Do UOL
Renata Giraldi
Da Agência Brasil, em Brasília
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Shaam News Network/Reuters
O embaixador do Brasil no país, Edgard Casciano, deixou a capital síria,
Damasco, com destino a Beirute, no Líbano, por via terrestre. Ele foi orientado
pelo governo da presidente Dilma Rousseff a fechar a Embaixada do Brasil em
Damasco. A ordem foi retirar os funcionários e passar a atender às demandas em
Beirute. Casciano aguarda ainda orientações de Brasília para pôr em prática o
plano de retirada dos brasileiros que moram na região. De acordo com informações
do Itamaraty, os funcionários da embaixada já chegaram à capital do Líbano.
O governo brasileiro esperou sinalizações do embaixador para definir o
momento adequado para o fechamento da embaixada. O Itamaraty divulgou nota
informando que decidiu deixar um funcionário no local, para permanecer como
ponto de contato entre os cidadãos brasileiros no país e o Consulado-Geral em
Beirute e a Embaixada em Amã (Jordânia). O plano de retirada dos demais
brasileiros pode ser executado nas próximas horas. Mas só será informado,
segundo diplomatas disseram à Agência Brasil, quando ocorrer, para evitar riscos
à segurança dos envolvidos.
Casciano disse ainda que a violência se agravou nas ruas das principais
cidades aumentando o medo e o pavor não só de estrangeiros, como também de
sírios. "Impossível pôr os pés na rua com tantos tiros. É uma situação
extremamente problemática", disse ele.
O embaixador acrescentou também que a violência na capital síria atingiu tal
situação que ontem ele se viu obrigado a não abrir a representação brasileira.
Segundo ele, são os dias mais violentos a que assistiu no país. "Helicópteros
sobrevoavam constantemente e dava para ouvir muitas explosões que, pela
intensidade, eram consequência de armas pesadas."
Há quatro anos em Damasco, a capital da Síria, Casciano disse que a situação
na capital é muito tensa e já não há garantias de segurança para as embaixadas
estrangeiras no bairro. "Até cogitamos que o governo brasileiro enviasse agentes
de segurança para proteger a embaixada. Mas, com o aeroporto fechado, a ideia
foi deixada de lado".
A estimativa é que existam cerca de 3.000 brasileiros na Síria, a maioria na
região de Damasco, mas há uma comunidade na região de Latakia e Tartous, na
costa do país, reduto de alauítas (grupo sectário ao qual pertence o presidente
Bashar Al Assad) e cristãos. De acordo com o embaixador, o número é apenas uma
estimativa, pois muitos brasileiros deixaram o país antes do agravamento da
situação.
Para Casciano, o clima é de "guerra aberta" na Síria. Ele disse que seus
amigos sírios se mostram muito preocupados e com medo do futuro. "A guerra em
Damasco os deixou extremamente apavorados", disse ele.
Reuniões em Brasília
O acirramento da crise na Síria e o aumento do medo no país motivaram ontem
várias reuniões em Brasília, coordenadas pelo Palácio do Planalto em parceria
com os ministérios das Relações Exteriores, Itamaraty, e da Defesa.
Situação semelhante ocorreu na Líbia, no ano passado, quando a Embaixada do
Brasil no país foi fechada em decorrência da insegurança no país. Os detalhes
sobre a ação na Síria foram preservados por motivos de segurança. Porém, o
Brasil aguarda ainda o momento adequado para executar o restante do plano de
retirada dos brasileiros que vivem na Síria.
O plano foi definido anteontem (18), mas até as últimas horas de ontem sofria
adaptações devido aos episódios registrados na Síria. O plano define a retirada
das cerca de 3.000 pessoas do país, levando-as para uma área fora do país
considerada de segurança. O objetivo é garantir segurança para os
brasileiros.
Os governos de vários países já fecharam suas embaixadas na Síria,
principalmente europeus e asiáticos. Tradicionalmente, o Brasil só opta pela
medida quando considera a situação insustentável.
Após a explosão do homem-bomba há dois dias provocando 26 mortes, inclusive
de dois ministros (da Defesa e do Interior), além uma terceira autoridade,
Damasco amanheceu ontem como se o dia fosse feriado. Escolas e lojas estão
fechadas e apenas alguns serviços públicos funcionam. Há um clima de medo
predominando, segundo relatos de brasileiros que estão na capital síria.
O embaixador e os funcionários brasileiros da representação em Damasco
deixaram a Síria por terra, utilizando uma estrada considerada de qualidade, que
liga o país ao Líbano.
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