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Gabriela Valente
Gabriela Valente
Taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida em 0,5
ponto percentual
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Um ano após ter iniciado uma sequência de cortes na
taxa básica de juros, o Banco Central (BC) fez nesta quarta-feira mais uma
redução na Selic, de 8% para 7,5% ao ano, mas avisou que esse ciclo chegou ao
fim e indicou que, se houver uma nova redução, será feita com a “máxima
parcimônia”. A justificativa é que os estímulos do governo para impulsionar o
crescimento têm recuperado o nível de atividade no Brasil. Com essa decisão
unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic caiu ao menor patamar
de todos os tempos, como previam os economistas.
“Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política
implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da
atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a
comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá
ser conduzido com a máxima parcimônia”, disse o BC.
A expressão foi entendida pelos analistas do mercado financeiro como uma
brecha para que um corte menor, de apenas de 0,25 ponto percentual.
— Eles estão confiantes de que os estímulos fiscais e monetários estão
surtindo efeito e 2013 será melhor — disse o economista-chefe da corretora
Votorantim, Roberto Padovani.
Se houver outro corte, a Selic chegaria ao piso histórico de 7,25% ao ano,
patamar esperado pela maioria dos analistas, segundo pesquisa semanal do BC. Mas
há quem tenha cenários mais audaciosos. O economista-chefe da corretora Gradual,
André Perfeito, por exemplo, acredita que pode haver cortes até o patamar de 7%
ao ano. Segundo Perfeito, a pressão sobre a inflação deve ser aliviada em breve,
abrindo espaço para a atuação do BC:
— A queda de arrecadação amarrou as mãos do Palácio do Planalto e jogou toda
a responsabilidade de fazer o Brasil crescer no colo do BC.
O mercado projeta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano em
5,19%, acima do centro da meta (4,5%), mas na margem de tolerância de dois
pontos percentuais. Mas espera-se crescimento de 1,73% em 2012, longe dos 3%
previstos pelo governo.
Força Sindical elogia decisão
Com o corte de ontem, o Brasil recuou da terceira para a quinta posição no
ranking dos juros mais altos do mundo,no qual ficou no topo por muitos anos.
Projeção da Cruzeiro do Sul Corretora, considerando a inflação prevista para os
próximos 12 meses, mostra a taxa de juro real brasileira agora em 1,8%, atrás de
China (4,1%), Chile (2,4%), Austrália (2,3%) e Rússia (2,3%).
Segundo analistas, uma taxa real de juro menor deve reduzir a atratividade
dos investimentos de renda fixa (cuja base de cálculo é a Selic), sobretudo para
os estrangeiros. Além disso, deve aliviar as taxas dos empréstimos bancários, o
que não vem ocorrendo na velocidade esperada, afirmou o economista Jason Vieira,
responsável pelo levantamento da Cruzeiro do Sul.
Nos últimos 12 meses, período em que a Selic recuou de 12,5% para 7,5%, a
taxa média anual de juros cobrada dos consumidores (incluindo varejo e bancos)
caiu de 121,21% para 102,97% ao ano, segundo a Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias de
São Paulo (Fiesp) consideraram a decisão acertada e em sintonia com o cenário de
desaceleração da economia. Mas o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ressaltou que
isso ainda não basta para retomar o crescimento:
— Já estamos no segundo semestre e os efeitos da demora em reduzir juros
rapidamente estão batendo na nossa porta — disse Skaf.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que a decisão do Copom
mostra que o governo está no caminho certo “ao atender os apelos dos
trabalhadores”.
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