terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ECONOMIA: Taxas reduzem ganhos de fundos de investimento mais populares

Do UOL, em São Paulo
Epaminondas Neto

Bancos costumam oferecer aplicações financeiras muito parecidas entre si, principalmente para a faixa mais popular dos clientes. Os fundos de investimentos do tipo DI ou de Renda Fixa são a melhor ilustração disso.
Em ambos os casos, os bancos usam o dinheiro do investidor para comprar títulos emitidos pelo governo (“pedaços” da dívida pública), devolvem uma parte dos juros pagos pelo Estado (após tirar a parte do Imposto de Renda) e cobram uma taxa (a chamada taxa de administração) pelo serviço prestado.
É justamente nessas taxas de administração que o investidor deve procurar o diferencial entre os bancos. Uma providência inicial do poupador é verificar o valor inicial mínimo exigido para aplicar em seu fundo: se ficar abaixo de R$ 1.000, provavelmente o ganho da aplicação já está perdendo para a poupança. E são poucas as chances de que essa característica mude em 2013.
Isso ocorre por causa da política econômica do governo. Os fundos de investimento mais conservadores são fortemente influenciados pela trajetória da taxa básica de juros, atualmente em 7,25% ao ano. 
Essa taxa de juros influencia o custo dos empréstimos para empresas e consumidores. Por esse motivo, quando o governo quer estimular o crescimento, procura reduzir a taxa básica. 
Quando está mais preocupado com a inflação, o governo faz o contrário (sobe os juros), o que encarece o custo dos empréstimos para consumo e investimento. Ao tirar esse estímulo da economia, torna mais difícil o reajuste dos preços.
A maioria dos economistas do setor financeiro acredita que a taxa básica vai continuar no nível atual ao longo de 2013. Mas com o desempenho frustrante da economia nos últimos meses, muitos já apostam em uma redução dos juros, projetando que a taxa pode cair para 6,25% até o final do ano que vem.
Esse cenário, caso vire realidade, torna ainda mais complicada a vida do investidor nos fundos de investimentos do tipo DI, porque esses produtos são feitos justamente para acompanhar a trajetória da taxa básica. Os fundos do tipo Renda Fixa são mais “vagarosos” em acompanhar essa trajetória, e apresentam melhor desempenho, em geral, quando a direção dos juros é para baixo.
“O investidor terá que procurar mais, comparar mais [as aplicações] e saber mais para decidir a melhor aplicação que vai servir seus objetivos”, diz o economista da Anefac (a associação dos executivos de finanças), Andrew Storfer.
“O investidor vai ter de sair de uma situação superconservadora para aplicações com um pouco mais de risco”, afirma o sócio-diretor da consultoria FinPlan, Mailson Hykavei.
Uma maneira de diversificar as aplicações, mas sem sair do universo da renda fixa, é pesquisar nos bancos os fundos que misturem a aplicação em títulos públicos (mais seguros, em tese) com títulos emitidos por empresas (mais arriscados).
E mais que se preocupar com o rumo dos juros básicos da economia, aconselham especialistas, o poupador poderia adotar a estratégia de “perseguir” a inflação. 
“Nós estamos vivendo um momento de mudança de mentalidade para o investidor. Você usar o CDI ou a Selic [o juro básico, determinado pelo governo] como parâmetro para as suas aplicações não faz mais sentido. Agora, é melhor que ele procure aplicações que cubram a inflação e ofereçam mais um percentual de juros”, acrescenta Andrew Storfer.
O CDI é o juro de mercado, negociado entre os bancos, e é praticamente uma “cópia” da taxa Selic. Os fundos DI, por definição, rendem uma parcela do CDI. Como regra geral, somente os produtos mais sofisticados (e que exigem mais dinheiro para investir) rendem mais de 100% do CDI. 
O peso das taxas de administração sobre os fundos
Pelos cálculos do professor William Eid Júnior, da Fundação Getúlio Vargas, um fundo DI com uma taxa de administração acima de 1,2% já está perdendo para a caderneta de poupança, mesmo considerando as novas regras para esse investimento
Essa simulação leva em conta a atual taxa básica de juros (7,25% ao ano), e a condição em que o dinheiro permaneça por mais de dois anos aplicado (quando a mordida do Imposto de Renda cai para 15% do ganho).
Se a taxa de juros básica do país realmente cair para 6,25% ao ano, fundos com taxa de administração acima de 1% já começam a perder para a caderneta.
E se a taxa de juros subir? O investidor não deve descartar totalmente esse cenário: muitos economistas temem o impacto dos preços dos combustíveis, previsto para o ano que vem, entre outros fatores, sobre o custo de vida. 
Mas ainda considerando uma taxa de juros a 8,25% ao ano (no cenário mais “pessimista” para a inflação desenhado pelos especialistas), a situação não fica muito mais fácil para o investidor: na planilha do professor da FGV, não valeria deixar o dinheiro aplicado em fundos que cobrem uma taxa acima de 1,4%.
Por enquanto, a realidade das ofertas do mercado é adversa para o poupador. Nos principais bancos de varejo, o investidor teria que aplicar pelo menos R$ 20 mil, em alguns casos R$ 50 mil, para conseguir fundos com taxa de administração na faixa de 1,2% a 1,5%. 
Para conseguir uma taxa de 1%, mesmo nos bancos mais populares, a aplicação inicial dos fundos disponíveis sobe para R$ 50 mil, ou mesmo R$ 100 mil em alguns casos.
EVITE QUE AS TAXAS COMAM SEUS GANHOS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
 Com a taxa de juros (Selic) atual, de 7,25% ao ano, fundos de investimento com aplicação acima de 12 meses e taxas de administração de 1,2% perdem para a poupança
 Se a Selic cair para 6,25% ao ano, uma taxa de administração acima de 1% já faz os fundos perderem para a poupança
 Se a taxa de juros subir para 8,25% ao ano, não vale aplicar em fundos que tenham taxa acima de 1,4%
 Quanto menor o valor inicial do investimentos em fundos, maior a taxa de administração. Nos grandes bancos, as taxas ficam mais vantajosas (em relação à poupança) a partir de R$ 5.000
 Os fundos DI mais populares (com aplicação de menos de R$ 1.000) em geral perdem para a poupança
 Além das taxas de administração, o ganho dos fundos também perde com Imposto de Renda, cobrado a cada 6 meses. Quanto maior o prazo em que o dinheiro permanece aplicado, menor o IR (acima de 2 anos, cai de 17,5% para 15%)
 A poupança corrigida pela regra antiga (depósitos anteriores a 4 de maio) está mais competitiva do que boa parte dos fundos de investimento DI
 Diversifique aplicações de renda fixa com fundos que misturem a aplicação em títulos públicos (mais seguros) com títulos emitidos por empresas (mais arriscados)

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