DO UOL, em Brasília
Camila Campanerut
O juiz Álvaro Ciarlini, da 2ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal,
condenou a ex-deputada distrital Eurides Brito (PMDB), em ação de improbidade
administrativa, a devolver R$ 620 mil aos cofres públicos nesta terça-feira (5).
O valor corresponde à soma da suposta mesada de R$ 20 mil que ela teria recebido
durante 31 meses (entre 2006 e 2009) em troca de apoio ao Executivo na Câmara
Legislativa do DF, dentro do escândalo de corrupção do governo do DF que ficou
conhecido como mensalão do DEM.
O juiz determinou ainda o pagamento de
uma multa de R$ 1,86 milhão e mais R$ 1 milhão a título de danos morais à
população do Distrito Federal. Ela poderá recorrer da decisão. Ao
UOL, Eurides Brito disse que ainda não tinha sido informada
oficialmente da condenação e que não comentaria o assunto.
A ex-deputada
ganhou fama nacional ao ser flagrada colocando maços de dinheiro na bolsa em
vídeo produzido pelo delator da Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, o
ex-secretário de Relações Institucionais do governo do DF, Durval
Barbosa.
Em junho de 2010, ela foi cassada por quebra de decoro
parlamentar e perdeu os direitos políticos por oito anos. Um mês antes, a
cassação dela havia sido aprovada na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara Legislativa do DF por unanimidade.
Outros envolvidos
Outro ex-deputado distrital que, com o esquema, ficou conhecido como o
“deputado da oração da propina”, foi solto na madrugada de hoje (6) da Divisão
de Operações Especiais da Polícia Civil, onde esteve preso por nove dias.
Junior Brunelli é acusado de formação de quadrilha, peculato, lavagem de
dinheiro e uso de documento falso e é apontado como o chefe de um esquema de
desvio de pelo menos R$ 1,7 milhão. Ele teve a prisão temporária decretada após
a Polícia Civil deflagrar a Operação Hofini, que investiga um suposto esquema de
desvio de verbas de emendas parlamentares que seriam liberadas pela Secretaria
de Desenvolvimento Social (do DF) para uma associação ligada a parentes de
Brunelli. O ex-distrital nega.
Relembre o caso
Em 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de
Pandora, que investigava um suposto esquema de arrecadação e pagamento de
propina em troca de apoio político – no caso dos distritais – e para garantir a
manutenção e conquista de contratos – com relação às empresas.
O esquema envolvia o então governador do Distrito Federal, José Roberto
Arruda (ex-DEM), servidores e deputados distritais. Todos negam o
envolvimento.
De acordo com o inquérito da PF, o dinheiro arrecadado era dividido entre
Arruda, o vice-governador, Paulo Octavio (ex-DEM), secretários e assessores da
administração do governo do DF, além de parlamentares.
O caso resultou na prisão e, depois, queda de Arruda à frente do Palácio do
Buriti. O vice renunciou depois de menos de duas semanas no posto.O então
presidente da Câmara, Wilson Lima (PR) foi obrigado a ocupar um mandato-tampão,
até que foram foram convocadas eleições indiretas (apenas os deputados
distritais votaram) e foi eleito um aliado político do ex-governador e de seu
antecessor, Joaquim Roriz; o peemedebista Rogério Rosso. À época, o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, chegou a defender a intervenção
federal no DF.
Na Câmara Legislativa, além da saída de Eurides Brito, dois
distritais renunciaram ao mandato para fugir da cassação; Leonardo Prudente
(ex-DEM) e Junior Brunelli (PSC).
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