terça-feira, 14 de outubro de 2014

CORRUPÇÃO: PF intima 12 empresas acusadas por doleiro de pagar propinas para vencer licitações na Petrobras

OGLOBO.COM.BR
POR CLEIDE CARVALHO

Somadas, elas depositaram R$ 33,5 milhões nas contas de empresas que, segundo Youssef, eram usadas apenas para emissão de notas frias
SÃO PAULO - A Polícia Federal intimou doze empresas a prestarem esclarecimentos sobre depósitos efetuados em empresas de fachada utilizadas pelo doleiro Alberto Youssef para lavagem de dinheiro de desvios da Petrobras. Somadas, essas empresas depositaram R$ 33,5 milhões nas contas de quatro empresas que, segundo o doleiro, eram usadas apenas para emissão de notas frias que justificassem o repasse para os partidos políticos - PT, PMDB e PP. Entre as intimadas estão algumas das maiores empreiteiras do país e fornecedoras da estatal, como o Consórcio Mendes Junior/MPE; o consórcio Rnest, capitaneado pela Engevix; duas empresas do grupo OAS, a Galvão Engenharia, o consórcio Sehab e a Coesa Engenharia. Também fazem parte da lista as empresas Treviso, Piemonte e Jaraguá Equipamentos Industriais, cujos nomes também aparecem na lista de depositantes.
De acordo com as investigações, a GFD Investimentos recebeu R$ 18,5 milhões das empresas Piemonte Empreendimentos, que percente a um dos sócios do grupo MPE, (R$ 8,5 milhões), Treviso Empreendimentos (R$ 4,4 milhões), R$ 5,5 milhões do consórcio Mendes Junior/MPE e da Mendes Jr Trading. A MO Consultoria foi a destinatária do restante, com depósitos da Investminas Participações (R$ 4,3 milhões), Consórcio Rnest (R$ 3,260 milhões), Jaraguá Equipamentos (R$ 1,941 milhão), Galvão Engenharia (R$ 1,530 milhão), Construtora OAS (R$ 619,4 mil), OAS Engenharia e Participações (R$ 563 mil), Coesa Engenharia (R$ 435 mil) e Consórcio Sehab (R$ 431 mil).
Todas as empresas deverão anexar a documentação referente aos pagamentos. Para a Justiça Federal, elas terão oportunidade de esclarecer se os pagamentos tiveram "causa lícita" e, inclusive, colaborar com as investigações, uma vez que várias já manifestaram intenção de prestar informações sobre o esquema de desvio de recursos de obras da Petrobras.
Acusadas de formação de cartel pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro, as fornecedoras da Petrobras deverão também ser alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a exemplo das fornecedoras do Metrô, que foram acusadas pela alemã Siemens de atuar em cartel.
O Cade informou ao GLOBO nesta segunda-feira que a Procuradoria Geral do órgão já pediu acesso aos depoimentos e documentos relativos a indícios de cartel e que a abertura da investigação deverá ser feita pela Superintendência Geral do Cade. O compartilhamento de provas, que estão dispersos em vários processos abertos em decorrência da Operação Lava Jato, deverá seguir trâmite específico. Na Justiça, as empresas terão de se manifestar em processos criminais abertos para investigar evasão de divisas e lavagem de dinheiro. No Cade, o processo é administrativo para apurar se as empresas cometeram infração à ordem econômica.
Veja a lista de depósitos e empresas:
- depósitos de R$ 8.530.918,57 na conta da GFD Investimentos por parte da empresa Piemonte Empreendimentos Ltda.;
- depósitos de R$ 4.400.000,00 na conta da GFD Investimentos por parte da empresa Treviso Empreendimentos Ltda.;
- depósitos de R$ 2.533.950,00 na conta da GFD Investimentos por parte de Consórcio Mendes Júnior MPE SE;
- depósitos de R$ 3.021.970,00 na conta da GFD Investimentos por parte de Mendes Jr. Trading E Engenharia;
- depósitos de R$ 4.317.100,00 na conta da MO Consultoria por parte de Investminas Participações S/A;
- depósitos de R$ 3.260.349,00 na conta da MO Consultoria por parte de Consórcio RNEST O. C. Edificações, capitaneado pela empresa Engevix Engenharia S/A;
- depósitos de R$ 1.941.944,24 na conta da MO Consultoria por parte de Jaraguá Equipamentos Industriais;
- depósitos de R$ 1.530.158,56 na conta da MO Consultoria por parte de Galvão Engenharia S/A;
- depósitos de R$ 619.410,00 na conta da MO Consultoria por parte de Construtora OAS Ltda.;
- depósitos de R$ 563.100,00 na conta da MO Consultoria por parte da OAS Engenharia e Participações S/A;
- depósitos de R$ 435.509,72 na conta da MO Consultoria por parte da Coesa Engenharia Ltda.; e
- depósitos de R$ 431.710,00 na conta da MO Consultoria por parte de Consórcio SEHAB.

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