam imediatamente
disponíveis.
O Cruzeiro do Sul, que pertencia ao grupo do Grupo Pullman, foi comprado em
1993 pelo empresário Luís Octávio Indio da Costa e no mesmo ano ingressou no
mercado de crédito consignado. Segundo o site da instituição, atualmente, o
banco é parte de 337 convênios de crédito consignado a funcionários públicos,
aposentados e pensionistas no país. O Cruzeiro do Sul começou a operar no
segmento de crédito para empresas de médio porte em 2004, oferecendo empréstimos
atrelados a recebíveis para fornecedores de produtos e serviços. Em 2005, lançou
cartão de crédito com a bandeira Visa que permite dedução na folha de
pagamento.
A negociação das ações do banco Cruzeiro do Sul foi suspensa a partir desta
segunda-feira na Bovespa. Na última sexta-feira, as ações preferenciais (CZRS4)
tombaram 15,65%, a R$ 7,60, depois de cair 25,23% na quinta-feira quando foi
divulgado na imprensa que o banco BTG Pactual poderia
comprá-lo.
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