sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ARTIGO: Novamente, o presidente superestimou seu poder

Do POLÍTICA LIVRE

Por José Casado (O Globo)

Na política, jogar parado é arte. Getúlio Vargas passou à História como mestre, e Tancredo Neves como um de seus melhores discípulos. Lula gasta tempo tentando superá-los, acreditando que pode mais.
Durante uma semana o presidente da República assistiu quase impassível à evolução do caso Erenice Guerra.
Apostou que a algazarra na Casa Civil seria encoberta pelo fragor das habituais salvas de “tiros” na campanha eleitoral. Perdeu logo nas primeiras 48 horas, quando ficou evidente que a mulher de confiança (e sucessora por ela indicada) de Dilma Rousseff arrastava o governo e sua candidata para um abismo político na reta final da eleição presidencial.
Na segunda-feira, o presidente dobrou a aposta, sob o coro entusiasmado de assessores — a maioria disposta ao fervor na crença da infalibilidade de Lula, especialmente depois da destreza demonstrada na construção da candidatura Dilma.
Perdeu, outra vez, quando, em desastrada nota oficial — com papel e selo do governo —, a ministra abraçou-o, junto com a candidata, e se lançou ao abismo deixando um rastro de suspeitas de desgoverno e corrupção.
Como nas crises anteriores, Lula superestimou seu poder para administrar prejuízos e conduzir plateias com manobras retóricas.
É futurologia achar que a percepção de desgoverno e corrupção vai se espraiar para além da classe média e mudar as chances de Dilma Rousseff no primeiro turno.
Talvez um dia Lula perceba que um presidente pode quase tudo, a exemplo de Getúlio Vargas. Mas, como mostra a História do getulismo, um presidente nunca pode tudo.
Mesmo quando ele assina Luiz Inácio Lula da Silva.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |