segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

LAVA-JATO: Desde delação, Marcelo Odebrecht enfrenta mágoa de antigos colegas

FOLHA.COM
BELA MEGALE, DE BRASÍLIA

Rodrigo Félix Leal - 1º.set.2015/Futura Press/Folhapress 
Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)

Desde que firmou acordo de delação premiada, Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, tornou-se alvo de mágoa da maioria dos 77 delatores da empresa que presidiu.
O herdeiro do grupo baiano vive uma espécie de isolamento. Segundo a Folha apurou, muitos dos demais delatores atribuem a Marcelo a inclusão de seus nomes na Lava Jato.
Em conversas reservadas, executivos e ex-executivos alegam que somente cumpriam ordens dele sobre decisões envolvendo pagamentos de vantagens a políticos.
Em entrevistas a procuradores da Lava Jato na negociação da delação, o herdeiro da Odebrecht, no entanto, dividiu a autoria desses atos com subordinados.
O cenário prejudicou o processo de sucessão de postos de liderança do grupo. Marcelo arrastou para o acordo de delação executivos que vinham sendo preparados para assumir posições de destaque no futuro.
Entre eles estão Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Paulo Cesena, ex-presidente da Odebrecht Transport, Ernesto Baiardi, diretor em Angola, e Carlos Fadigas, ex-presidente da Braskem.
Com carreiras interrompidas e reclusão de até um ano, os executivos não escondem de interlocutores a insatisfação com o herdeiro, que pegou pena de dez anos, sendo dois e meio em regime fechado.
Funcionários que foram alvos de operação e chegaram a ser presos, como Márcio Faria, ex-diretor da construtora, e Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, também colocam na conta de Marcelo o tamanho das penas que levaram.
ABANDONAR O BARCO
A pessoas próximas eles costumam dizer que o capitão do navio, numa alusão a Marcelo, teria que ser o último a abandonar o barco, mas foi um dos primeiros.
A versão de Marcelo Odebrecht é diferente. Nas tratativas do acordo, repetia que assumiria os atos que praticou, mas que cada um teria que responder pelo que fez.
Faria e Júnior, por exemplo, relataram casos de pagamento ilícito feitos antes de Marcelo assumir a presidência do grupo, em 2009.
Cezena, Reis, Fadigas e Baiardi fazem parte dos 26 funcionários mantidos no grupo, apesar de terem funções reduzidas devido aos acordos que assinaram com o Ministério Público Federal.
Faria e Júnior são parte dos 51 executivos que foram ou serão demitidos do grupo. O número de empregados que teriam que ser desligados foi negociado com os procuradores na delação.
O grupo vai pagar as multas impostas aos delatores, de mais de R$ 500 milhões, conforme a Folha revelou.
A Folha apurou que pelo menos dez executivos da Odebrecht que antes integrariam o acordo de leniência (delação da pessoa jurídica) tiveram que se tornar delatores por imposição do MPF devido às revelações de Marcelo.
A situação considerada mais delicada é a do pai dele, Emílio, sócio majoritário do grupo. Marcelo falou aos procuradores que assuntos tratados com o ex-presidente Lula tinham que ser perguntados ao pai. A relação de pai e filho se desgastou no processo.

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