terça-feira, 5 de outubro de 2010

MERCADO FINANCEIRO: Mesmo com imposto maior, dólar cai 1% e tem menor cotação em dois anos

Do UOL
Da Redação, em São Paulo
O dólar comercial fechou em queda de 1%, nesta terça-feira (5), a R$ 1,675 na venda, mesmo após o governo elevar o imposto sobre investimento externo em renda fixa. Esta é a menor cotação da moeda norte americana desde o dia 2 de setembro de 2008, quando valia R$ 1,663. No ano, o dólar tem desvalorização de 3,90%
A Bovespa fechou em alta de 1,28%, aos 71.283,11 pontos. Foi a primeira vez que Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) fechou acima dos 71 mil pontos desde o dia 14 de abril.
O Banco Central (BC) fez duas operações ao longo do dia na tentativa de evitar uma queda ainda maior da moeda. Na primeira intervenção, o BC comprou moeda a R$ 1,682. Na segunda operação, a taxa de corte foi de R$ 1,675.
Notícias no mercado externo derrubaram a cotação da moeda americana, ofuscando o aumento do imposto sobre o capital estrangeiro no Brasil. Na noite de segunda-feira, em uma tentativa de frear a entrada de capital estrangeiro no país, o governo elevou o imposto sobre investimento externo em renda fixa de 2% para 4%.
"O mercado vê (o aumento do IOF) como inócuo diante do cenário externo", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets.
A tomada de crédito no exterior para aplicação no Brasil ficou ainda mais barata com o corte do juro básico no Japão a uma faixa entre zero e 0,1%, o nível mais baixo desde 2006, anunciado nesta terça. A medida, que surpreendeu o mercado, aumentou a expectativa por um anúncio de novos estímulos também nos Estados Unidos.
O presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, disse ao Wall Street Journal que é favorável a "muito mais" estímulos à economia para combater o desemprego. Na véspera, o chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, já havia dito que a expansão das compras de ativos pelo banco central poderia ajudar a fomentar o crescimento da economia.
"Enquanto a liquidez global seguir alta, os preços das commodities continuarem a subir e algumas taxas de câmbio em países avançados permanecerem em queda, o mercado vai continuar a pressionar o real para cima", avaliam Paulo Leme e Luis Cezario, economistas do banco Goldman Sachs.
Mantega pede paciência
Questionado por jornalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que é preciso esperar para que o aumento do IOF atue sobre a taxa de câmbio. "Às vezes você tem que tomar antibiótico por uma semana para que tenha efeito."
Ele acrescentou que o problema cambial não está restrito ao Brasil. A intervenção de governos em todo o mundo contra a valorização de suas moedas deve ser discutida no final desta semana em reunião de líderes econômicos que contará com a participação brasileira.
De acordo com Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, o aumento do IOF tende de fato a reduzir a atratividade de investimentos de curto prazo no país. "O percentual definido reduz bruscamente o rendimento em um ano", afirmou.
Dados do Banco Central mostram que o investimento estrangeiro em títulos de renda fixa de curto prazo no país foi de US$ 1,027 bilhão entre janeiro e agosto, mais que o dobro do verificado em todo o ano passado.
Mas o próprio Tesouro Nacional reconhece que a maior parte dos investimentos estrangeiros está concentrada em títulos de longo prazo. De acordo com dados do BC, papéis de médio e longo prazos receberam US$ 10,953 bilhões até agosto deste ano, ante US$ 9,678 bilhões em todo o ano passado.
Segundo cálculos da Safra Corretora, o aumento do IOF altera muito pouco a rentabilidade anual de um título com vencimento em 2017, de 11,34% a 10,97%o --ainda muito acima dos juros pagos por papéis em economias desenvolvidas.
Novas medidas?
Com a indiferença do dólar ao aumento do IOF, analistas já imaginam que o governo pode adotar outras medidas para fazer frente à valorização do real.
Segundo Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas, entre as opções estão um novo aumento do IOF, extensão da nova alíquota para o mercado acionário, adoção de algum tipo de quarentena, reforço da intervenção do Banco Central no mercado, que atualmente faz dois leilões de compra de dólar por dia, ou compra de dólares por meio do Fundo Soberano.
No mês passado, a incerteza sobre as possíveis medidas do governo no câmbio ajudou a manter a taxa acima de R$ 1,70 por algumas semanas, mesmo com a entrada expressiva de recursos por causa da oferta de ações da Petrobras.
Ainda assim, aponta Carvalho, "suspeitamos que os fundamentos (tanto no mundo quanto no Brasil) vão orientar a tendência do dólar ao longo do tempo."

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