Da FOLHA.COM
CATIA SEABRA, DE BRASÍLIA
Um dia depois de ser condenado pelos crimes de corrupção e peculato (desvio
de recursos públicos) no julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal
Federal), o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) avisou a amigos que
anunciará, dentro de algumas horas, a retirada de sua candidatura à Prefeitura
de Osasco.
Aliados chegaram a sugerir que resistisse por mais um dia, mas, admitindo-se
abalado com a decisão do STF, João Paulo disse que não resistirá à pressão para
que seja substituído pelo vice de sua chapa, Jorge Lapas (PT).
Gabo Morales -24.ago.2012/Folhapress |
O candidato a prefeito de Osasco João Paulo Cunha em campanha na Vila Menk na semana passada |
Numa reunião na noite de ontem, o núcleo de sua campanha concluiu que João
Paulo deve ser poupado de constrangimento público. Há ainda expectativa de que
Lapas -- indicado pelo prefeito Emídio de Souza (PT)-- consiga chegar ao segundo
turno.
Por 8 votos a 2, a maioria dos ministros do Supremo votou por condenar João
Paulo. O petista é acusado de receber R$ 50 mil para beneficiar agência do
empresário Marcos Valério em contrato com a Câmara na época em que presidia a
Casa (2003-2004).
Ainda falta um voto, do ministro Carlos Ayres Britto, mas, a não ser que
algum dos ministros mude seu voto, a condenação já está definida.
O voto que definiu maioria pela condenação foi proferido pelo ministro Gilmar
Mendes, oitavo a votar sobre o caso no julgamento do mensalão.
Também votaram pela condenação Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Cezar
Peluso, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, além do relator, Joaquim Barbosa. O
ministro Dias Toffoli seguiu a decisão do revisor, Ricardo Lewandowski, pela
absolvição. Apenas o presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, ainda não
votou.
O ministro José Antonio Dias Toffoli seguiu a decisão do revisor, Ricardo
Lewandowski, pela absolvição.
A maioria dos ministros inocentou o petista da acusação de peculato pela
contratação de um assessor quando presidente da Câmara. A acusação sustenta que
houve desvio de dinheiro público, já que a contratação serviu para assessoria
pessoal dele.
Quanto à acusação de lavagem de dinheiro contra o petista, os ministros estão
divididos e será definida no voto do presidente. Votaram pela condenação neste
ponto Celso de Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Carmén Lúcia e Joaquim Barbosa.
Avaliam que o fato de João Paulo mandar a mulher receber os R$ 50 mil em uma
agência do Banco Rural foi para ocultar a movimentação financeira.
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