terça-feira, 13 de março de 2012

SEGURANÇA: Anísio, Capitão Guimarães e Turcão são presos em ação da PF contra o jogo do bicho

O Globo
Outras sete pessoas da cúpula foram presas na operação, que aconteceu na capital fluminense e em Niterói

RIO - Cinco dias após ser beneficiado por um habeas corpus, o bicheiro e patrono da escola de samba Beija-Flor, Aniz Abrahão David, o Anísio, foi preso novamente na manhã desta terça-feira durante uma operação da Polícia Federal. Anísio continua internado no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, e ficará sob vigilância de agentes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, e Antonio Petrus Kalil, o Turcão, também foram presos na ação. Outras sete pessoas da cúpula do jogo do bicho foram presas nesta manhã. Os demais nomes ainda não foram divulgados pela PF.
Os mandados foram expedidos pela Justiça após investigações realizadas durante a Operação Hurricane desencadeada em abril de 2007. Os suspeitos estão sendo levados para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio, de onde seguirão para um presídio do estado.
Anísio segue em estado estável, segundo a assessoria do Pró-Cardíaco, mas não há previsão de alta. Ele foi internado no dia 13 de fevereiro em função de distúrbios gastrointestinais e otorrinolaringológicos. Ainda de acordo com a assessoria do hospital, Anísio sofre de uma cardiopatia hipertensiva.
O contraventor já tinha sido preso pela mesma operação em 2007. Ele foi solto e preso novamente no dia 11 de janeiro deste ano, desta vez em função de um mandado de prisão expedido pela Justiça Estadual na Operação Dedo de Deus, deflagrada em dezembro pela Polícia Civil do Rio. No último dia 8, Anísio e Luiz Pachedo Drumond, o Luizinho Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense,
foram beneficiados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) com habeas corpus. No caso de Luizinho, que estava foragido, o ministro afirmou que, no pedido de prisão preventiva dele, não havia demonstrações individualizadas da necessidade de seu acautelamento. Ou seja, no processo, observou o ministro, não havia sequer uma menção específica que acusasse Luizinho diretamente. Já no caso de Anísio, o benefício foi uma extensão do concedido a outro contraventor acusado na Operação Dedo de Deus, Hélio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente da Grande Rio. Os habeas corpus foram concedidos no mesmo dia em que outro ministro do STJ, Gilson Dipp, presidente da comissão de reforma do Código Penal, defendeu a criminalização do jogo do bicho.
Luizinho estava foragido
desde dezembro do ano passado, quando a Polícia Civil realizou uma operação para prender um grupo de bicheiros. Luizinho, Helinho e Anísio, além de outras 41 pessoas foram arrolados em um inquérito da Corregedoria da Polícia Civil que investigava uma quadrilha de contraventores que, para melhorar os negócios, investiu em tecnologia, utilizando máquinas de anotação eletrônica do jogo do bicho.
Relembre a operação Hurricane
Apelidada de Hurricane (furacão, em inglês), a operação deflagrada pela Polícia Federal em 13 de abril de 2007 contra a máfia dos caça-níqueis provocou no Judiciário um estrago digno da catástrofe natural. Foram presas 25 pessoas, entre elas o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2 Região (TRF-RJ), o desembargador José Eduardo Carreira Alvim; o desembargador Ricardo Regueira, também do TRF do Rio; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP); o procurador Regional da República João Sérgio Leal Pereira e o advogado Virgílio de Oliveira Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, que também foi acusado de participação no esquema, mas sem ser preso.
Em uma gravação feita pela PF em agosto de 2006, Virgílio Medina negociava com Sérgio Luzio Marques de Araújo, advogado de importadores de caça-níqueis, uma decisão judicial por R$ 1 milhão. Dias depois, o ministro Paulo Medina concedeu liminar liberando 900 máquinas caça-níqueis, apreendidas pela PF em abril daquele ano, em Niterói.
Segundo a PF, o desembargador Carreira Alvim teria recebido suborno para liberar o mesmo lote de 900 máquinas, quando caso ainda estava na Justiça Federal do Rio. Além de dar a liminar, o desembargador concedeu efeito suspensivo para futuros recursos contra a liberação. Em gravações feitas pela PF, um dos integrantes da quadrilha menciona o pagamento de R$ 1 milhão ao desembargador.
Também membro da Justiça Federal fluminense, o desembargador Ricardo Regueira teria participado de um reunião com Alvim e o advogado Sérgio Luzio em um hotel de propriedade do bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão. Já o juiz trabalhista Ernesto Dória receberia uma "mesada" de R$10 mil para intermediar negociações da quadrilha.
Na Hurricane, os agentes federais prenderam também os contraventores Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; e Turcão. Durante a operação, foram apreendidos R$ 10 milhões e 51 carros de luxo, avaliados em R$ 5 milhões, 161 relógios e joias.

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