segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

FRAUDE: Quadrilha que tentou desviar R$ 73 milhões da Caixa cometeu erros grosseiros

De OGLOBO.COM.BR
JAILTON DE CARVALHO (EMAIL)

Suspeito comprou sete carros de uma vez numa concessionária
Avião apreendido, que pertenceria ao suplente de deputado Ernesto Vieira (PMDB-MA)divulgação/polícia federal
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O grupo que tentou desviar R$ 73 milhões da Caixa forjando um bilhete de Mega-Sena premiado usou 200 contas para camuflar a origem do dinheiro roubado, segundo levantamento preliminar da polícia. Mas, em alguns momentos, cometeu erros considerados crassos. Dias depois do golpe, um dos suspeitos foi a uma concessionária em Goiânia e comprou nada menos do que seis Corollas e uma caminhonete Hillux de uma única vez. Para a polícia, esta foi, provavelmente, a maior venda desses tipos de carro numa concessionária para um único cliente. Em geral, quem faz compras desse tamanho são empresas.
A polícia se surpreendeu com a simplicidade do golpe. Num mundo marcado pelo domínio da tecnologia, a fraude teria se limitado à abertura de uma conta em nome de um correntista fictício e à liberação do pagamento de R$ 73 milhões por um bilhete premiado também inexistente. A Caixa informou que o gerente-geral da agência da Caixa em Tocantinópolis (TO), Robson Pereira do Nascimento, um dos acusados, autorizou o pagamento do falso prêmio sem a apresentação do bilhete. Nascimento está preso desde o mês passado, quando se tornou um dos principais suspeitos da fraude.
A Caixa não explicou, no entanto, quais são os mecanismos de controle interno usados para coibir pagamentos indevidos da Mega-Sena. Nem como um gerente de uma agência tem autonomia a ponto de autorizar um pagamento de R$ 73 milhões sem a checagem prévia da validade, ou mesmo da existência do bilhete premiado.
Grupo tentou disfarçar movimentação
A polícia descobriu também que o grupo tentou disfarçar a movimentação dos recursos com um depósito de R$ 42 milhões na conta de uma empresa de transportes de São Luís. A polícia pediu o bloqueio do dinheiro e a prisão do representante da empresa, que seria de São Paulo. O empresário golpista é um dos acusados de envolvimento no caso que estão foragidos. Até agora, a polícia prendeu dois suspeitos: Robson Nascimento e Ernesto Vieira.
Outras três pessoas envolvidas no esquema tiveram prisão preventiva decretada e também são consideradas foragidas. Uma delas, segundo a PF, recebeu parte do dinheiro do golpe. Outra estava com Ernesto Vieira no dia da abertura da conta, e o terceiro envolvido é um corretor, que diz ter recebido R$ 150 mil como comissão na venda de uma fazenda.
O golpe foi aplicado na conta de pagamento de prêmios da Mega-Sena. No último dia 5 de dezembro, Nascimento autorizou a abertura de uma conta e usou sua senha para transferir R$ 73 milhões a um suposto ganhador. Depois, foram feitas transferências de R$ 40 milhões para uma conta em São Paulo e R$ 33 milhões para outra em Goiás.
A partir destas duas transações, centenas de transferências de valores mais baixos foram feitas, para facilitar saques, segundo a PF. Cerca de 70% do dinheiro já foram recuperados. A Caixa, que classificou o golpe como o maior já ocorrido na instituição, acionou a Polícia Federal cerca de seis dias depois de constatar que não havia bilhete premiado.
O suplente de deputado federal Ernesto Vieira Carvalho Neto (PMDB-MA), prestou depoimento, sábado, à Polícia Federal, em Araguaína, Tocantins, mas permaneceu em silêncio. Vieira está preso na Casa de Detenção Provisória de Araguaína (TO). A polícia suspeita que ele recebeu pelo menos R$ 13 milhões de todo o montante desviado. Entre os bens apreendidos na Operação Eskhara (referência à escara, ferida que não cura), está um avião Minuano, que seria de Vieira.
- Ele se negou a falar. Uma procuradora da República estava junto, e foi proposta a delação premiada. Mesmo assim, permaneceu em silêncio. Ele não terá outra chance, mesmo se mudar de ideia. Agora, só falará em juízo - afirmou, neste domingo, o delegado da Polícia Federal em Araguaína, Omar Pepow, que comandou as investigações.
Número de prisões pode aumentar
A PF esperava, com o depoimento do suplente de deputado, chegar a outros nomes de envolvidos na fraude. O próximo passo, segundo o delegado, será investigar a empresa administrada por Carvalho Neto, que teve R$ 13 milhões depositados em conta corrente. Há suspeita de que a empresa pertença ao peemedebista.
- Vamos investigar também outras contas bancárias que receberam valores menores. Uma conta no Ceará, por exemplo, teve depósito de R$ 3,5 milhões. Dependendo do rumo das investigações, o número de pedidos de prisões pode aumentar - diz o delegado Pepow.

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