quinta-feira, 9 de abril de 2015

ECONOMIA: Agência Fitch revisa perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para negativa

ESTADAO.COM.BR
DANIELLE CHAVES, FRANCINE DE LORENZO, LUCAS HIRATA E MATEUS FAGUNDES - O ESTADO DE S. PAULO

Baixo crescimento e deterioração das contas públicas foram justificativas dadas pela Fitch; apesar da revisão da perspectiva, agência de classificação de risco manteve a nota do Brasil em BBB
Revisão da perspectiva da nota de crédito para negativa reflete o contínuo baixo desempenho da economia do País, avalia a Fitch
A agência de classificação de risco Fitch revistou nesta quinta-feira, 9, a perspectiva da nota de crédito (rating) do Brasil de estável para negativa, citando como justificativa a contínua fraqueza econômica no País e a deterioração fiscal. Apesar da revisão de perspectiva, a nota de crédito brasileira foi mantida em BBB.
No relatório, a Fitch comentou que a revisão da perspectiva do rating para negativa reflete o contínuo baixo desempenho econômico do Brasil, o aumento dos desequilíbrios macroeconômicos, a deterioração das contas fiscais e o substancial aumento do endividamento do governo.
"Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a credibilidade e a confiança política, os riscos negativos relacionados a sua implementação efetiva e durabilidade persistem, especialmente no contexto de um ambiente econômico e político desafiador", afirmou a agência. A Fitch acrescentou que choques domésticos e externos podem minar o ritmo e o escopo do processo de ajuste.
Segundo a Fitch, o Brasil pode ser rebaixado se desempenho fraco continuar e se o ajuste fiscal falhar. Por outro lado, dentre os acontecimentos que podem resultar na volta da estabilização da perspectiva da nota estão: uma melhora da solidez e credibilidade das políticas econômicas que facilite a redução dos desequilíbrios macroeconômicos e apoie mais ampla confiança; uma consolidação fiscal que ajude a trajetória da dívida pública; e a geração de um ambiente mais propício para investimento e crescimento.
Indicadores. A Fitch afirmou que a economia brasileira deverá ter contração de 1% neste ano, depois de crescer apenas 0,1% em 2014. Segundo a Fitch, a média de crescimento em três anos do Brasil de apenas 1,5%, em comparação com a média de 3,2% dos países com rating BBB, destaca a natureza estrutural do fraco desempenho.
As contas fiscais do Brasil se deterioraram acentuadamente em relação ao ano passado, afirmou a Fitch, tendo em vista que o déficit orçamentário atingiu 6,5% do PIB em 2014. A agência destaca que o País registrou o primeiro déficit primário em vários anos. O peso da dívida pública aumentou para 58,9% do PIB em 2014, em comparação com a média de 52,8% durante o período de 2010 a 2013. "O fardo da dívida é cada vez mais divergente da média dos pares BBB, de 40% do PIB", afirmou.
Ambiente político. A presidente Dilma Rousseff enfrenta diversos desafios em seu segundo mandato, como um recorde de baixa popularidade, um Congresso fragmentado e em confronto com o governo e a possibilidade de o ambiente político se deteriorar ainda mais, avalia a agência de classificação de risco Fitch.
"As contínuas investigações da Petrobrás têm potencial para contaminar ainda mais o ambiente político interno. Como tal, o governo pode enfrentar desafios em progredir a sua agenda legislativa, o que é importante para fazer face às suas metas fiscais e restaurar a confiança", escreveram os analistas da Fitch.
A agência ponderou, no entanto, que sustenta a nota BBB do Brasil são fatores como a diversidade econômica do País, a forte capacidade de enfrentar choques externos e um sistema bancário adequadamente capitalizado para apoiar o seu perfil de crédito.
O que é nota de crédito (rating). O rating, ou nota de crédito, é o resultado da avaliação de uma agência de classificação de risco sobre a qualidade de um título de dívida emitido por uma empresa ou país. O rating indica, portanto, se o emissor é um bom ou mau pagador e quais as chances de ocorrer um calote daquela dívida.
Em março, a agência S&P manteve o grau de investimento do País (espécie de selo de bom pagador). A manutenção foi um voto de confiança na política de ajuste fiscal que está sendo realizada pelo ministro Joaquim Levy. Já a agência Moody's sinalizou, em setembro passado, que pode rebaixar nota de crédito do Brasil, ao revisar a perspectiva da nota de estável para negativa. (Com informações da Reuters)

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