segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

ECONOMIA: Trégua na guerra comercial entre EUA e China faz dólar fechar em queda nesta segunda

OGLOBO.COM.BR
Gabriel Martins

Bolsa brasileira renova recorde de pontuação, mas perde força no fechamento

Cédulas de dólar e yuan, as moedas oficiais dos EUA e da China, respectivamente Foto: Thomas White / Reuters

RIO — O acordo entre Pequim e Washington para cessar a guerra comercial refletiu positivamente no mercado. O dólar comercial fechou com queda de 0,35% ante o real, valendo R$ 3,842. O bom humor também foi refletido na Bolsa. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro de ações, avança 0,34%, aos 89.805 pontos; nesta segunda, atingiu o recorde de 91.242 pontos. As Bolsas da Ásia e da Europa também terminaram o dia com valorização, a maioria com ganhos acima de 1%. No mercado dos EUA, dia também foi ganhos.
O presidente americano concordou em suspender durante três meses seu plano de subir de 10% para 25% as tarifas americanas a produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões, enquanto negocia com Pequim "mudanças estruturais" a sua política econômica.
Os embates entre os dois países, que vinha se arrastando desde o início do ano, sempre levava muita volatilidade aos negócios. A cada medida de Washington, que era seguida de uma resposta de Pequim, os investidores ficavam avessos ao risco, buscando proteção na moeda americana. Com o acordo firmado, embora por um prazo de 90 dias, o mercado enxerga que existe a possibilidade da trégua continuar por mais tempo.
— O acordo entre China e Estados Unidos é o fato mais recente que contribui para este ânimo nos mercados, mas não é o único — pontua Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor. — A fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), na semana passada, indicou que a autoridade monetária seguirá uma postura ainda mais gradual no aumento da taxa de juros. O mercado já precifica a quarta alta neste dezembro, mas projeta uma postura mais cautelosa para o próximo ano.

O viés positivo nos mercados é global. No exterior, o Dollar Spot, índice da Bloomberg que acompanha o desempenho da divisa americana frente a uma cesta de moedas, recua 0,31%.
O acerto entre as duas potências globais também foi bem recebido na Ásia e na Europa. Os índices acionários chineses registraram seu maior ganho diário em um mês, ao mesmo tempo em que o iuan se firmou nesta segunda-feira. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, avançou 2,8%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 2,6%.
Na Europa, as principais Bolsas terminaram a segunda-feira em alta, com o índice FTSE-100 de Londres subiu 1,18%, o DAX, da Bolsa de Frankfurt, avançou 1,85%, e o CAC-40 de Paris encerrou o pregão com alta de 1%.
Na manhã desta segunda, Trump, escreveu em sua conta no Twitter que a China concordou em cortar as tarifas dos carros americanos importados dos EUA . As autoridades chinesas não confirmaram nem negaram o plano tarifário, conforme o que foi relatado pelo presidente americano.
Destaques do Ibovespa
O pregão desta segunda é positivo para a Bolsa brasileira. As principais ações operam com bons ganhos. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras avançam, respectivamente, 2,28% (R$ 28,92) e 2,23% (R$ 26,03). Outra estatal que performa bem é a Eletrobras, cujas ações ON sobem 1,92% (R$ 24,90).
A valorização nos papéis da petroleira é explicada pela conversa entre Rússia e Arábia Saudita no G-20. Os dois países aceitaram prorrogar até 2019 o acordo para redução da produção de petróleo e sustentação do preço do petróleo , que vigora desde 2016. O anúncio foi feito pelo presidente russo Vladimir Putin. Desta maneira, o barril de petróleo tipo Brent sobe 3,11% nesta sessão. O anúncio abre caminho para um acordo na reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nesta semana, em Viena, capital da Áustria.
A Vale, que também comercializa commodities (minério de ferro), avança neste pregão, mesmo com a queda do dólar. As ações registram ganhos de 2,68% (R$ 54,22). As conversas entre Pequim e Washigton contribuíram para a alta do minério de ferro.
Rodrigo Galindo, sócio-gestor da Novus Capital, pontua que o acordo entre as duas maiores economias do mundo contribui para as altas das matérias-primas negociadas em Bolsa. Sendo assim, o Brasil é bastante beneficiado.
— O Brasil é um país que depende bastante da exportação decommodities . A retirada deste peso da mesa de negociações, mesmo que temporariamente, contribui muito para o bom desempenho de algumas empresas brasileiras.
Os bancos, de maior peso no Ibovespa, também operam com fortes ganhos. As ações ON do Banco do Brasil e do Bradesco têm variação positiva de 0,8% e 2,14%, respectivamente. Os papéis PN do Itaú Unibanco avançam 0,36%.
Galindo indica, também, que a agenda do próximo governo, de viés mais liberal, deve contribuir para a manutenção do mercado em campo positivo.
— Vemos que os índices de confiança e investimetno têm aumentado, e isso é antecedente para o crescimento de crédito de melhor qualidade — diz. — Em um segundo momento, essas melhoras são refletidas em emprego e renda. O ciclo da economia brasileira entrou em um momento de otimismo.

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