quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DIREITO: Caso Bruno: acusação diz que Macarrão pode assumir culpa

De OGLOBO.COM.BR

Mais cedo, novo advogado de Bruno conseguiu adiar julgamento do goleiro para março
Bruno conversa com advogados no Fórum de Contagem - FABIANO ROCHA / EXTRA / O GLOBO
RIO — O assistente de acusação Cidnei Karpinski disse no fim da manhã que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pode assumir a culpa pelamorte de Eliza Samúdio. Esta pode ser mais uma das reviravoltas do julgamento dos acusados pelo desaparecimento e morte de Eliza.
- O réu Macarrão pode vir a assumir toda a culpa. Essa pode ser uma manobra para tentar a absolvição de Bruno. Infelizmente é uma manobra legal - disse Cidnei.
O terceiro dia do julgamento já começou com uma reviravolta. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues decidiu desmembrar o júri do goleiro Bruno Fernandes, acusado de ser o mandante do crime, depois de o advogado Lúcio Adolfo da Silva entrar na defesa do jogador. O novo advogado do atleta alegou que, como não conhece o processo, precisa de tempo para estudá-lo. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro considerou que esse pedido é uma manobra da defesa para adiar o julgamento, mas a juíza, mesmo concordando, disse que o novo advogado precisa de mais tempo para conhecer o processo. Alegando dificuldades para "arregimentar jurados em janeiro e fevereiro", a juíza remarcou o júri de Bruno, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, para 4 de março de 2013. O julgamento de Bola e Dayanne já havia sido desmembrado.
— Não obstante haver claras evidências de manobra, por outro lado também é verdade que o documento que foi apresentado a mim foi de substabelecimento. Estou acolhendo o pedido da defesa para conceder ao advogado prazo para o conhecimento do processo — justificou a juíza.
Com a decisão da juíza de desmembrar o processo, o julgamento, que começou na segunda-feira com cinco réus, continua com apenas com dois: Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada de Bruno. O goleiro foi liberado e levado de volta para o Presídio Nelson Hungria. A decisão foi tomada depois que o advogado principal de Bruno, Francisco Simim, renunciou ao posto de defensor de goleiro. Simim apresentou um documento no júri chamado substabelecimento, sem reserva de poderes, para que o advogado Lúcio Adolfo da Silva assuma a defesa em seu lugar. Ao assumir a função, Lúcio disse que não há manobra, e que é seu direito constitucional exercer a defesa de Bruno.
— Não é manobra, meu interesse é participar da melhor forma, com lealdade. Nós temos esperança que se faça Justiça. Vocês acham que nesse ambiente tenso é possível fazer um julgamento isento? — afirmou o defensor do goleiro.
Já o promotor Henry de Castro acusou os advogados atentarem contra quem quer trabalhar. — Algumas das defesas, sob a capa da astúcia e da bravata, só manobram — disse o promotor. Para ele, não haveria necessidade de adiar o júri, já que Francisco Simim apresentou um documento para dar poderes ao advogado Lúcio Adolfo da Silva. Henry de Castro salientou ainda que o Estatuto da Advocacia dispõe que o advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes, a representar o mandante. O promotor lembrou que o réu tem outros dois defensores. Um deles é Tiago Lenoir, que entrou na defesa do goleiro Bruno com a saída de Rui Pimenta. Os dois manifestaram oralmente adesão ao substabelecimento formalizado por Francisco Simim, e há ainda um quarto defensor regularmente constituído, que não está no plenário.
Com a saída dos advogados Francisco Simim e Tiago Lenoir (que havia entrado quando Rui Pimenta foi dispensado), Bruno agora é defendido Lucio Adolfo da Silva e Antonio da Costa Rolim. Por volta das 10h, a sessão chegou a ser interrompida, pois o promotor Henry de Castro teve de sair do plenário em diligência para ver os aparelhos celulares apreendidos com testemunhas de defesa. O julgamento foi retomado por volta das 11h30m, com o depoimento de Sônia de Fátima da Silva Moura, mãe da vítima Eliza Samúdio. Ela foi arrolada pela defesa de Macarrão. O corréu Elenilson Vítor da Silva também foi dispensado.
Muito emocionada, Sônia disse que não perdoaria Bruno. Ela começou a chorar logo no início do depoimento, quando a juíza Marixa Fabiane Rodrigues iniciou a leitura do depoimento que prestou à polícia. Ao responder perguntas do advogado de Macarrão, ela traçou o perfil de sua filha. Disse que Eliza era muito calma, contida, mas reagia com indignação diante de injustiças:
— Ela sonhava em ser modelo.
