Por Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Com os resultados totais bem cruzados e amarrados, melhores análises virão
sobre as eleições de ontem cujos efeitos ainda repercutirão por alguns dias.
Nada com vida muito longa que perdure até 2014, nem tão curta que não produza
consequências.
A primeira é uma constatação: nem a oposição está tão fraca como se imaginava
nem o governo está tão forte quanto o PT esperava que estivesse às vésperas de
completar uma década na Presidência da República.
O partido teve vitórias pouco importantes em 1.º turno, mas em compensação
será protagonista nos embates mais politizados da etapa final: São Paulo e
Salvador, duas arenas onde haverá carnificina.
Visto do alto, com os resultados das urnas ainda bem fresquinhos, o cenário
de 2012 é de equilíbrio entre os principais partidos.
Quase todos eles são da base do governo federal? São, mas, como se sabe, não
há nada mais volátil que base de sustentação governista quando surgem os
primeiros sinais de fragilidade política.
Os fiéis farejam e, em movimentos cadenciados, deslocam sua fidelidade para
caminhos mais promissores no quesito expectativa de poder.
Nesse instante a roda começa a girar. Para qual lado exatamente pode-se até
tentar adivinhar, mas corre-se o risco de perder um tempo que o leitor
certamente não tem para desperdiçar.
Portanto, por ora melhor ficar com o que temos de líquido e certo, que é um
quadro razoavelmente equilibrado. Adequado a uma sociedade plural e a um sistema
multipartidário, sempre mais bem representado quando não há preponderância
absoluta de uma corrente sobre as demais.
Isso e ainda outra boa notícia: quanto mais equilíbrio houver, mais o
governante terá de ser moderado no uso de suas ferramentas de comando.
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