Daniel Haidar
Mas operam com grande risco e só aceitam quem tenha pelo menos R$ 300 mil investidos
RIO — Fundos de ações para investidores mais endinheirados ou pessoas jurídicas ofereceram rendimento de até 57,60% neste ano (até julho) segundo levantamento do site www.comdinheiro.com.br. No mesmo período, a caderneta de poupança rendeu 3,31%, fundos de ações livres renderam em média 6,83% e o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, acumulou perda de 1,16%. Esses fundos correm mais risco de perdas e, além de aplicar em ações, também recorrem a derivativos de juros e opções de ações. Só aceitam dinheiro de investidores qualificados, ou seja, que comprovem ter aplicados pelo menos R$ 300 mil em quaisquer produtos do mercado financeiro.
O fundo Total Return da gestora paulista Advis Investimentos teve o maior
ganho da categoria em 2012, com rendimento acumulado de 57,60% para os cotistas
entre o fim do ano passado e o fim de julho deste ano. Mas fechou
temporariamente a captação de novos cotistas na última segunda- feira e diz que
só voltará a aceitar novos investidores em alguns meses. Antes disso,
interessados precisavam aplicar pelo menos R$ 20 mil para entrar no fundo, além,
claro, de ter comprovado que são investidores qualificados.
— A lógica do mercado é que se crescer muito, pode perder agilidade. Nós
estamos longe de perder a agilidade. Mas queremos mostrar que conseguimos manter
o padrão de rentabilidade com o patrimônio que temos — explica Júlio Marote,
sócio-responsável pela gestão de ações na Advis.
Para chegar a esse rendimento, o Advis Total Return apostou no primeiro
semestre na queda das ações da siderúrgica Usiminas e na redução da taxa básica
de juros da economia (Selic), o que de fato aconteceu. Também selecionou ações
como Anhanguera ON e Cemig ON, que subiram respectivamente 45,04% e 58,88% até o
fim de julho.
— Ações de fornecedoras de commodities (mercadorias negociadas
internacionalmente) tiveram destaque negativo e só apostamos na queda delas, o
que fez muita diferença. Conseguimos escolher empresas que tinham mesmo
potencial de valorização — diz Marote.
Com investimento mínimo de R$ 300 mil para novos cotistas, o fundo de ações
da gestora Brasil Capital rendeu 35,49% até o fim de julho. Os ganhos vieram da
valorização de ações mais ligadas ao setor doméstico, porque apostaram no início
do ano que a economia iria desacelerar no primeiro semestre. Foi o que de fato
ocorreu.
— Acabamos priorizando neste ano empresas ligadas aos setores de educação,
infraestrutura e saúde, como Brasil Pharma e Hypermarcas — afirma Ary Zanetta,
sócio-gestor da Brasil Capital.
Outro fundo para clientes mais abastados, que rendeu 31,52% até o fim de
julho, foi o Vinci Gas Lotus, da gestora Vinci Partners, de Gilberto Sayão,
ex-sócio do banco Pactual. Para entrar no fundo, é preciso aportar pelo menos R$
100 mil. Mario Campos, gestor de renda variável da Vinci, diz que antes de fazer
um investimento é aceitável divergir do consenso do mercado e confiar em
análises próprias.
— Teve ação que caiu mais de 10% depois que compramos. Não investimos na
Bolsa, mas em boas empresas — diz Campos.
Mas, claro, como sempre advertem as boas gestoras, ganho passado não é
garantia de rendimento futuro. Sandra Blanco, consultora de investimentos da
Órama, lembra que o investidor não deve se basear somente na rentabilidade ao
decidir aplicar recursos. Os interessados devem pesquisar o histórico de
rentabilidade dos fundos e a estratégia dos gestores.
— Mesmo com ganho elevado, ação sempre tem risco. Se acontecer algo grave na
Europa, a boa rentabilidade pode ir embora. Tem muita gente que fica perseguindo
as estrelas e está sempre no lugar errado — diz Sandra, especialista em
pesquisar fundos de investimento.
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