segunda-feira, 1 de outubro de 2018

ECONOMIA: Dólar encerra sessão em queda valendo R$ 4,01; Bolsa caiu

OGLOBO.COM.BR
POR GABRIEL MARTINS / JOÃO SORIMA NETO

Clima mais calmo no exterior favoreceu moedas de países emergentes

Cédulas de dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos - Chris Ratcliffe / Bloomberg

RIO e SÃO PAULO — Com um cenário externo mais calmo, o dólar comercial começou o mês de outubro com desvalorização frente ao real. A moeda americana terminou a sessão negociada a R$ 4,01, baixa de 0,46%, depois de subir à máxima de R$ 4,06 pela manhã. Os investidores repercutiram positivamente o acordo comercial entre México, EUA e Canadá. Já na Bolsa, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, recuou 0,91% aos 78.623 pontos refletindo as incertezas trazidas pelo cenário eleitoral na reta final para o primeiro turno da eleição presidencial, no próximo final de semana.
- Com uma semana cheia de pesquisas eleitorais, o mercado está na expectativa. No pregão, apesar do cenário externo mais calmo, com feriados na China e o acordo entre México, EUA e Canadá, o que pesou hoje foi a expectativa eleitoral - disse Pedro Galdi, analista da corretora Mirae.
Houve ainda, segundo um analista que prefere não ser identificado, um movimento de venda de ações por estrangeiros. Depois de uma valorização de 3,5% em setembro do Ibovespa, esses investidores aproveitam para se desfazer de suas posições na última semana antes das eleições. A baixa da Bolsa foi puxada por papeis de estatais.
- Muitos desses investidores estão aproveitando para embolsar os ganhos de setembro, antes do primeiro turno da eleição - diz o analista.
ACORDO COMERCIAL SALVO
No final de semana, Washington e Ottawa fecharam um acordo de último minuto para salvar o acordo comercial Nafta com um pacto trilateral com o México. Trata-se de uma zona de livre comércio entre os três países que movimenta US$ 1,2 trilhão ao ano e estava prestes a entrar em colapso após quase 25 anos de existência. O fim positivo do embate entre os países da América do Norte agradou aos investidores.
Na Europa, as principais bolsas fecharam em alta - exceto Londres, que cai pelas incertezas do Brexit, a saída da inglaterrra da União Europeia - que segue sem definições. A bolsa de Milão também fechou em queda com os problemas fiscais na Itália. Nos EUA, os principais índices acionários também fecharam em alta, com exceção da Nasdaq que terminou com queda de 0,11%.
Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor, o acordo comercial entre México, Estados Unidos e Canadá trouxe uma tranquilidade ao mercado e a expectativa de que os Estados Unidos adote um tom menos belicoso em suas relações comerciais coma China. Na prática, diz o analista, esse cenário favoreceu moedas de países emergentes que tiveram forte desvalorização recentemente.
- O clima externo deu o tom sobre o dólar hoje. A lira turca e o peso de recuperaram. Por aqui, o dólar começou o dia em alta frente ao real, mas inverteu o sinal e se desvalorizou. A avaliação do mercado é que mesmo com o tom mais tenso colocado pelos Estados Unidos nas negociações com o antigo Nafta e com a China, o país está aberto a acordos e está colhendo resultados positivos - disse Alessie.
Para ele, as pesquisas eleitorais não fizeram preço no dólar hoje já que a avaliação é que o primeiro turno está dado, com um candidato considerado mais reformista e outro menos alinhado com as reformas desejadas passando para o segundo turno. As apostas agora passam a ser no segundo turno, afirma o analista.
- O mercado já começa a olhar o segundo turno. No primeiro, as coisas já estão praticamente definidas - disse Alessie.
BANCOS E PETROBRAS EM QUEDA
As ações de bancos, que têm maior peso na composição do Ibovespa, fecharam em queda. Os papeis preferenciais do Itaú Unibanco perderam 1,17% a R$ 43,59, enquanto as ações PN do Bradesco perderam 1,36% a R$ 28,28. Já as ações preferenciais da Petrobras fecharam estáveis a R$ 21,09 enquanto as ordinárias tiveram leva alta de 0,08% a R$ 24,25.
A maior queda do Ibovespa foi apresentada pelos papéis ordinários da Qualicorp, que recuaram 29,79%, a R$ 11,57. O fundador da Qualicorp José Seripieri Filho fechou acordo com a empresa para não vender suas ações e abrir um novo negócio. Dessa forma, ele não competirá com a companhia no ramo de planos de saúde. Seripieri tem 15% do capital total da Qualicorp. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração, sem participação ampla de acionistas minoritários, o que pode ser avaliado negativamente pelo mercado, informaram analistas do Bradesco BBI em relatório.
“Em nossa visão, isso é um sinal negativo em termos de governança corporativa, que pode preocupar investidores”, afirmou o Itaú BBA, também em nota a clientes.
Revisão do câmbio para 2018
No mês de setembro, a moeda americana registrou desvalorização de 0,85% ante o real. Entretanto, na comparação anual, o dólar acumula alta de 21,8% sobre a moeda brasileira.
Após duas revisões para cima, os economistas voltaram a reduzir suas apostas para o dólar no fim de 2018, de R$ 3,90 para 3,89, segundo a mediana das estimativas informada na pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda.

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