SÃO PAULO - A notícia de que a Grécia vai
realizar novas eleições trouxe de volta incertezas ao mercado financeiro
mundial, que havia dado uma trégua no início do dia. O dólar comercial voltou a
ser negociado a R$ 2 na manhã desta terça, após a abertura dos negócios. Na
máxima do dia, a divisa americana bateu em R$ 2,0050 e na mínima chegou a R$
1,9830. Por volta de 12h10m, a moeda americana subia 0,45%, sendo cotada a R$
1,9990 na venda e R$ 1,9970 na compra. O dólar turismo recua 0,46% nesta manhã,
cotado a R$ 2,1200 na venda e R$ 1,7100 na compra. O Ibovespa, principal índice
da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está oscilando e às 12h11m voltou a
cair. A desvalorização era de 0,31% aos 57.359 pontos. Na Europa, as Bolsas
subiam, mas passaram a cair com a indefinação política na Grécia.
Na segunda-feira, o Ibovespa caiu 3,2%, o menor nível do ano, no patamar de
57 mil pontos, e acumulou cinco quedas consecutivas. Nesta terça, as ações com
maior peso no Ibovespa operam sem tendência definida. Vale PNA sobe 1,84% a R$
38,05; Petrobras PN se valoriza 0,95% a R$ 19,09; OGX Petróleo ON, que divulgou
seu balanço trimestral hoje, cai 2,06% a R$ 12,79; Itaú Unibanco PN sobe 1,58% a
R$ 28,86 e PDG Realty, que também divulgou resultados trimestrais hoje, perde
4,66% a R$ 3,89.
A OGX Petróleo registrou prejuízo de R$ 144,8 milhões no trimestre. A PDG
teve um lucro líquido de R$ 32,5 milhões, contra uma previsão média de R$ 140
milhões do mercado. O número representa uma queda de 86% em relação ao mesmo
período do ano passado. A Rossi Residencial reportou lucro líquido de R$ 43,8
milhões no primeiro trimestre de 2012, menor do que o valor registrado ano
passado. O número representa uma queda de 44% em comparação com o mesmo período
de 2011, quando o lucro chegou a R$ 78,1 milhões.
Grécia: impasse político levará a novas eleições
Nesta terça, o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, admitiu o fracasso
nas conversas com líderes partidários para a formação de um governo de coalizão.
Segundo ele, o país realizará novas eleições, o que deve acontecer em junho. Mas
a Grécia decidiu pagar uma dívida de 450 milhões de euros que vence hoje e que
ficou fora do acordo de troca de bônus promovido pelo país em março. Um calote
num momento de instabilidade poderia provocar uma reação de pânico.
Também os especialistas debatem se seria melhor o país deixar a zona do euro.
Uma ala defende a permanência da grécia no bloco. Isso manteria o pacote de
ajuda financeira para Atenas, evitando um calote nos títulos públicos. Se a
Grécia abandonar o euro, é provável que a a ajuda financeira cesse e o país dê
um 'calote' nos títulos da dívida pública.
- A saída da Grécia da zona do euro assusta os mercados porque é um evento
novo. Não se sabe como a União Europeia vai reagir. Se o pacote de ajuda cessar,
um calote dos títulos gregos é certo. E bancos que detêm esses títulos podem
mergulahr numa crise - avalia Raphael Martello, economista da consultoria
Tendências.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia caiu 6,2% em ritmo anual no primeiro
trimestre de 2012, após uma queda de 7,5% no último trimestre de 2011. Para o
economista Sergio Vale, da MBA Associados, as consequências de uma provável
saída da Grécia da zona do euro seriam drásticas para a região, aprofundando a
recessão.
- Há uma problema político na Grécia e na Europa, em geral, com governos em
fim de mandato ou com pouca legitimidade. Há de fato o risco da Grécia chegar em
junho, querer renegociar o pacote de ajuda financeira e acabar tendo que sair do
bloco. As consquências mundiais serão bem ruins. Imediatamente os riscos de
Portugal, Irlanda e Espanha subirão e poderão tornar a dívida desses países
insolvente. Minha percepção é que o mercado tentará expulsar também estes países
da zona do euro. Para o Brasil isso significará um outro cenário, de recessão
aqui dentro, com inflação mais baixa e a janela de oportunidade para a Selic
cair ainda mais do que hoje - prevê o economista Sergio Vale.
Na Europa, as Bolsas que operavam em alta no início da manhã, inverteram o
sinal. Há pouco, o índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, caía 0,72%. O Cac, da
Bolsa de Paris, perdia 0,53%; o FTSE, do pregão de Londres, se desvalorizava
0,63% e o Eurostoxx, que reúne as principais blue chips da Europa, perdia 0,97%.
O Ibex, da Bolsa de Madri, também opera no negativo com perda de 0,72%. Nos EUA,
as Bolsas operam em alta. O Dow Jones sobe 0,17%; o Nasdaq tem alta de 0,58% e o
S&P 500 se valoriza 0,18%.
A notícia de que
o PIB da Alemanha cresceu 0,5% no primeiro trimestre, acima dos 0,1%
esperados pelo mercado animou os investidores pela manhã. O crescimento da
economia alemã evitou que a zona do euro entrasse em recessão nos três primeiros
meses do ano. A Comissão Europeia prevê que a economia nos 17 países que
utilizam o euro cresça apenas 0,3% este ano. O índice Dax, da Bolsa de
Frankfurt, sobe 0,45%. O Cac, da Bolsa de Paris, sobe 0,63%; o FTSE, do pregão
de Londres, ganha 0,09% e o Eurostoxx, que reúne as principais blue chips da
Europa, avança 0,45%. Apenas o Ibex, da Bolsa de Madri, opera no negativo com
perda de 0,31%.
Na França, o novo presidente François Hollande tomou posse e viaja a Berlim
para discutir as medidas de austeridade da região e fazer propostas de retomada
do crescimento para a primeira-ministra Angela Merkel. Hollande, um socialista,
defendeu em sua campanha ampliação do gasto público para a retomada do
crescimento econômico.
Na segunda-feira, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota
da dívida a longo prazo de 26 bancos italianos. Segundo a instituição, os
motivos da reclassificação foram a recessão italiana e o aumento desenfreado dos
níveis de dívidas. A decisão foi criticada por membros do setor bancário, que a
classificaram como irresponsável e desestabilizadora.
As Bolsas da Ásia fecharam sem tendência definida, refletindo as tensões na
Grécia e o crescimento do PIB alemão. No Bolsa de Hong Kong, o índice Hang Seng
subiu 0,8%. As Bolsas da China tiveram nova. O índice Xangai Composto recuou
0,3% e o índice Shenzhen Composto caiu 0,1%. A Bolsa de Tóquio, no Japão, fechou
no pior patamar em três meses, com baixa de 0,8%.
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