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POR DANIEL GULLINO
Delatores disseram ao MPF se reuniram com Ary Becher e Rafael Mattos por orientação do ex-governador
Policiais federais envolvidos na Operação Eficiência chegam com documentos à sede da PF. - Gabriel de Paiva / Agência O Globo
RIO — Os advogados do empresário Eike Batista e do ex-governador Sérgio Cabral orientaram os operadores Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar a mentir sobre um contrato fictício firmado entre uma empresa de Renato e uma companhia do dono da EBX. Segundo os irmãos Chebar, cujas delações serviram como base para a Operação Eficiência, realizada nesta quinta-feira, eles receberam a orientação dos advogados Ary Bergher e Rafael Mattos para manter uma versão falsa sobre o contrato, durante em uma reunião feita por orientação de Cabral, que temia que o contrato, utilizado para disfarçar um repasse de US$ 16,5 milhões de Eike, fosse descoberto.
Renato e Marcelo relataram que foram procurados em 2010 por Carlos Miranda e Wilson Carlos, apontados como operadores de Cabral, para viabilizar o recebimento de US$ 16,5 milhões de Eike Batista. A quantia seria referente a uma dívida que o empresário tinha com o então governador do Rio de Janeiro. Os irmãos relataram, contudo, não saber a origem do dinheiro de Eike.
Para realizar a operação, foi celebrado um contrato de fachada entre as empresas Arcádia Associados, de Renato, e a Centennial Asset Mining Fund LLC, de Eike. O motivo alegado foi a intermediação de compra e venda de uma mina de ouro do Grupo X.
Em 2015, no entanto, Cabral procurou Renato, por estar preocupado que a transação fosse descoberta, após um extrato bancário ter sido apreendido na casa de Eike. Nesse momento, os delatores foram orientados a procurar o advogado Ary Bergher.
Em ao menos duas reuniões na casa de Bergher, onde também estava presente Rafael Mattos, “os colaboradores foram chamados para que mantivessem a versão de que o contrato fictício teria de fato ocorrido”, de acordo com um trecho do depoimento, incluído no documento em que o MPF pede a prisão preventina de nove pessoas, e a condução coercitiva de outra quatro.
Trecho do pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público - Reprodução
Na primeira reuniao, participaram apenas Bergher e Mattos. Em outro encontro, também na casa do advogado, também estava presente Flávio Godinho, que foi foi preso nesta quinta-feira. Godinho teria tranquilizado os irmãos, e pedido para eles estudarem os detalhes da transação;
Bergher e Mattos, que são sócios, atuam tanto na defesa de Cabral como na de Eike. O GLOBO entrou em contato com o escritório dos dois, mas foi informado que eles não estavam presentes.
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