Para a juíza Marixa, Sônia de Fátima afirmou que não sabia que sua filha namorava o goleiro Bruno. Ela afirmou que, na época, mantinha contato com a filha por telefone. Sônia disse que tomou conhecimento do desaparecimento da filha pela imprensa, e não teve contato com as amigas de Eliza:
— Ela sempre falava para mim em relação ao filho. Ela falou que se tivesse um filho mataria e morreria pelo filho e jamais o deixaria para trás.
A mãe de Elisa contou que, mesmo após desaparecimento da modelo, não teve contato com a família de Bruno:
— Não existe qualquer contato, qualquer ajuda da família de Bruno. Tenho sustentado o Bruninho com o trabalho da minha família, com a ajuda do meu esposo de familiares.
A sessão desta quarta-feira começou com meia hora de atraso, às 9h36m. Logo na abertura do terceiro dia de julgamento, a juíza Marixa Rodrigues informou que recebeu o boletim de ocorrência sobre o caso. A denúncia de quebra de incomunicabilidade das seis testemunhas chegou ao conhecimento da Promotoria nesta terça-feira. Entre as testemunhas, segundo o promotor Henry Wagner Vasconcelos, estava falando ao celular Elenilson Vitor da Silva, ex-caseiro do sítio do goleiro, que responde ao processo em liberdade. A ocorrência sobre o caso foi registrada em uma delegacia local. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues decidirá nesta quarta-feira se o julgamento será cancelado ou não. A expectativa é que a juíza dispense cinco testemunhas acusadas de usar o celular no hotel onde estão reclusas.
A plateia tem menos jornalistas e nenhum estudante de direito. Apenas alguns advogados aguardam o início do julgamento. Metade do plenário está vazio.
Defesa do goleiro Bruno tenta manobras desde o início do júri
O goleiro Bruno já havia tentado adiar o júri nesta terça-feira, quando destituiu o advogado Rui Pimenta da defesa. Com a saída de Pimenta, o criminalista Tiago Lenoir, entrou no caso. No entanto, ele alegou que estava “reforçando” a equipe de defesa do goleiro. Lenoir foi substabelecido pelo advogado Francisco Simim, que até então representava o réu. Ao sair do Tribunal do Júri, o advogado Tiago Lenoir gerou polêmica com frases postadas em um perfil no Twitter com seu nome. Na rede social, ele disse que apostou uma caixa de cerveja na condenação de Bruno. Em seu perfil nesta segunda-feira, Lenoir sugeriu que Bruno e Macarrão confessassem o crime.
A saída de Rui Pimenta foi uma decisão do próprio goleiro Bruno, que o destitui logo pela manhã. Após conversar reservadamente com seus defensores, Bruno pediu para a juíza Marixa Rodrigues, que preside o júri, um tempo para arrumar outro advogado. Ele alegou estar inseguro e pediu desculpas.
— O senhor ficaria chateado se parasse de advogar para mim? — disse Bruno a Pimenta.
O advogado respondeu que não: — O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia. Fui pego de surpresa. Vou torcer para que ele seja absolvido. Ele acrescentou que Bruno chegou a pedir que ele entrasse com um pedido de habeas corpus, o que já havia sido combinado com o réu.
A magistrada, por sua vez, foi incisiva e avisou que o julgamento iria continuar, pois o jogador ainda contava com o advogado Francisco Simim. No entanto, Bruno recusou a defesa de Simim, porque, segundo ele, isso prejudicaria sua ex-mulher Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que também é representada por ele. Mas a juíza Marixa Rodrigues negou o pedido de Bruno para também destituir Simim.
Para conter a manobra do goleiro, a juíza, então, acabou decidindo desmembrar o processo, atendendo ao pedido da Promotoria. Com isso, Dayanne foi dispensada e será julgada juntamente com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em data a definir. As testemunhas da ré também foram liberadas pela magistrada.
A mesma estratégia de protelar o julgamento foi usada no primeiro dia do julgamento pelos advogados que atuavam na defesa do ex-policial Marcos Aparecido. Um deles retirou a beca e abandonou a sala de audiência. A atitude levou a juíza a adiar o julgamento. Mas nesta terça-feira, ela estipulou multa aos advogados pela medida, considerada "injustificada". O valor é de R$ 18.660 para cada um dos defensores, o equivalente a 30 salários mínimos. Somados, eles terão que pagar R$ 55.980 em até 20 dias, de acordo com a decisão de Marixa Fabiane Lopes. Os advogados do ex-policial são Ércio Quaresma, Zanone de Oliveira Júnior e Fernando Magalhães.
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