sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

MUNDO: Procuradoria espanhola pedirá prisão imediata de cunhado do rei condenado

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Justiça absolveu princesa Cristina em escândalo de corrupção, mas marido pegou seis anos

Princesa Cristina chega com seu marido para tribunal durante julgamento do caso Noos em janeiro de 2016 - MARCELO DEL POZO / REUTERS

MADRI — A princesa Cristina da Espanha e o seu marido, Iñaki Urdangarin, receberam nesta sexta-feira o veredito do julgamento do caso Noos, um escândalo por crimes fiscais e corrupção que abalou profundamente a imagem da realeza espanhola. Ela foi absolvida e deverá pagar 265 mil euros por responsabilidade civil, enquanto ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão. Segundo fontes do Ministério Público, citadas pelo jornal "El País", a Procuradoria pedirá a prisão imediata de Urdangarin — condição possível para uma pena acima de seis anos de prisão.
Urdangarin, medalhista olímpico de handebol e empresário, também terá que pagar uma multa de 512 mil euros. O veredito foi uma decisão unânime das três juizas responsáveis pelo caso.
O julgamento durou cerca de um ano e contou com 18 réus. No total, nove deles foram absolvidos.Quem recebeu a pena mais alta foi Diego Torres, sócio do marido da infanta. Ele foi condenado a oito anos e seis meses de prisão.
Urdangari enfrentou a acusação mais grave do caso. Ele usou o seu título de duque de Palma para desviar cerca de € 6 milhões em contratos públicos através do Instituto Noos, uma organização sem fins lucrativos que dirigia com outro sócio. Nesta sexta-feira, foi condenado pelos crimes de prevaricação, peculato, fraude, tráfico de influência e dois delitos contra as finanças públicas.
Já Cristina foi acusada de ter atuado como cooperadora necessária em dois delitos de evasão fiscal. Ela era julgada por supostamente não declarar impostos sobre despesas pessoais pagas pela Aizoon, uma empresa suspeita de corrupção de sua propriedade e de seu marido. A Justiça do país argumentou que o crime não só prejudica a administração pública, mas também a todos os cidadãos.
Em 2014, a infanta havia pagado 587 mil euros à Justiça, como pedia a Procuradoria durante o julgamento. No entanto, o tribunal estabeleceu que o valor final a ser pago pela princesa é de 265 mil euros. Por isso, ela receberá a diferença de 372 mil euros como restituição.
Em Genebra nesta sexta-feira, a infanta e seu marido não foram chamados a comparecer ao tribunal para o veredito. Os dois vivem na Suíça com seus quatro filhos desde 2013 e sempre negaram as acusações de irregularidades.
Após a sentença vir a público, o advogado de Cristina disse que ela estava satisfeita pelo reconhecimento da sua inocência, mas seguia convencida da inocência do seu marido. Enquanto isso, o rei Felipe fazia uma visita ao museu Thyssen, em Madri, e evitou comentar a história. Fontes da Casa Real expressaram seu "absoluto respeito pela independência do Poder Judicial"
Segundo o jornal "El País", Cristina se mudará para Portugal para ficar mais perto do seu marido. A família deverá apenas esperar o fim do ano letivo dos filhos na Suíça para se transferir.
Cristina chega ao lado de Iñaki Urdangarin a tribunal em Palma de Mallorca - ENRIQUE CALVO / REUTERS

Dois procuradores representando as autoridades fiscais espanholas defenderam que as acusações contra Cristina fossem retiradas durante o julgamento, porque a infanta não teria cometido crimes.
Em depoimento durante o julgamento, ao ser interrogada por cerca de 20 minutos pelo seu advogado, a infanta se declarou completamente desvinculada da gestão da empresa Aizoon, de que é co-proprietária junto ao seu marido. A princesa negou que ela ou o seu marido tenham contas em paraísos fiscais.
— Não tenho contas em paraísos fiscais. Tenho, sim, uma conta na Suíça, já que moro na Suíça — disse a princesa, segundo o jornal "El País". — Nunca tive contas em paraísos fiscais, assim como meu marido.
A investigação serviu para aumentar o sentimento de rejeição dos espanhóis sobre a família real. Muitos dizem que a realeza não se conecta com as pessoas comuns do país. O apoio popular à família já havia sofrido uma bruta quada quando o então rei Juan Carlos foi a uma expedição para caçar elefantes na África no ápice da crise financeira. O monarca abdicou em favor do seu filho mais novo, Felipe, que hoje ocupa o trono.

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