Do ESTADAO.COM.BR
Gustavo Chacra
CORRESPONDENTE/NOVA YORK
A Rússia e a China vetaram uma resolução sobre a crise síria apresentada
pelos Estados Unidos e seus aliados europeus no Conselho de Segurança da ONU
nesta manhã. Esta foi a terceira vez que Moscou e Pequim usaram o seu poder de
veto no órgão decisório máximo das Nações Unidas. Foram 11 votos a favor, além
de abstenções de Paquistão e África do Sul.
Os representantes dos EUA, da Grã Bretanha, da França, da Alemanha e de
outros países consideraram lamentável a decisão russa e chinesa de vetarem mais
uma vez a iniciativa do Ocidente, em um sinal claro de que, mesmo depois de 17
meses de levantes na Síria e uma violência que deixou ao menos 13 mil mortos, a
comunidade internacional continua dividida.
O texto previa a prorrogação da missão observadora da ONU e a implementação
de um plano de transição política proposta pelo ex-secretário geral da entidade
e mediador do conflito, Kofi Annan, com a inclusão do artigo 41 do capítulo 7 da
carta das Nações Unidas, que prevê a ameaça de sanções. A Rússia e a China
concordam com a primeira parte, mas discordam da medida ameaçando o regime de
Bashar Assad caso este não cumpra com as determinações da resolução.
Na avaliação de Moscou e Pequim, o objetivo do Ocidente não é sanções, e sim
abrir espaço para o artigo 42 no futuro, que permite intervenção militar, como
aconteceu na Líbia no ano passado. Além disso, os dois países também acham que a
oposição deveria ser responsabilizada pela violência.
Já os EUA e a Europa afirmam que, sem a inclusão destas ameaças, o regime
sírio permanecerá massacrando a população.
Uma resolução apresentada pela Rússia e pela China seria apresentada em
seguida. Não estava claro se os EUA, França e Grã Bretanha usariam o seu poder
de veto, ou optariam por aprovar diante da necessidade manter os observadores na
Síria. Caso contrário, eles precisam se retirar até sábado.
O fracasso da comunidade internacional ocorre em meio a um agravamento do
conflito, classificado por muitos como guerra civil. Combates, antes restritos
ao interior, começam a atingir áreas de Damasco. Em um divisor de águas, três
dos membros mais importantes do regime de Assad, incluindo o Ministro da Defesa
e o cunhado do líder sírio, foram mortos em atentado ontem.
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