sexta-feira, 10 de abril de 2015

MUNDO: Kerry e chanceler de Cuba têm reunião histórica no Panamá

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Encontro de maior nível diplomático entre os dois países há mais de 50 anos acontece antes do início da Cúpula das Américas
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, cumprimenta o secretário de Estado americano, John Kerry, após a reunião bilateral - Glen Johnson / Departamento de Estado dos EUA
CIDADE DO PANAMÁ - O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reuniu na noite de quinta-feira com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Panamá, um dia antes do início da Cúpula das Américas. É o encontro de maior nível diplomático entre os dois países desde os primeiros dias da revolução cubana há mais de meio século. O governo americano informou que Kerry conseguiu avanços na reunião, no momento em que ambos os países buscam deixar para trás décadas de animosidade.
— Kerry e o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, tiveram um discussão longa e muito construtiva esta noite. Ambos concordaram que houve avanços e que vão continuar trabalhando para resolver as questões pendentes — disse um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA.
A reunião bilateral entre Kerry e Rodríguez foi a de mais alto nível diplomático em décadas, a primeira entre os dois chanceleres desde o histórico anúncio do restabelecimento das relações entre os EUA e Cuba, realizado em dezembro do ano passado pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro. Na época, Obama e Castro conversaram por telefone e ambos já estão no Panamá para participar da VII Cúpula das Américas, que será aberta nesta sexta-feira.
O encontro anterior entre os chefes da diplomacia de Washington e Havana remontava a setembro de 1958, lembraram funcionários americanos.
A reunião aconteceu em um hotel na Cidade do Panamá, na véspera da Cúpula das Américas, onde é esperado um encontro histórico entre Obama e Raúl Castro.
Mais cedo, o departamento de Estado recomendou a retirada de Cuba da lista de países que supostamente financiam o terrorismo, um dos passos necessários para a normalização diplomática bilateral.
— A recomendação do Departamento de Estado de retirar Cuba da lista de Estados que patrocinam o terrorismo, resultado de meses de uma revisão técnica, é um importante avanço em nossos esforços para construir uma relação mais frutífera — afirmou o senador Ben Cardin, membro do comitê de Relações Exteriores da Câmara.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e seus assessores em reunião em hotel no Panamá - Departamento de Estado dos EUA
Ao anunciar, em 17 de dezembro passado, o início da aproximação com Havana, Obama tinha pedido ao departamento de Estado que revisasse a presença de Cuba na lista, segundo a legislação vigente.
Estados Unidos e Cuba iniciaram uma agenda de aproximação, mas Havana deixou claro que considera prioritário que o país seja retirado da lista para que avancem as negociações sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas.
Em visita à Jamaica, Obama destacou que o processo de negociações levará tempo, mas o presidente também avisou que irá para a cúpula com uma mensagem de diálogo.
Um dos objetivos imediatos da agenda de aproximação é o restabelecimento dos laços diplomáticos e a abertura das embaixadas. No momento, Havana e Washington têm Seções de Interesses, um status diplomático excepcional que os dois países mantêm nas duas capitais desde 1977, sob os auspícios da Suíça.
Entre os pontos de maior polêmica estão as indenizações para as empresas americanas nacionalizadas após a Revolução Cubana nos anos 60; e a exigência de Havana de uma compensação pelas perdas provocadas pelo embargo comercial imposto por Washington à Ilha desde 1962, que segundo o governo teria provocado um prejuízo de 116 bilhões de dólares.
Havana também quer a devolução da base naval de Guantánamo, no extremo leste da Ilha, que os Estados Unidos ocupam desde 1903, mas este é um tema tabu para Washington, especialmente porque Obama ainda precisa fechar o centro de detenção que funciona na base, onde permanecem mais de 100 prisioneiros da guerra contra o terror.

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