sexta-feira, 16 de outubro de 2015

ECONOMIA: Economia encolheu 0,76% em agosto, diz Banco Central

OGLOBO.COM.BR
POR GABRIELA VALENTE

É o terceiro mês seguido de contração do IBC-Br, divulgado nesta sexta-feira
BRASÍLIA - A retração da economia brasileira é maior que a esperada pelos analistas. A atividade caiu 0,76% em agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira, o terceiro mês seguido de queda. A expectativa dos economistas do mercado financeiro era de baixa de 0,6% do Índice de Atividade Econômica da autoridade monetária (IBC-Br) no mês. O indicador entrou numa trajetória de queda desde o início do ano passado. Esse movimento ficou mais acelerado neste ano. Agora, o índice chegou ao menor patamar desde março de 2012.
Nas contas dos técnicos da autarquia, o IBC-Br de agosto foi de 140,01 pontos. Esse é o desempenho da economia na metodologia criada pelo Banco Central. Esse número já foi muito maior. Chegou a 148,98 pontos em junho de 2013. A partir daquele mês, a economia passou a sentir os impactos do processo político: as manifestações de rua contra a corrupção arrefeceram a atividade econômica. Em novembro do ano passado, quando o desempenho já era de 146,92 pontos, a retração ficou mais forte.
Neste ano, a economia cresceu somente em fevereiro e maio pelos cálculos do BC. A expectativa do mercado financeiro para este ano é de uma retração de cerca de 3%. Nas contas do BC, a queda é de 3,01% no acumulado nos oito meses e de 2,28% nos últimos 12 meses.
Diante desse cenário, o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, revisou sua projeção para o PIB no terceiro trimestre para recuo de 1,1% sobre os três meses anteriores, contra retração de 0,6% prevista antes.
"Nossa projeção seria consistente com contração de 3% do PIB em 2015, seguido de outra contração de 0,8% em 2016", destacou ele, em relatório.
Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, afirmou em relatório nesta sexta-feira que o recuo de 0,76% do IBC-Br reforça a expectativa de que o PIB tenha registrado contração de 1,1% no terceiro trimestre.
A economia brasileira entrou em recessão técnica no segundo trimestre, quando encolheu 1,9% sobre os três meses anteriores. A retração em agosto era aguardada por causa de indicadores ruins de praticamente todos os setores. O impacto da crise econômica chegou até ao setor de serviços.
Ontem, o IBGE divulgou que o faturamento do setor teve uma queda real de 3,5%, ou seja, mesmo descontada a inflação, a receita encolheu em agosto frente a igual mês do ano anterior. Com a renda corroída pela inflação e com medo da alta do desemprego, as famílias diminuíram os gastos. Foi o terceiro resultado negativo para o setor de serviços, que teve o pior agosto da série histórica, iniciada em 2012. A contração acumulada no ano é de 2,6%.
JUROS PIORAM QUADRO
Já a produção industrial encolheu 1,2% em agosto frente a julho: também a terceira queda mensal seguida. Mesmo no campo negativo, o resultado veio melhor do que o esperado pelos economistas, que projetavam queda de 1,6%. O desempenho acumulado no ano é de uma retração de 6,9%.
No entanto, o comércio teve um desempenho pior que o esperado no mês. Os analistas apostavam em 0,6%, mas as vendas do comércio caíram 0,9% no país em agosto, frente ao mês de julho. O varejo apresenta taxas negativas desde o mês de fevereiro. Apenas em 2015, a queda acumulada do varejo é de 3%.
A tendência é que o quadro fique ainda mais frágil por causa das altas taxas de juros, condições de financiamento desfavoráveis (os bancos estão mais exigentes), inflação alta e deterioração significativa do mercado de trabalho.
Na opinião de Alberto Ramos, do Goldman Sachs, os "ventos contrários para a economia brasileira" contam a crise da indústria, tarifas públicas mais elevadas, alta de impostos, altos níveis de endividamento das famílias, fraca demanda externa, preços baixos das matérias-primas, incerteza política e consumidores e empresas extremamente deprimidos e sem confiança.
"No lado positivo, uma taxa de câmbio mais competitiva e fracas condições da procura interna deverá gradualmente elevar a contribuição das exportações líquidas para o crescimento e fornecer um piso para a contração esperada de PIB real em 2015", pondera o analista.
DIFERENÇAS NA METODOLOGIA
O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses. Tanto o IBC-Br quanto o PIB são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia.
O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).
Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.

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