quinta-feira, 10 de setembro de 2015

ECONOMIA: Dólar chega a passar de R$ 3,90 após Brasil ser rebaixado; Petrobras registra queda de 5%

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

BC reforça atuação no câmbio; indicador de risco do Brasil dispara mais de 14% e supera o da Rússia

RIO - O dólar comercial opera em forte alta de 1,76% nesta quinta-feira, um dia após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) ter cortado a nota de crédito do Brasil, fazendo-o perder seu grau de investimento — espécie de selo de bom pagador. A divisa americana está cotada a R$ 3,864 para compra e a R$ 3,866 para venda. Na máxima da sessão, porém, a moeda saltou mais de 2,6% e chegou a R$ 3,908. Após a abertura da sessão, o Banco Central anunciou que fará hoje operação que visa a conter a alta da moeda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por sua vez, registra queda de 2,25%, aos 45.604 pontos, com fortes quedas de Petrobras e dos bancos.
As ações da petrolífera recuam 3,92% (ON, com voto, a R$ 9,30) e 5,12% (PN, sem voto, a R$ 7,96). Antes da Bolsa brasileira abrir, os Depositary Receipts da Petrobras em Frankfurt — recibos de ações da estatal negociados na Bolsa alemã — chegaram a cair 13,9%, de € 4,70 a € 4,05. Os bancos listados em Bolsa caem todos mais de 3%.
O BC voltará a fazer hoje a venda de dólares com compromisso de recompra, assim como fez na terça-feira. Será a segunda vez no ano que a autoridade monetária promove os chamados leilão de linha. Hoje, será ofertado US$ 1,5 bilhão em dois leilões, um com vencimento em 4 janeiro e outros, em 4 abril. Nessas datas, os bancos que participarem do leilão deverão devolver o montante emprestado acrescido de uma taxa de juros.
A nota do Brasil pela S&P foi de “BBB-” para “BB+” menos de dois meses após a agência revisar a perspectiva do Brasil para negativa. Pesou para a decisão a proposta orçamentária do Planalto para 2016. O cenário econômico levou a entidade a colocar o rating em perspectiva negativa, o que aponta a possibilidade de novo rebaixamento nos próximos meses.
Na noite de ontem, em entrevista ao “Jornal da Globo”, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a nota da S&P “é apenas uma avaliação se a gente está olhando com seriedade para isso. Se a sociedade, o Congresso, o governo estão entendendo a seriedade de ter equilíbrio fiscal, é necessário para o Brasil ter a confiança das pessoas”.
Levy afirmou que a população está preparada e vai entender se precisar pagar mais impostos para o país voltar a crescer e criar empregos. Na visão de Levy, está ficando cada vez mais claro para as pessoas que é preciso fazer escolhas que não são fáceis para o país chegar ao equilíbrio fiscal e crescer. O ministro disse que assumiu o cargo com o objetivo de fazer com que Brasil readquirisse o equilíbrio fiscal, “porque é essencial para a gente poder crescer”.
BANCO PREVÊ DÓLAR A R$ 4,40 EM DOIS MESES
“Apesar do seu reconhecido talento, capacidade e dedicação, o ministro Levy perdeu uma batalha importante (embora, na nossa avaliação, a fracasso em preservar o grau de investimento não deva ser vista como uma derrota pessoal ou como falta de comprometimento) e o mercado provavelmente começará a levantar a questão sobre se os desafios à consolidação fiscal podem ser superados com a estratégia atual”, escreveu em relatório o economista Alberto Ramos, do banco americano Goldman Sachs em Nova York.
Também em relatório, o estrategista Bernd Berg do banco Société Générale prevê que a desvalorização do real deve se acelerar após Brasil perder o grau de investimento. Após o rebaixamento, o banco passou a prever que o dólar estará valendo R$ 4,40 daqui a dois meses, em vez da projeção anterior de R$ 4.
SEGURO CONTRA CALOTE DÁ SALTO
O risco associado ao Brasil, medido pelo CDS (Credit Default Swap, na sigla em inglês, uma espécie de seguro contra calote), chegou a disparar 14,5% nesta quinta-feira. O contrato com prazo de cinco anos, em dólar, fechara ontem em 374 pontos centesimais e, hoje, atingiu os 428 pontos nos primeiros minutos de negociação. Agora, sobe 7,5%, a 402 pontos.
O CDS de cinco anos da da Rússia, que também não possui mais grau de investimento e ainda é alvo de um embargo econômico, está em de 375 pontos.

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