segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MUNDO: Reeleito, Chávez convida a oposição a trabalhar junto

Presidente venceu com 54,42% dos votos, enquanto Capriles obteve 44,97%
Hugo Chávez cumprimenta milhares de pessoas no balcão do Palácio Miraflores, em Caracas - REUTERS

CARACAS - A Venezuela viveu no domingo uma eleição que mobilizou como poucas os cerca de 19 milhões de eleitores do país e que, com 90% dos votos apurados, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), abriu as portas para a terceira reeleição consecutiva do presidente Hugo Chávez, com 54,42% dos votos. O candidato da oposição, Henrique Capriles, protagonista da melhor campanha realizada pelos opositores do Palácio Miraflores na era Chávez, na opinião de analistas locais, obteve 44,97%, abaixo das expectativas dos antichavistas, mas o melhor resultado já obtido pelos adversários numa eleição presidencial. Em 2006, Chávez derrotou seu rival na época, Manuel Rosales, por cerca de 25 pontos percentuais.
No Palácio Miraflores, Chávez foi saudado por milhares de pessoas, agradeceu a Deus, aos eleitores e aos opositores por terem reconhecido o resultado:
- Um reconhecimento especial a todos que votaram contra nós por sua demonstração cívica. (...) Aos que andam promovendo o ódio, os convido para o diálogo, o debate e o trabalho conjunto pela Venezuela bolivariana.
Mas com o resultado, alcançado numa eleição com altíssima participação popular (80,94%), ficou claro que o chavismo deixará de ser a única força política do país e deverá aprender a conviver com uma oposição fortalecida, organizada e com profundos vínculos com grande parte da sociedade.
- Para saber vencer devemos saber perder. O que o povo diz é sagrado - declarou Capriles, vestindo um casaco com as cores da bandeira nacional. - Começamos a construção de um caminho que aí está, mais de seis milhões de pessoas buscando um futuro melhor. Vocês contam comigo.
Distribuição de comida
Capriles pediu a Chávez “que leia com grandeza o resultado eleitoral”, lembrando que é preciso trabalhar por todos os venezuelanos. Antes do anúncio da vitória e em clima de empate técnico, Chávez recomendou calma ao comando de campanha:
- Vamos reconhecer o resultado, seja qual for. O triunfo será da democracia - disse.
Durante a tarde, entre os chavistas, o clima era de nervosismo. A possibilidade de derrota nunca foi cogitada publicamente, mas, em conversas informais, representantes do governo admitiam que era uma possibilidade. Ainda com longas filas nos centros de votação, o canal estatal Venezolana de Televisión (VTV) pediu aos telespectadores: “Votem! Você ainda tem tempo!”. Nas ruas de Caracas, chavistas circulavam pela cidade de moto, gritando o nome do presidente. A cena se repetiu em vários bairros da capital. A meta estava clara: era necessário mobilizar o máximo de eleitores para evitar derrota inédita do presidente, eleito em 1998 e reeleito em 2000 e 2006, com ampla maioria.
A polarização política do país alcançou seu auge ontem, o que obrigou chavistas a realizarem um trabalho intenso para mobilizar sua tropa. Em bairros humildes como Petare, considerada a maior favela do mundo, seguidores do presidente distribuíram comida e ajudaram eleitores a encontrarem as seções onde deviam votar. Em alguns centros de votação, os presidentes de mesa entraram na cabine com os eleitores para ensinar-lhes o processo, criando um clima de intimidação.
Meios de comunicação locais confirmaram quatro assassinatos em Caracas e no estado de Miranda, perto de centros de votação. A princípio, não ficou claro se houve uma relação entre as mortes e a eleição. No entanto, o medo de que a disputa entre Chávez e Capriles terminasse em guerra campal pairou sobre a Venezuela durante todo o dia. O chefe do Comando Estratégico de Operações (CEO), general Wilmer Barrientos, percorreu escolas da capital, tentando transmitir tranquilidade à população.
Chavistas e opositores usaram e abusaram das redes sociais para pedir a todos que votassem. As filas foram quilométricas em alguns lugares e a demora podia durar até seis horas. A maioria aguentou até o fim, ciente de que estava diante de batalha decisiva. Chávez aproveitou para defender a democracia do país e mencionar colegas como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
- Lula me disse uma vez que este é o país mais democrático porque todos os anos há uma eleição.
Com o resultado já oficializado, colaboradores de Capriles tentaram explicar o revés sofrido nas urnas:
- Os programas sociais, o poder do Estado, é difícil derrotar um governo que controla tantos recursos - disse um assessor do candidato opositor.

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