De OGLOBO.COM.BR
RENNAN SETTI, COM AGÊNCIAS
Levantamento Ibope mostrou que Dilma cresceu nas intenções de voto, mas oposição avançou mais
Instituições financeiras recuperam perdas depois do tombo de quarta-feira, provocado por decisão desfavorável no STJ
Presidente do BC fala sobre arrefecimento da demanda pela venda de contratos dólares contratos de swap cambial, e dólar sobe 0,18%, cotado a R$ 2,213
RIO - A Bolsa brasileira continua subindo na tarde desta quinta-feira, diante da recuperação dos bancos e da Vale. Na quarta, o setor financeiro levou um tombo no mercado com sentença do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre correção das cadernetas de poupança desfavorável aos bancos. Também favorece o mercado a divulgação de taxa de desemprego abaixo da esperada para abril. O bom desempenho da Bolsa não foi alterado pela divulgação de pesquisa eleitoral com conclusão mista: Dilma cresceu, mas os opositores cresceram mais.
O índice de referência Ibovespa, que encerrou os três últimos pregões em queda, subia 0,91%, aos 52.676 pontos, às 16h23m.
— O mercado financeiro já tinha absorvido nos últimos dias a perspectiva de que a Dilma subiria nesta pesquisa. Então isso não impactou Bolsa hoje. Com o aumento maior da oposição, o efeito acabou sendo positivo. Mas nada muito forte, o mercado está mesmo parado — afirmou Carlos Müller, analista da Geral Investimentos.
O Banco do Brasil, que fechou o pregão de ontem com sua maior queda diária desde abril de 2009 (7,3%), sobe 2,81%. A ação chegou a subir 3,6% mais cedo. Já as ações preferenciais do Itaú Unibanco (sem direito a voto) sobem 0,80%. Os papéis dos dois bancos concentraram quase 25% das transações no mercado à vista durante a manhã. O Bradesco é o único que ainda sente a pressão da decisão judicial da véspera, caindo 0,72% (ordinária).
Na quarta-feira, a Bolsa fechou em queda, após a notícia de que o julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a correção das cadernetas de poupança era desfavorável aos bancos. O temor de perdas bilionários para as instituições financeiras fez o índice recuar 0,31%, aos 52.203 pontos. Na máxima do dia, chegou a subir 0,97%.
— Os bancos estão devolvendo hoje um pouco das perdas de ontem, mas as ações do setor continuarão apresentando volatilidade até o dia 28, quando o STF retomar o julgamento da legalidade do planos econômicos dos anos 80 e 90 — disse Elad Revi, analista de investimento da Spinelli Corretora. — Isso porque, dependendo do resultado, o julgamento pode corroer as margens dos bancos. Por mais que a nova dívida seja parcelada em 20 ou 30 anos, ela gera um ônus que não é fácil de lidar.
A Bolsa já vinha crescendo pela manhã e assim permaneceu depois de pesquisa Ibope mostrar hoje que a presidente Dilma Rousseff (PT) subiu três pontos nas intenções de voto. Mas os dois principais candidatos de oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), cresceram 11 pontos juntos, fazendo aumentar a chance de segundo turno na disputa. O levantamento expôs uma queda expressiva no nas intenções para votos brancos e nulos, que despencaram de 24% para 14%. O percentual de eleitores que declaram não saber em que votar também caiu, de 13% para 10%.
Petrobras oscila após pesquisa e revisão de JPMorgan
Já a alta do dólar ganhou força depois de o presidente do BC, Alexandre Tombini, dizer que percebe “certo arrefecimento” na demanda pelos contratos de swap cambial. A operação, que equivale à venda de dólares no mercado futuro, tem sido utilizada pela autoridade monetária diariamente, em volumes de quase US$ 200 milhões, para segurar a divisa americana desvalorizada. Com sua fala, Tombini indicou perspectiva de valorização da moeda no futuro. No meio da tarde, o dólar comercial sobe 0,31%, cotado a R$ 2,216 para compra e R$ 2,218 para venda.
— No primeiro momento, o programa teve demanda de empresas não financeiras e investidores não residentes. Mais recentemente, no entanto, temos observado um certo arrefecimento da demanda — afirmou o presidente da BC em evento organizado pela agência de notícias Bloomberg.
As ações da Vale, com peso combinado de 9,5% do Ibovespa, também sobem, contribuindo para o bom desempenho do Ibovespa. A alta reflete dado preliminar sobre a atividade industrial da China, maior mercado da mineradora. O índice registrou 49,7 em maio, maior valor em cinco meses. O papel ordinário sobe 1,73%, enquanto o preferencial avança 1,98%.
Já a ação da Petrobras começou a oscilar depois da pesquisa eleitoral e da notícia de que o banco americano JP Morgan revisou suas projeções para a companhia, citando instabilidade e câmbio. Segundo a agência Reuters, o banco reduziu a estimativa de vendas líquidas da estatal em 0,4% e 2,2% para 2014 e 2015, respectivamente, e diminuiu a projeção de Ebitda (lucros antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização) em 5,1% e 2,4% para este o próximo ano.
Os papéis da petrolífera deixaram de cair depois do meio da tarde, subindo 0,24% (ordinária) e 0,51% (preferencial).
Desemprego atinge mínima histórica em abril
A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 4,9% em abril, a menor para o mês desde o início da série histórica, iniciada em março de 2002. A previsão de analistas era de que a taxa ficasse entre 5% e 5,3%. A renda real (descontada a inflação) habitual foi de R$ 2.028,00, queda de 0,6% frente a março e uma alta de 2,6% em comparação com abril de 2013, quando tinha sido de R$ 1.977,24.
Nos EUA, as Bolsas têm leve alta. A Nasdaq avança 0,74%. O índice S&P 500, 0,34%. Já o Dow Jones apresenta estabilidade, subindo 0,10%. Na Europa, o índice de referência Euro Stoxx fechou estável, em alta de 0,02%. Também encerrou o pregão com estabilidade o FTSE 100, da Bolsa de Londres, com recuo de apenas 0,01%.