Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
Para os eleitores brasileiros e até para os
candidatos às urnas de outubro, as eleições deste ano são municipais. Não é
assim, porém, para o establishment político-partidário, no situacionismo
ou no oposicionismo Federal. Para os caciques e seus agregados é apenas um rito
de passagem necessário e importante para 2014. Lula já havia botado suas fichas
na mesa desavisadamente, como não querendo, mas querendo, quando no programa do
Ratinho anunciou que poderá se candidatar a um novo mandato se Dilma não quiser
ou não puder. Por que Dilma não quereria ou não poderia ? - perguntou-se aos
quatro quadrantes, inclusive naquele Palácio situado num dos triângulos da Praça
dos Três Poderes.
De
Dilma para Dilma. Com ardor II
A resposta veio logo, firme e sem meias palavras :
ela pode, quer e vai brigar. De forma inusitada para quem era - e não escondia -
avessa ao joguinho miúdo do mundo dos políticos. Dilma deixou de lado a cautela
de quem não pretendia botar muito a cara nas sucessões municipais, para não se
incompatibilizar com nenhum aliado, tantas as divisões deles nos municípios, e
saiu para botar ordem na casa, diretamente em duas disputas cruciais - SP e BH.
Ilude-se quem pensa, porém, que ela agiu para dar uma mãozona ao PT e até ao
grande companheiro Lula, cujas operações políticas nessas duas capitais,
especialmente em SP, com a ameaça de um isolamento de Fernando Haddad, estavam
azedas. Cirurgicamente Dilma deu a Secretaria de Saneamento do Ministério das
Cidades para um correligionário de Paulo Maluf e jogou o PP nos braços de
Haddad. Lula foi apenas aos jardins malufistas para posar para a foto. Em BH
botou o PMDB e o PSD na chapa do petista Patrus Ananias, depois do rompimento da
aliança PSB/PT, por obra de ajustes entre o senador Aécio Neves e o governador
Eduardo Campos.
De
Dilma para Dilma. Com ardor III
Dilma foi exatamente tentar implodir as pedras em
seu caminho de 2014 e deu seu recado de que está viva. É coincidência apenas que
tenha sido na mesma direção dos interesses do PT. Em seguida, a presidente
começou a assentar seu próprio caminho, em seguidas reuniões no Palácio da
Alvorada, fora do horário de expediente para não parecer que faz política
eleitoral quando deveria estar trabalhando. Acertou-se com o PMDB, de Michel
Temer, que andava desconfiado das intenções da presidente para o futuro com ele;
com o PSB de Eduardo Campos, a quem havia contrariado nas manobras mineiras; e
com a bancada do PT, pelo menos parte dela.
Recato presidencial ?
Agora, se não houver mais ruídos, ela se recolherá
a certo recato eleitoral, como chegou a ser anunciado oficialmente pela ministra
Ideli Salvatti. Qualquer resultado eleitoral que não seja o fortalecimento da
oposição é bom para ela. Outros movimentos políticos agora apenas depois do
segundo turno e até fevereiro, após as eleições para as presidências da Câmara e
do Senado, quando então deverá haver ajustes nos ministérios. Ficaram restos a
pagar - Gilberto Kassab, PMDB mineiro - e contas a cobrar. Tudo isso não quer
dizer que Dilma está com menos apreço, menos gratidão e menos respeito por Lula.
Tudo permanece intocado. Mas o momento político dela, a não ser o desejo de
botar a oposição definitivamente de joelho, não é exatamente o mesmo momento
político do antecessor e benfeitor.
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