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E&N TEMPO REAL
Hugo Passarelli
Olívi Bulla, da Agência Estado
A mesma tônica que tem marcado os recentes pregões da Bovespa deve ser
repetida nesta quarta-feira, com os investidores ainda indispostos com a “mão
visível” do governo brasileiro em alguns setores econômicos, o que tem inibido
uma arrancada dos negócios locais. Porém, à medida que o exterior permitir, a
renda variável brasileira tende a conquistar algum espaço, ainda que sem
convicção e diante de um cenário nebuloso. Ao menos a agenda econômica do dia
ganha força nos Estados Unidos, enquanto no Brasil a taxa básica de juros
(Selic) será atualizada no início da noite. Por volta das 10h10, o Ibovespa
subia 0,60%, aos 59.295,63 pontos, na máxima.
“A tendência para a Bolsa é seguir lateral”, avalia o operador sênior da
Renascença Corretora, Luiz Roberto Monteiro. “O problema é que a Bolsa tem
trabalhado em uma sintonia diferente da do exterior”, acrescenta. O profissional
refere-se à interferência do governo na economia, que tem afetado diversos
setores de modo diferente. “Uns ganham, outros perdem”, diz, citando,
principalmente, o peso em cima dos bancos e do setor elétrico.
Segundo Monteiro, essa intervenção tem alterado “as regras do jogo no mercado
e não cria confiança entre os investidores”. Até por isso, ele acredita que a
taxa Selic em níveis historicamente baixos não influi na renda variável
doméstica. “É mais uma maneira do governo de interferir”, avalia, referindo-se
aos discursos cruzados entre autoridades do Banco Central e do governo na
condução da política monetária.
Para piorar, o ambiente internacional segue repleto de incertezas, sobretudo
por causa de Grécia e Espanha. As declarações de David Riley, da Fitch, de que a
agência de classificação de risco vê potencial para novos rebaixamentos no
rating de risco de crédito de países da zona do euro mantêm aceso o sinal de
alerta nos negócios com risco. Para ele, existem três grandes riscos à economia
global: o precipício fiscal dos Estados Unidos, a crise da dívida soberana na
Europa e o pouso forçado da China.
Já os negócios em Nova York são prejudicados pelo balanço da Alcoa. O
resultado da líder mundial na produção de alumínio superou as expectativas, a
despeito do prejuízo trimestral e da queda no faturamento, e ainda revisou em
baixa a previsão para os negócios por causa da menor demanda global por
commodities vinda da China. Ainda nos EUA, às 11 horas, saem as vendas e os
estoques no atacado em agosto.
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