sexta-feira, 10 de abril de 2015

CASO PETROBRAS: Vaccari nega ter falado sobre finanças com Barusco e Youssef

OGLOBO.COM.BR
POR EDUARDO BRESCIANI E ANDRÉ DE SOUZA

Tesoureiro do PT admitiu ter estado uma vez no escritório do doleiro, mas não chegou a encontrá-lo
Vaccari negou ter tratado de dinheiro com o doleiro Alberto Youssef e ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco - Ailton de Freitas / Agência O Globo
BRASÍLIA - Em depoimento à CPI da Petrobras, na manhã desta quinta-feira, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deu respostas evasivas e repetidas para defender a legalidade das doações eleitorais recebidas pelo PT e negou ter tratado sobre finanças do PT com o doleiro Alberto Youssef e ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os dois são delatores da Operação Lava-Jato e o acusam de ter recebido recursos decorrente de propinas pagas por empreiteiras contratadas pela Petrobras.
Na chegada de Vaccari à sala da comissão um homem abriu uma caixa e soltou ratos dentro do plenário. O homem foi detido pela Polícia Legislativa e os animais capturados. Ele foi identificado como sendo o servidor da Câmara Márcio Martins Oliveira, lotado na 2ª Vice-Presidência da Câmara. 
– Eu conheci Pedro Barusco quando ele já estava aposentado. Quem me apresentou foi o senhor Renato Duque. Foi um jantar. Tive poucos contatos. Ele nunca fez parte da minha intimidade. Nunca tratei com ele assuntos sobre finanças do partido ou sobre finanças. Sempre havia mais pessoas junto e, às vezes, o Renato Duque – disse Vaccari.
– Eu conheci Alberto Youssef casualmente há muitos anos. Não tenho relacionamento com ele. Nunca tratei de finanças do PT ou de finanças em geral com ele – afirmou o tesoureiro do PT.
Depois, ele admitiu ter estado uma vez no escritório do doleiro. Ele relatou que foi a chamado de Youssef, mas que o doleiro não se encontrava lá. Vaccari disse que ficou apenas quatro minutos no prédio.
Mais tarde, perguntado novamente sobre o encontro no escritório do doleiro Alberto Youssef, que acabou não ocorrendo, Vaccari disse não se lembrar a razão do convite para ir até lá.
- Volto a insistir. Eu fui ao escritório do senhor Alberto Youssef sem agenda porque ele havia me convidado para ir lá. Portanto, essa dúvida que o senhor tem eu também tenho - disse Vaccari.
- O senhor Youssef mandou recado para eu ir ao seu encontro. Compareci lá e ele não estava. Fui embora. Já considero essa pergunta respondida inúmeras vezes.
O tesoureiro disse também nunca ter tratado sobre finanças do PT com os ex-diretores Renato Duque e Paulo Roberto Costa. Já em relação aos empresários presos na Lava-Jato, ele afirmou que os contatos foram para tratar de contribuições ao PT, mas sempre sobre doações legais.
Em seguida, Vaccari afirmou que uma transferência de R$ 400 mil para uma conta de sua esposa feito em 2008 pelo empresário Cláudio Mente tratava-se de um empréstimo. Mente é apontado por Youssef como um dos operadores do pagamento de suborno na estatal. Vaccari alegou que o empréstimo foi quitado no ano seguinte, e que as informações constam de suas declarações de imposto de renda.
O tesoureiro explicou também que o empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto, do grupo Toyo Setal, lhe procurou no diretório nacional do PT para oferecer a doação da empresa PEM Engenharia. Vaccari disse que indicou a conta e ofereceu recibo por se tratar de doação legal. Mendonça foi um dos delatores que disse ter feito a doação a título de propina por contratos com a Petrobras.
Em resposta ao deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que perguntou se ele defende o fim das doações de empresas ao PT, Vaccari respondeu:
- A minha opinião, enquanto membro do PT, é a favor de que os partidos só recebam recursos públicos diante da proporcionalidade que têm na Câmara. Esse é um debate intenso feito dentro do PT.
Vaccari também argumentou que há equivalência nas doações feitas pelas empreiteiras da Lava-Jato aos principais partidos do Brasil. Ou seja, o PT não foi o único privilegiado.
- A equivalência existe entre os partidos, porque as empresas fazem suas doações de acordo com seus interesses, e das suas necessidades e das suas compreensões que têm do país, da economia, dos partidos e assim sucessivamente - disse Vaccari.
Em sua apresentação inicial, Vaccari defendeu a legalidade das doações recebidas pelo partido. E também destacou em gráficos que as empreiteiras alvos da Operação Lava-Jato teriam doado em termos percentuais quantias semelhantes a PSDB e PMDB. No entanto, ao apresentar o gráfico do PT, ele mesmo reconheceu que a representação das porcentagens estava distorcida.
O tesoureiro afirmou ainda que nos encontros com Barusco as conversas tratavam de "política e assuntos diversos". Reiterou que as referências à negociação de propina não são verdadeiras. Questionado se concordaria em fazer acareação com Barusco, disse que isso não depende de sua vontade e que está à disposição das autoridades. Deu a mesma resposta sobre a possibilidade de acareação com Youssef.
Durante o depoimento, deputados da oposição atacaram Vaccari. Apesar disso, o tesoureiro se manteve calmo e não rebateu as acusações. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) o acusou de mentir na CPI e o comparou a Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado no processo do mensalão por corrupção passiva.
- É igual ao Delúbio. O senhor só não é debochado como ele. Mas o senhor é cínico, hipótrica - afirmou Lorenzoni, acrescentando:- O senhor Vaccari cometeu o crime de mentira. Ele mentiu aqui. Eu não fiz pergunta nenhuma. Eu não preciso de resposta de quem veio aqui para mentir.
Eliziane Gama (PPS-MA) primeiro perguntou se ele era inocente. Vaccari respondeu que sim. Depois, a deputada emendou:
- O senhor veio para mentir. Ficou muito claro.
PT X PSDB
Antes do inicio do depoimento, o líder do PT, Sibá Machado (AC), saiu em defesa de Vaccari. Machado afirmou que quem defende a saída de Vaccari do cargo está “fora do eixo”.
– Quem diz isso está fora do eixo. O petista que disser isso está fora do eixo. Isso é um absurdo e será uma pré-condenação – afirmou.
O líder disse que o pedido de habeas corpus feito pelo tesoureiro tem por objetivo apenas evitar que ele pudesse receber voz de prisão durante a CPI. Machado afirmou que a oposição quer fazer um circo e disse que o PT está levantando informações para fazer o enfrentamento com o PSDB.
— Se é guerra, então vamos para a guerra – disse.
O líder petista afirmou que deseja investigar as suspeitas de cartel nos metrôs de São Paulo e Salvador e a manutenção de contas na Suíça por integrantes da cúpula tucana dentro do caso conhecido como “Swissleaks”. Reportagem do GLOBO e do UOL mostrou que Márcio Fortes, da executiva tucana, é um dos políticos que aparece na lista de contas secretas no HSBC de Genebra.

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