Da CONJUR
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção
ativa nesta terça-feira (9/10), José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do
governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a decisão foi tomada
contrariamente às provas da Ação Penal 470, o processo do mensalão. A afirmação
foi feita por meio de nota publicada em seu blog depois do final da sessão do
Supremo.
“Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena
como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e
registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de
Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo
político e de exceção”, escreveu Dirceu.
O ex-ministro de Lula relembrou que foi preso em 1968, banido do país no ano
seguinte e que voltou clandestinamente, “enfrentando o risco de ser assassinado,
para lutar pela liberdade do povo brasileiro”. Dirceu escreveu também que depois
da anistia lutou pela conquista da democracia no país. “Dediquei a minha vida ao
PT e ao Brasil.”
José Dirceu afirmou que acatará a decisão do Supremo, mas que não se calará:
“Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me
deixarei abater”.
Leia a nota:
Ao povo brasileiro
No dia 12 de outubro de 1968, durante
a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com
centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros naquele
evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso
a oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.
Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma
ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes.
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para
lutar pela liberdade do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente
constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia.
Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.
Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que
o povo de São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e
seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há sete anos, me
acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de
inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena
como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e
registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de
Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo
político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão,
mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não
abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia
moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos,
será minha razão de viver.
Vinhedo, 09 de outubro de 2012
José Dirceu
Rodrigo
Haidar é editor da revista Consultor Jurídico em
Brasília.
Comentários:
Postar um comentário