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POR ALEXANDRE RODRIGUES
Candidato ao governo do Rio afirmou ser uma ‘inverdade’ a argumentação de que presidenciável estaria por trás da redistribuição dos royalties do petróleo
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Lindbergh Farias fez seu primeiro dia de campanha no domingo, ao lado de Romário, candidato ao Senado, na feira de São Cristovão - Pablo Jacob / Agência O Globo
MACAÉ - O senador Lindbergh Farias, candidato do PT ao governo do Rio, disse não ter dificuldades de responder a eventuais cobranças dos eleitores do Norte Fluminense por causa de sua aliança regional com o PSB. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidencia, foi um dos defensores do projeto de redistribuição dos royalties do petróleo aprovado no Congresso, que acabou por reduzir o volume de recursos decorrentes da produção de petróleo em alto mar recebidos pelo estado do Rio e por cidades do Norte Fluminense. Em entrevista durante visita a Macaé, Lindbergh defendeu Campos, que foi atacado no domingo pelo casal Garotinho.
- Eu participei de todas as negociações no Congresso. É uma inverdade dizer que o Eduardo Campos era de uma linha intransigente. Muito pelo contrário. Ele sempre mostrou disposição de negociar. Sempre teve uma posição conciliadora de tentar um acordo que envolvesse todos - disse.
No final da tarde de domingo, durante comício inaugural da campanha de Anthony Garotinho (PR) em Campos dos Goytacazes, a mulher dele, Rosinha Garotinho disse que os eleitores da cidade "não podem votar" no candidato a presidente do PSB, Eduardo Campos, porque "ele está por trás" da proposta de redistribuição dos royalties do petróleo. Rosinha é a atual prefeita da cidade, a que mais recebe royalties do petroleo hoje no Brasil, seguida pela vizinha Macaé.
- Acho que essa é uma posição de preconceito contra nordestino - criticou Lindbergh. - É natural que um governador do Nordeste queira defender vantagens para o seu estado, assim como a gente quer que os recursos fiquem aqui. Mas ele nunca foi intransigente.
O senador aproveitou para criticar o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), a quem atribuiu a derrota no Congresso:
- Acho que faltou ao Rio maior capacidade de diálogo. Quero ser um governador que não vai se isolar do resto do pais. Acho que a posição de isolamento do governador Sérgio Cabral nos levou a uma posição de perda no Congresso Nacional - A postura de um governador tem que ser a de diálogo com todos os estados. Não pode bater pé, fazer birra.
Lindbegh, que gosta de enfatizar nas campanhas sua naturalidade paraibana, afirmou ser contra o que chamou de tentativa dos adversários de estabelecer um debate do Rio contra o Nordeste.
- Somos todos brasileiros - defendeu.
Embora tenha se comprometido com a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), Lindbergh abriu a possibilidade de um palanque duplo ao incorporar o PSB de Campos em sua aliança regiional. Em Macaé, ele não mencionou Dilma ou Campos no discurso. O candidato ao governo do Rio deixou Macaé por volta das 14h em direção a Cabo Frio, para caminhada no centro comercial.
CRÍTICAS À ‘INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊCIA’
O senador Lindbergh Farias, candidato ao governo do Rio, fez nesta segunda-feira um discurso improvisado em praça do centro de Macaé, no Norte Fluminense, criticando o aumento da violência nas cidades do interior. Lindbergh chegou à cidade no início da manhã.
Discursando em frente à Câmara dos Vereadores sem microfone para cerca de cem correligionários - que repetiam cada frase para ampliar a mensagem -, ele acusou o atual governo de privilegiar a Zona Sul da capital em detrimento da segurança na Baixada Fluminense e no interior, com a transferência de policiais para as Unidades de Polícia Pacidicadora (UPPs). Lindbergh prometeu que, se eleito, vai reforçar os batalhões locais para aumentar o policiamento.
- Está acontecendo uma interiorização da violência e nós vamos mudar isso - prometeu.
Em entrevista pouco antes de iniciar uma caminhada pelo centro comercial da cidade, Lindbergh disse que, caso seja eleito, vai formar policiais novos tanto para as UPPs quanto para os batalhões:
- Não adianta o governo dizer que vai levar UPP para todos os lugares. Sabemos que não é possível. UPP serve para uma coisa específica, área dominada por tráfico de drogas. O problema é que reduziram a política de segurança como um todo às UPPs.
O petista voltou a criticar a gestão da distribuição de água no estado, lembrando que Macae também vive esse problema. Ele disse que não é contra o projeto de Guandu 2, uma nova estação de tratamento com financiamento federal anunciada pelo governador Luiz Fernando Pezao (PMDB), candidato à reeleição. No entanto, disse que o problema da água na região metropolitana não se resolve produzindo mais água. Ele afirmou que a questão está na gestão do sistema interligado de distribuição de água que penaliza as periferias, segundo ele, por falta de investimento em troncos alimentadores, elevatórias e reservatórios:
- O Rio não pode se queixar de recursos federais. O governo estadual é que não soube escolher como prioridade as obras que melhoram a vida das pessoas.
Na caminhada pelo comércio, Lindbergh entrou nas lojas, abraçou eleitores e posou para fotos, mas não entregou panfletos. Numa loja de esportes, comprou uma camisa do Brasil. Pagou R$ 39,90. Segundo o senador, a campanha ainda não tem um CNPJ para distribuir material ou alugar carro de som, mas não quer perder tempo. Usando um microfone na camisa para gravar imagens para o programa de TV, ele disse acreditar que o ainda baixo nível de conhecimento de sua candidatura é uma vantagem para crescer nas pesquisas. Muita gente que abordou demonstrou não saber que ele é candidato a governador.
- Não vamos ficar um único dia sem campanha nesse estado - disse ele.
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