Por MIRIAM LEITÃO - OGLOBO.COM.BR
O GLOBO conta que o governo estuda liberar de R$ 30 bi a R$ 40 bi do depósito compulsório para financiar a construção civil. O setor está em crise, com atrasos no Minha Casa, Minha Vida e menos dinheiro para financiar obras, visto que a poupança perdeu R$ 29 bi entre janeiro e abril. A medida, contudo, é contraditória com o aumento de juros em curso desde outubro de 2014, e que parece não ter acabado.
O depósito compulsório é um instrumento de controle da inflação. Todos os bancos são obrigados a recolher parte dos depósitos que recebem, uma forma de controlar o dinheiro em circulação na economia. O compulsório tem efeito parecido com o aumento de juros.
Aumentar os juros e liberar o compulsório são tratamentos conflitantes, portanto. É como se o paciente estivesse recebendo, ao mesmo tempo, um remédio para parar de tossir e um xarope expectorante.
Se o governo pensa em estimular a economia, deveria reduzir a taxa de juros. Mas o BC sobe a Selic desde outubro porque a inflação está acima de 8%, e subindo. Liberar o compulsório vai neutralizar o efeito que o governo busca com o aumento de juros.
Vai sobrar a parte amarga do processo: o gasto cada vez maior com o pagamento de juros.
Ouça aqui o comentário feito na CBN.
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